OS BEIJA-FLORES NA HORTA COMUNITÁRIA
 
Os pássaros, em sua luta pela sobrevivência, descobriram na Hortinha Comunitária um oásis e estão se reportando a ela na busca por alimentos e, principalmente, por água. 
Circulam por aqui algumas espécies já bem conhecidas, enquanto outras estão se instalando ou se aproximando aos poucos. Em certas horas do dia, pombos, sabiás-da-terra, sabiás-laranjeiras e beija-flores chegam a disputar o espaço, desde o solo até aos galhos mais altos da mangueira, no movimento de sobe e desce, musicalizado na voz e no bater das asas.
A comunicação é constante, através do pio e do canto. Chamam, perguntam, respondem o tempo todo. Alguns chegam nas horas mais quentes e secas e, ao perceberem a fartura de água e alimentos, sobem nos galhos mais altos e abrem a goela, avisando aos outros sobre o achado. Em poucos minutos, o espaço fica pequeno para tantos sedentos. Já vi até pássaros-bebês, que mal começaram a voar, sob a guarda atenta das mães. É de chorar assistir ao espetáculo desesperado deles, caros leitores.
Os mais resistentes são sem dúvida os beija-flores que aqui chegam: todos de cor negra azulada, belíssimos e vistosos, mergulham no espaço tão rapidamente quanto o piscar dos meus olhos. Dançam, fazendo acrobacias no ar, vão e voltam, provocando um zumbido ensurdecedor; depois freiam nas proximidades dos bebedouros, fartam-se e retornam aos seus redutos em um ritmo próximo ao da velocidade da luz. Segundo apurei, suas asas batem de cinquenta a duzentas vezes por segundo. É sensacional! Fiquei encantada com esse pássaro, desde a última vez que fui à casa do Dudu Paschoal, que recebe dezenas deles todos os dias em sua varanda. Tanto me impressionou que resolvi aprofundar-me um pouco no conhecimento sobre esse animalzinho, que vive apenas em torno de dois meses.
Em tupi, recebe várias identificações: guainumbi, guanambi, mainumbi. É nativo da América, onde é identficado ainda como cuitelo, chupa-flor, chupa-mel, binga, colibri.
Além do néctar das flores e da água açucarada que lhe ofertamos, ele se alimenta principalmente de insetos e aranhas que caça no ar, durante o vôo veloz.
Sem pousar uma única vez, chega a voar setecentos quilômetros em linha reta ou em todas as direções, inclusive de ré e sem sair do lugar. O macho faz lindas acrobacias para conquistar a fêmea, que fica sentadinha no galho de uma árvore assistindo a tudo. Às vezes, é confundido com borboletas pousando sobre as plantas, tal é a velocidade do giro e do bater das asas.
Seu ponto fraco são perninhas e patinhas. Usadas unicamente para empoleirar, não servem para caminhar no chão, pois são muito curtas e frágeis. Em compensação, é possuidor de pele tão resistente, que mais parece um couro, e de grande coragem. Enfrenta qualquer inimigo que ataque seu ninho revidando imediatamente. Desafia desde pequenas aves até grandes mamíferos, usando a arma da velocidade, que o torna praticamente invisível. Não teme nem mesmo as aves de rapina e os gaviões, que fogem dele amedrontados e são perseguidos até desaparecerem do seu reduto preferido.
Possui, portanto, como característica a personalidade forte e a intolerância com os inimigos, sendo capaz de brigar até entre si.
Os maiores beija-flores vivem na América do Sul e medem em torno de vinte centímetros de corpo, além do bico e da cauda que, somados, dão mais vinte centímetros; os menores têm apenas cerca de cinco centímetros de corpo.
Embora suportem temperaturas muito altas, sem quaisquer problemas, podem viver em locais frios, como o norte da América do Norte e os Andes.
Após o casamento, mamãe beija-flor prepara o ninho no local que lhe parece mais conveniente, desde tronco de árvores até lustres de varandas das casas, utilizando materiais colhidos no ar, como paina, seda, raízes, pequenas penas, folhas, que são tecidas cuidadosamente com teia de aranha e com sua própria saliva, que é pegajosa como uma cola. Ali ela põe dois ovos por vez, choca-os e nascem os filhotes cegos e sem penas, que ficam aos seus cuidados exclusivos. A alimentação inicial é feita através da introdução do bico da mãe com o alimento, em forma de mingau, na goela do filhote.
Depois que aprendem a voar, os filhotes ganham os ares e a nossa admiração pela beleza e alegria com que nos premia.
 
 
 
Belíssimo, veloz e genioso,
És mesmo um pássaro diferente.
Invisível, geralmente vaidoso,
Junta-te a nós, que chamam gente,
A mostrar-nos como és habilidoso.
 
Flores doces, vermelhas, amarelas
Lambes e trituras tanto quanto insetos
Ou aranhas, de cujas teias selas
Resistente lar para filhotes e netos.
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 25/01/2015
Reeditado em 02/05/2015
Código do texto: T5113258
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.