SUSTENTABILIDADE: O QUE É? Uma Questão de Educação
SUSTENTABILIDADE: O QUE É?
Uma Questão de Educação
Novas palavras surgem no decorrer da vida humana para justificar ou mesmo acrescentar significado a comportamentos novos diante de novos desafios humanos.
E essa palavra é “sustentabilidade”. – Será que depois de tanto tempo ouvindo falar sobre sustentabilidade, realmente temos a noção do que seja, e a importância que a ela se atribui?
Essa questão é o que permeia nossa proposta em apresentar a seguir um pouco do que pensamos a respeito do tema acima sinalizado.
Quando falamos ou ouvimos falar de sustentabilidade parece-nos que há uma definição muito própria sobre o assunto, e tais definições se particularizam em discursos e interesses específicos de determinados setores da sociedade.
Podemos exemplificar o dito acima, quando falamos em sustentabilidade econômica; sustentabilidade empresarial; sustentabilidade social, e tantos outros itens relacionados à sustentabilidade.
Também podemos relacionar à sustentabilidade aos comportamentos e desafios humanos diante de nossas necessidades de viver e sobreviver no mundo em que nos encontramos.
É justamente por viver em um mundo que nos fornece as possibilidades de sobrevivência nos mais variados contextos da vida humana, que nos interessa identificar o porquê de se falar tanto em sustentabilidade na atualidade.
É a partir dessa insistência, mesmo que minhas experiências em sala de aula ou mesmo nas escolas motivos de minhas vivencias educacionais não tenham materializado, efetivamente, momentos que me faça lembrar de ações direcionadas à questão de sustentabilidade, vejo-me imbuído do desejo de falar um pouco do que penso a respeito.
Para isso, vamos considerar sustentabilidade em seu aspecto geral, para então entendê-lo em seus aspectos específicos, relacionando-os à sustentabilidade econômica, sustentabilidade ambiental, e sustentabilidade social.
Quando pensamos a Terra como ambiente nosso de vida e sobrevivência, evidentemente, o pensamos como o local do qual tiramos os elementos necessários a nossa vida e ao bem estar social, nesse caso, procuramos preserva-lo adotando o conceito de sustentabilidade ambiental.
Vamos então pensar que para viver necessitamos consumir alimentos para o sustento do corpo; consumir vestuários para cobrir e também proteger o corpo, e tudo mais que seja necessário a nossa sobrevivência no planeta.
Nesse caso, ao produzir o necessário para a manutenção de nossa vida na terra, nos valemos do conceito de sustentabilidade econômica.
Para que possamos sobreviver, e isso é um fato incontestável, necessitamos retirar, plantar, modificar, e interagir com o ambiente em que vivemos de forma a nos manter como seres no contexto de sociedade. Neste contexto de vida em sociedade, nos valemos do conceito de sustentabilidade social.
Em face do exposto, é necessário considerar que a relação entre a dimensão ambiental e social, deve assegurar as condições de vida atual e futura.
Também podemos dizer da relação entre a dimensão ambiental e econômica, quando devemos equilibrar a atividade econômica com os danos ambientais que causamos ao planeta.
E não menos importante, é considerar a dimensão social e econômica, quando o que está em jogo é o respeito às diversidades socioculturais, e a redução das desigualdades sociais.
Assim, o planeta em que vivemos é alvo de nossa cobiça, pois é dele que advém a matéria prima responsável por tudo o que é produzido para atender a demanda de consumo. Deve-se lembrar de que tal consumo é exclusivamente destinado à manutenção da vida humana na terra.
Nós pagamos para viver e sobreviver no mundo, conforme um acordo tácito e próprio das organizações sociais, e o planeta paga, ou melhor, sofre, assim como nós, as consequências de nossa ação sobre ele.
É justamente nossa ação depredadora sobre o planeta que se tornou motivo de reflexão para se descobrir de que forma podemos produzir mais, e atender a demanda mundial de consumo, e ao mesmo tempo manter o planeta em condições de uso para as próximas gerações. É aí que surgiu o conceito de sustentabilidade.
Esse conceito dicionarizado, e situado no âmbito do contexto ecológico, social e econômico, define-se por constituir um “modelo de desenvolvimento que busca conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais, de modo a garantir seu atendimento por tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais”.
De outro modo, podemos situar nosso entendimento do que seja sustentabilidade, a partir do que diz (LIMA, 2003), quando nos fala de sustentabilidade sob a perspectiva de uma proposta em que há grande disputa social entre vários seguimentos da sociedade; interesses e entendimentos vários, para, dentro desse conflito, legitimar o conceito de sustentabilidade.
Tal entendimento busca dentro do conceito de discurso, no sentido empregado por Michael Foucault , delinear, a partir do surgimento do discurso de sustentabilidade, às implicações dele, em nossas vidas de leigos humanos.
Para o cidadão comum, o que reage às ações sociais do mundo, e não os que interagem; para aqueles, o mundo é o que é, e não há nada o que se possa fazer, quando não se está no topo do poder. Para estes que interpretam o mundo real, há sempre um meio de se educar o mundo nas questões sociais.
É no processo de educar o mundo que o discurso de sustentabilidade se inseriu como um instrumento a regular as ações sociais, dentro de uma conjuntura de sustentabilidade, de forma a atender às relações de poder.
Até aqui, fomentamos uma tese, que é por em dúvida a questão do conceito de sustentabilidade como sendo algo a regular as ações sociais para um determinado proposito dentro de um contexto das relações de poder.
O poder a que me refiro, é o exercido por entidades que fomentam o discurso de sustentabilidade como sendo uma verdade a assegurar a todos uma melhor condição de vida no planeta, e melhor condição de vida relaciona-se ao desenvolvimento econômico.
