OS RECURSOS HÍDRICOS E A INDÚSTRIA
O sistema econômico que governa o mundo é o capitalista gerador de um processo contínuo de produção, distribuição e troca, cujo objetivo principal é o retorno do capital aplicado, com margem ilimitada de lucros.
Para esse sistema, o único balizador das operações da economia deveria ser o que se convencionou chamar de “leis de mercado”, as reguladoras dos preços com base na relação entre a procura e a oferta de bens.
Esse processo econômico, impulsionado pelo capital, criou um fenômeno denominado de “sociedade de consumo” na qual a humanidade se divide em dois grupos: o dos que produzem e o dos que consomem.
O grupo dos que produzem é integrado por grandes empresários e todo o mecanismo produtivo que desenvolveram; os meios de produção, a matéria prima, os recursos humanos, etc... Já o grupo dos que consomem são todos os que, por necessidade ou por indução, alimentam os primeiros adquirindo seus bens e produtos.
A velocidade do consumo depende da capacidade de persuasão que as empresas utilizam para convencer o público potencial de que os produtos disponíveis são importantes, de alguma forma, sendo necessária a sua aquisição. Nesse caso, a propaganda e a mídia representam o braço direito do capitalismo, utilizando de recursos que, na verdade, manipulam as chamadas leis de mercado, favorecendo as empresas interessadas com preços que se enquadrem na premissa do “lucro ilimitado”. A corrupção, a propina e os subterfúgios paralelos agem como o outro braço do processo, cooperando para o objetivo final desejado.
Ao longo do tempo, o poder econômico se infiltrou nos diversos estamentos de governo, minando a ação política que gerenciava essas áreas do poder, submetendo-as aos seus interesses. Dessa forma, as “equipes econômicas” assumiram os primeiros escalões governamentais, enquanto que os políticos, quando não sucumbiram, perderam suas posições, parte do prestígio, da influência e do poder diante do processo governamental.
Como decorrência dessa infiltração, os princípios econômicos, cartesianos e matemáticos, associados ao lucro, sufocaram os ideais políticos favorecedores do social. Assim, o estado político se vai transformado no Estado-Empresa, onde os “serviços” anteriormente de responsabilidade governamental, são, aos poucos, descartados e transferidos à iniciativa privada.
O Estado se desvencilha do social, que dá “prejuízo”, desmontando a Saúde, a Educação, a Previdência e outros serviços, penalizando a parte da população que não puder pagar pela “qualidade”.
A economia, tal como conhecemos, está estruturada em três setores básicos: O Setor Primário, que cuida da exploração dos recursos naturais de interesse do processo produtivo é o que extrai ou colhe a “matéria prima” colocando-a em disponibilidade para o Setor Secundário, responsável pela transformação da matéria prima nos bens de consumo. O Setor Terciário, tem como papel principal, a prestação de serviços e a troca das mercadorias pelo dinheiro; esses são os setores da Extração, da Indústria e do Comércio.
Fixando-nos no empreendimento industrial, esse é o devorador insaciável da matéria prima, ou seja, dos recursos naturais do planeta, arrancados do solo e transformados em bens de consumo ou utilidades desenvolvidas pela tecnologia, pela competição, pela ganância e pela frivolidade.
Esse setor produtivo convenceu os governos de que os recursos naturais são insumos estratégicos para a economia e sua exploração e uso passaram a ser regidas por leis e regulamentos que a eles favorecem, garantindo-lhes o crescente fornecimento. À proporção em que esses materiais escasseiam, maiores são as medidas de proteção que os envolvem, assumindo, alguns, o patamar de importância para a segurança nacional.
Ferro, cobre, aço, manganês, madeiras, petróleo, gemas e um leque sem fim de recursos naturais passaram a ser controlados e a exploração permitida a setores específicos que disputam, acirradamente, essas posições no início do processo produtivo.
Como toda a indústria de transformação necessita de água para seus processos e o consumo desse líquido passa a ser cobiçado de tal modo que a disponibilidade da água para fins industriais passa a ser mais importante do que para a manutenção da vida, é fatal que os grupos mais interessados, diante das dificuldades futuras para o retorno dos investimentos, estejam procurando se garantir.
Para isso, já existem articulações, supostamente sob o ponto de vista econômico-científico e com a aquiescência oficial da ONU, para induzir governos a rever os critérios de uso e consumo dos recursos hídricos ainda disponíveis.
Na mesma direção atuam movimentos voltados para a preservação do meio ambiente, uns realmente preocupados com a questão e outros agindo, sub-repticiamente, a favor do complexo econômico vigente.
Em programa difundido pela TV-Escola, na terça-feira, 16 de fevereiro de 2005, em documentário sobre recursos hídricos, já naquela época, foi mencionada a articulação de um movimento empresarial, cuja tendência seria a destinação da água ainda existente, como produto a ser protegido para as atividades econômicas, prioritariamente, sendo o consumo humano direcionado para um segundo plano. Os custos desse consumo tenderiam a ser taxados de modo a que se obrigasse cada consumidor doméstico a rever a sua forma de uso e consumo da água.
Assim, oligopólios e megaempresas passariam a controlar as reservas hídricas de interesse mundial, inclusive com vistas à exportação para países menos favorecidos, criando um mercado que geraria bilhões de dólares.
O interessante é que, nesse jogo de interesses internacionais, os recursos hídricos brasileiros não podem ser descartados, pois representam uma das poucas reservas disponíveis no mundo, para um produto em franco declínio na natureza.
Regulando o consumo social, os meios de produção teriam, ainda, uma boa margem de oferta para alimentar suas fábricas e usinas de transformação, garantindo o abastecimento do comércio e alimentando a sociedade de consumo.
Um projeto assustador como esse, se chegou a ser ventilado em uma entrevista difundida pela televisão, somente poderia ser em virtude de algum “vazamento”, pois esse é um assunto por demais escabroso para ser público, porém, não impossível.
Transcorridos dez anos após a veiculação do programa na TV-Escola, vemos nas páginas do “Google”, várias reportagens sobre a existência do “Projeto Haarp” e suas possibilidades de provocar alterações telúricas e meteorológicas, no planeta, inclusive no que diz respeito às mudanças climáticas tão incidentes nos dias atuais, em várias partes do país e do globo.
De qualquer modo, se já sabemos que a importância da água está tendendo a superar a importância do petróleo, é fácil imaginar o tratamento que poderá ser dado a ela na ciranda dos interesses da ganância e da avidez que nutrem os perseguidores do “lucro ilimitado” e dos governos tal como os conhecemos...