E O RIO CACHOEIRA ESPERA...
Está em curso na cidade de Itabuna através das redes sociais uma grande chamada de conscientização com o titulo 1º Grito da Água em Itabuna . Um ato pró Rio Cachoeira anunciando uma caminhada gigante para o próximo dia 22 de março, Dia Internacional da Água.
Como estamos em ano eleitoral podemos pensar ou deduzir tratar-se de um movimento com motivo eleitoreiro. Pode ser verdade até porque no banner publicitário constam alguns nomes de sindicatos. - E daí?!
O importante é que esse ato promete gritar a favor do Rio Cachoeira. Qualquer inteligência mediana percebe que foram anos e anos de descaso, de agressão à vegetação nativa, sabe que não podemos recuperar a vida do rio Cachoeira a partir de Itabuna. No Dia Internacional da Água vai valer a pena mostrar para o poder público que não somos moscas mortas, tentar conscientizar a cidade a parar de agredir um enfermo na UTI. Se a população deixar de jogar aquele papelzinho de bala, aquele copinho de iogurte fora do lugar certo, o lixo, já será um bom começo. As empresas principalmente devem se policiar. Lembro-me que há mais ou menos 1 ano quando caminhava na Beira-Rio às cinco horas da manhã deparei-me com uma cena inacreditável: dois empregados de um restaurante na Avenida Fernando Cordier atravessavam as duas pistas carregando enormes baldes contendo dejetos de caixas de gordura, (daquelas usadas sob pias de cozinhas antigas) e lançavam no Rio Cachoeira espalhando um odor tão intenso que deu-me engulhos. Pensei: mas não existem empresas próprias para fazer este serviço de sugar dejetos até de fossas? E me arrepiei só de pensar que quem fazia isso era justamente um restaurante que prepara alimentos para a população.
O rio perdeu as matas ciliares, sua proteção natural, a prefeitura não fiscaliza as construções. O exemplo mais evidente deste desvario é o Bairro São Roque, na Rua Água branca onde as casas todas têm um “puxadinho” nos fundos para o antes caudaloso riacho que vem das bandas de Mutuns e desemboca no rio Cachoeira, verdadeiras palafitas cujos dejetos dos banheiros caem direto nas águas; no ano passado um prédio/palafita de dois andares desabou dentro do ribeirão e lá mesmo ficou o entulho. As fortes chuvas de novembro destruíram muitas casas, algumas não atingidas noutras cheias, desalojando famílias. Pois muitas das casas foram ou estão sendo reconstruídas e lá ficarão até as próximas enchentes.
O ambientalista Antonio Lourenço de Andrade Filho, de Jequié, que conhece o Rio Cachoeira melhor do que qualquer Grapiúna, em texto intitulado “Influencia das chuvas das águas para os rios” http://cemanosdeitabuna.ning.com/profiles/blogs/influencia-das-chuvas-das-aguas-para-os-rios traça o fiel retrato do nosso Cachoeira e afirma que “Cada um é responsável pelas suas ações, mas, muitas más ações juntas, levam ao caos; faça a sua parte independente de outros... ou você ajuda a transformar a vida do planeta em um verdadeiro caos, e nada será como antes, assim, a nossa vida sem água e sem alimento, de nada valerá ! Não haverá dinheiro no mundo que faça as nossas ações voltarem atrás...”
O escritor Antonio Nunes de Souza membro da Academia Grapiúna de Letras- AGRAL, em comentário sobre o evento 1º Dia da Água em Itabuna afirmou: “esta manifestação de cidadania está, a cada dia, tomado corpo e sensibilizando o povo em geral. Através do Rotary Clube de Itabuna estamos com um projeto elaborado por Maria Luzia de Mello, onde o alvo principal é o rio Cachoeira”.
Pois é, sabemos que quaisquer movimentos em prol do Rio Cachoeira, são só uma maneira de provocar a população para que não fique estática. Porque a nascente do Rio Cachoeira está no município de Itororó, onde segundo o Dr. Florisvaldo Lopes Gonçalves, presidente da Oscip-Instituto Água Viva do Saber, até sofás velhos são descartados no rio. E no dia em que os governos Federal, Estadual e Municipal resolverem agir deverão começar por lá.
Uma tarefa hercúlea para políticos íntegros...
Eglê S Machado
Academia Grapiúna de Letras- AGRAL
Itabuna, 06/03/2014