Como o discurso de sustentabilidade promove o entendimento contextualizado do que antes era compreendido como desenvolvimento econômico, parece-nos claro a ideia de sustentabilidade ser promovida inicialmente por países centrais do capitalismo, seja algo muito conveniente.
Tal concepção de sustentabilidade configura-se como um discurso, e a ideia de discurso não nos parecem algo ingênuo, está carregado de significados, e isso nos permite perguntar a quem interessa esse discurso, e a quem se destina o propósito dele?
Se concebermos o início do discurso de sustentabilidade, vamos nos deparar com o início do fomento à preservação de um ambiente já degradado pela ação do homem no contexto dos processos produtivos.
Essa promoção advinha de uma estratégia gestora em escala mundial, cujo propósito era fomentar a preservação ambiental de forma auspiciosa de um projeto desenvolvimentista.
O que de fato se desejava, “era um modelo de acumulação de riquezas onde o patrimônio natural passava a ser um bem. O apelo à humanidade e ao bem-estar dos povos era usado como álibi, sempre citado ao lado dos objetivos de crescimento econômico, emprestando uma preocupação humanista a intenções não tão nobres” (RIBEIRO, 1991).
É claro que essas intenções emergiam do discurso de sustentabilidade; escondiam-se nas entrelinhas da preservação ambiental, ao propor ações mundiais de combate à destruição do planeta, quando os verdadeiros agentes dessa depredação se ocultavam, ou se ocultam, no manto de promotores das boas ações de preservação ambiental.
Mas, o que me pesa na realidade, é tão somente o desejo de questionar, ou melhor, de participar com uma questão: se a educação não muda o mundo, mas o homem que muda o mundo, então, educar o homem é fazê-lo entender o que seja sustentabilidade, e a partir daí, o mundo muda.
Essa aparente utopia, e simplista em sua formula, considera que a “sustentabilidade não acontece mecanicamente. Resulta de um processo de educação, em que, o ser humano redefine o feixe de relações que mantém com o Universo, com a Terra, com a natureza, com a sociedade e consigo mesmo dentro dos critérios de equilíbrio ecológico, de respeito e amor à Terra e à comunidade de vida, de solidariedade para com as gerações futuras e da construção de uma democracia sócio ecológica sem fim. (LEONARDO BOFF, 2012).
Nesse pensamento, educar o mundo é contribuir de alguma forma com uma aprendizagem que proporcione ao aprendente mudar conscientemente de atitudes e de comportamentos; primeiramente, mudar a si próprio.
Por fim, posso dizer que me sinto deprimido quando ouço falar que “construir uma horta na escola é uma forma enriquecedora de trabalhar a sustentabilidade”
Quero acreditar que essa forma enriquecedora forme cidadãos críticos e reflexivos nas questões sobre sustentabilidade.
De tudo dito, o que proponho para o próximo debate mundial sobre sustentabilidade, é que defendam a mudança do significado; e passem a disseminar a ideia de que sustentabilidade é o homem fazer bom uso dos recursos naturais que lhes é próprio a favor dos recursos naturais que lhes é ofertado pelo planeta em que vive.
Assim, talvez, quem sabe, a partir dessa proposta, pensando o homem como promotor de suas ações e colhedor dos resultados dela, possamos ter um verdadeiro entendimento do que seja sustentabilidade.
Certo de que a educação, aquela desprovida de interesses políticos, a educação que verdadeiramente forma cidadão critico para ele mesmo; educação de verdade; não mentirosa, finalizo meu pensamento com a seguinte questão: Sustentabilidade: o que será?
Será o que todos desejam que seja; não mais, e não menos, mas, na medida da necessidade de cada um, e não da ganância e cobiça. Seja no interesse particular ou coletivo, na universalidade de suas propostas. Será! Ou será?
Interrogar ou exclamar é propor pensar nas considerações acima, e de algum modo, justificam minha visão do que se tentam construir em sala de aula como educação ecológica ou mesmo práticas sustentáveis.
Não há como relatar experiências vividas no contexto de práticas sustentáveis, pois nas escola em que vivenciei a cultura da educação ecológica, não havia preocupação com o que se proclama práticas sustentáveis.
Até mesmo hoje, nas escolas em que trabalho, não há um ensino que conscientize o aluno do que seja práticas sustentáveis, pois, não há preocupação em esclarecer o que seja sustentabilidade, e muito menos, a contextualização desse conceito.
Assim, ainda que figure um pouco de minha indignação nesse relato, ainda assim, procurei mostrar um pouco do que pensar do conceito de sustentabilidade, e alguns possíveis contextos em que o conceito figura sempre com um propósito bem definido para atender a necessidades especificas dos discursos apropriados à interesse nem sempre explícito das várias organizações sociais.
Por fim, proclamo; SUSTENTABILIDADE: O QUE É? Uma Questão de Educação.
Referências:
Revistas:
LIMA, G. C. “O debate da sustentabilidade na sociedade insustentável”. Revista Política &Trabalho, nº 13: 201-222, João Pessoa: PPGS/UFPB, setembro/1997.
__________ . “Questão ambiental e educação: contribuições para o debate”. Ambiente & Sociedade, ano II, nº 5, 135-153, 1999.
__________ . “Crise ambiental, educação e cidadania”. In: LAYRARGUES, P. P.;
Textos da internet
http://leonardoboff.wordpress.com/2012/05/06/sustentabilidade-e-educacao/
em 08/07/2016
https://www.google.com.br/#q=Michael+Foucault - em 08/07/2016
http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/sustentabilidade-na-escola.htm