UM RIO AGONIZA II
(*) Edimar Luz
O rio Guaribas, que já foi um dia motivo de orgulho para todos nós picoenses, hoje agoniza tristemente em meio a toneladas de dejetos que no seu leito são lançadas continuamente, provocando uma terrível degradação das condições ambientais. Realmente, o nosso rio está seriamente poluído, visto que os cursos fluviais, de um modo geral, são pontos vulneráveis à ação destrutiva do homem.
Em épocas passadas, o nosso Guaribas era um rio relativamente piscoso, limpo e de águas cristalinas no período de estiagem e propício ao cultivo agrícola, destacando-se, entre outros, os seguintes produtos: cebola, coentro, batata-doce e principalmente o alho, que fez de Picos um município conhecido nacionalmente. Hoje, o que vemos é um rio morto, cujo leito encontra-se abarrotado de lixo e poluentes diversos; mais parece um verdadeiro depósito de lixo ou um enorme esgoto a céu aberto.( Diga-se passagem, muitos desses elementos não são biodegradáveis). Suas águas escuras e violentamente poluídas dificultam a sobrevivência de todo e qualquer ser vivo que delas necessitam. Contêm substâncias altamente prejudiciais ao organismo humano.
É importante ressaltar que a situação é bem mais dramática no seu trecho que compreende a área urbana; isso resulta, evidentemente, da grande concentração populacional e da falta de uma conscientização ecológica-ambiental da população, dentre outras. Na verdade, a própria aglomeração urbana já é por si só uma verdadeira fonte de poluição, pois implica, em maior ou menor grau, numerosos problemas ambientais.
Urge que se crie uma consciência ecológica e/ou médica direcionada para esses drásticos problemas, tendo como objetivo primordial melhorar a qualidade de vida da sociedade como um todo.
(*) Edimar Luz é escritor/cronista, poeta, articulista, memorialista, professor e sociólogo formado em Recife – PE.
Picos-PI, 26 de maio de 2000.