O córrego secou? se ligue na Globo!

Em boa e oportuna hora a TV Globo começa a nos acicatar mostrando como se deve proteger nossas almanjarras (curso de água, segundo o Houaiss, já que o Aurélio não a registra como tal), para que não as vejamos secar, e nem venham nos cobrar sobre semelhante beberronia; esse bestial consumismo de algo que não participamos, mas acabou. Convenhamos, a bem da verdade, aquela matéria estampada nos outdoors do município foi de péssimo gosto de quem queria informar, se caracterizando como desinformado numa matéria a nos revelar o evidente descaso do poder público. Algum desocupado que querendo botar caraminholas na cabeça do prefeito, apresentou-nos essa irônica e zombeteira charada.

Não sou defensora da Globo porque dela não sou advogada, nem de quaisquer instituições com o poder de manipular as massas através do sistema de informação que elas têm. Por isso é fundamental que se evite bostar, digo, postar algum informe que não se comprometa com a verdade, porque a verdade é nada mais nada menos, aquilo que sabemos e temos certeza de defende-la ad infinitum.

Seria interessante que nossas diretoras de colégio e principalmente os nossos principais do poder público, tanto da esfera executiva quanto da judiciária e legislativa municipal se interessassem por esse fantástico exemplo, observando o que o Jornal Nacional começa a nos mostrar como doutrina, como postulado e prática de cidadania, civismo, cultura, educação, ordem e progresso, sob a tentativa de proteger esse ecossistema que não é nosso, e sim da humanidade.

Todos pleiteiam tomar dois litros de água diariamente, é isso quase norma sacramental; acaso isto não ocorra, pode se adoecer... Os nossos cursos dágua vão ter fim um dia, certamente, pois a população mundial não para de crescer, e secar seus veios como o córrego Martelo secou em Pinheiral, pouco custa. Esse prognóstico não é meu. Sabemos que a ONU tem seus departamentos ligados a todos os sistemas de governo, e estes são sistematicamente informados a propósito daquilo a prejudicar o interesse e convívio social como um todo. Acredito que a água, depois da guerra e da forme, é a principal preocupação da ONU. Mas essa instituição internacional não tem poder de polícia, é apenas um organismo observador, apontando onde está o erro e como pode ser ele contornado, aplacado, minimizado para não termos a catástrofe anunciada, iminentemente prejudicial ao Globo. Esse Globo que acabei de enunciar é explicitamente declarado meu, e trago comigo o obstinado dever de defende-lo a todo custo. Sei que ao morrer é nele que estarei entranhado, sem ter como abdicar-me dessa ideia, tomando a Lua, por exemplo, como minha próxima parada, já que o Paraiso, o Purgatório, o Inferno e o Céu são coisas apócrifas. Sem me esquecer que com toda essa babel, já vivemos no mundo da lua. Há também essa certeza basilar, a de que aqui se nasce, se vive, se morre e se é enterrado sem outra oportunidade de reencontro com o futuro nem com o passado. Cuidemos dessa pequetita bola denominada Terra (pelo tamanho do Cosmo, ela é um grão de areia) porque é prontamente que devemos ter a nossa verdadeira missão de amor e gratidão por Ela, por sermos parte integrante Dela, e aqui morando, estamos e ficaremos permanentemente Nela.

Ah! desculpe-me pela minha divagação. Não sou filósofo nem teólogo nem muito menos áugure dos modernos tempos. Sento em minha cadeira e vejo a vida passar, assim como rolam as águas que um dia fatalmente irão acabar. Mas não fico estático, tento seguir o que disse um certo presidente da República “tire essa bunda gorda do sofá e vá à luta”. Preocupo-me em agir assim porque não sou uma bradypus tridactylus, muito menos uma bradypus torquatus, sou uma dos gêneros do bicho-humano, de cuja raça me envergonho muito.

Nós bichos-humanos estaremos fadados a esse tenebroso fim por culpa do nosso prepotente orgulho, da cruel insensibilidade e desgraçada autossuficiência que temos. Este fim com tragédia anunciada é por culpa só nossa. Nossos cursos dágua precisam de verdejantes árvores durante todos os seus trajetos até o imbatível encontro deles com o mar. Consequentemente toda a orla marítima deve ser verdejada. Há muito escuto este apotegma, tal fosse dito a mim como uma sentença de morte “o bicho-humano só se realiza sob três princípios: escrevendo um livro para eternizar sua memória, tendo um filho para perpetuar sua espécie e plantando uma árvore para não ser esturricado pelo sol, e morrido pela sede por não ter água pra beber”. No mais tenho a lhe dizer: aproveite o período chuvoso pelo qual estamos passando, e plante uma árvore para sabiamente apascentar os seus; ficando consigo mesmo regozijado.