NOVA ZELÂNDIA, UM PAÍS IMPOSSÍVEL DE SE DESCREVER EM PALAVRAS
Saindo de Sydney, na Austrália, sobrevoando o azul imenso do Mar da Tasmânia, a viagem leva apenas 3 horas e 45 minutos para se chegar a Rotorua, uma cidadezinha de 50 mil habitantes, localizada na Ilha do Norte, na Nova Zelândia. O aeroporto é pequenino, mas, aconchegante. Uma índia Maori, com seu traje típico, entoava uma canção nativa do seu país no saguão de desembarque. Agradável de ouvir, ainda que não tivesse a mesma pompa e fama das havaianas da outra ilha mundialmente conhecida.
Já no avião, antes de pousar, uma senhora neozelandesa perguntou-me se eu já conhecia o país. Respondi que um pouco, mas nunca estivera em Rotorua. Ela apressou-se para falar da cidade natal, onde não existem bichos peçonhentos.
- Como assim? – perguntei perplexo.
- Aqui não existem cobras, aranhas nem escorpiões venenosos. Você pode andar e deitar no mato sem medo. Nenhum inseto te molesta.
- E qual a razão desse fenômeno?
- O clima é muito frio e também há muita concentração de enxofre no ar, por conta de um vulcão, que ainda está em baixa atividade. Isso e outros fatores levaram ao desaparecimento de insetos.
- Então esse lugar é o “Paraíso”, brinquei com a nativa que sorriu de orelha a orelha e respondeu.
- Para mim é sim. O melhor lugar do mundo para se viver. O povo é amigo, a cidade é calma, sem ruídos, sem poluição, sem trânsito. Bom demais de se viver.
A receptividade do povo era notável. Pena que o tempo era só o de uma escala e já decolaríamos para Auckland, a maior cidade do país, com seus 1,5 milhão de habitantes. Uma hora de vôo e já aterrizávamos no moderno aeroporto internacional da cidade. Durante o pouso, era possível se ver ao longe a imponente Sky Tower, uma torre de aço e concreto, com seus 328 metros de altura, considerada a mais alta estrutura do hemisfério sul.
Andando pelas ruas arborizadas da cidade, nota-se organização e limpeza. Não se vê crianças ou mendigos pedindo esmolas, nem gente vendendo nada nas ruas. Aqui ou ali, muito raramente, podia-se ver uma pessoa (geralmente homem) com uma aparência descuidada, sentado numa esquina movimentada com um chapéu estendido. Não falam nada, não pedem nada, apenas esperam que alguém lhes dê uma moeda. Por ser um país com grande tolerância às drogas (usa quem quer), é natural encontrar-se tais tipos, para os quais a ajuda do governo é insuficiente, pois se recusam a tratamento. Essa é a liberdade que têm. Mas, na Nova Zelândia, considerado um dos mais desenvolvidos do mundo, há riqueza por toda parte e as pessoas podem viver com dignidade. Não existem favelas ou casebres. Auckland está no 10º lugar entre as dez melhores cidades do mundo para se viver.
Um passeio de barco, que não se pode perder, pela Baía de Auckland, é a visita a Devenport. O ferry sai de Waterfront e, em 30 minutos, chega-se à Vila Histórica de Devenport, com lojas e cafés interessantes. Pode-se ver postes decorados com crochê e por toda parte encontramos jardins bem ornamentados com flores da estação. Quem desejar um banho de mar, pode tomar um ônibus direto para Mission Bay, onde uma multidão se espalha pela relva dos jardins e na areia de cor escura, formada por conchas trituradas. A areia não é bonita, mas quem se importa? A água do mar é de cor verde azulada e límpida, própria para banho a todas as idades.
Em Auckland, muitos brasileiros estão radicados, trabalhando em várias áreas como hotelaria, restaurantes, táxi, etc. Não é raro encontrarmos alguém falando português nas ruas ou lojas. Os shoppings centers são modernos e se pode encontrar de tudo. É comum encontrarmos homens e mulheres usando uma jaqueta verde com as inscrições: “Tourist Information Guide” (Guia de Informações Turísticas). Eles têm sempre mapas à mão e prontos para orientar os turistas sobre onde ir, o que fazer na cidade, etc. São sempre cordiais e bem humorados.
A cidade encanta do alto, vista a quase 350 metros de altura. Os ultra rápidos elevadores levam os visitantes da base até o topo em poucos segundos e de lá pode ver em 360º a beleza da cidade, cercada de baías esplendorosas, pequenas ilhas e muito verde.
QUENSTOWN – a princesa neozelandeza
Logo que o avião se prepara para o pouso, é possível se perceber que estamos numa região incomum. Montanhas gigantescas, com seus picos cobertos por neve (mesmo no verão), rios caudalosos e baías pontilhadas de pequenas ilhas, formam uma das paisagens mais deslumbrantes da Ilha do Sul, na Nova Zelândia – uma das mais lindas que já vi até então por este mundo maravilhoso. Entre o mar e as montanhas, às margens do cristalino Lago Wakatipu, está incrustada a maravilhosa Queenstown.
A cidade fica a 40 minutos de vôo a partir de Acukland. Queenstown possui uma população residente de apenas 25 mil habitantes que aumenta para quase 100 mil durante a temporada de inverno. Queenstown é mundialmente conhecida como capital mundial dos esportes radicais. É possível fazer passeios de barco pelo lago, saltar de Buggee Jumping, fazer Skydiver, Esquiar, Rafting, excursões pelas montanhas glaciais, praticar mountain biking, andar pelo Parque de Queenstown Gardens ou simplesmente ir de carro e depois de barco até os fiordes de Milford Sound, localizados ao Sul da cidade, a uma distância de 150 quilômetros. Queenstown é uma das cidades da Nova Zelândia onde moram mais brasileiros, aproximadamente 3 mil, que trabalham em diversas áreas como hotelaria, construção e prestação de serviços, dentre outros.
A bordo de um confortável ônibus, saímos de Queenstown, por volta das 7 horas da manhã, com o sol ainda se projetando pelos cumes dos Remarkables, paredão de montanhas que pode ser visto de qualquer lugar da cidade, com quase dois mil metros de altitude, com seus picos permanentemente cobertos de neve. Lá foram gravadas cenas do filme Senhor dos Anéis, séries como Crespúsculo e recentemente “The Hobbit”. Os cenários são de tirar o fôlego.
As estradas bem pavimentadas, traçam curvas sinuosas, ora subindo escarpas, ora descendo-as, mas sempre oferecendo aos viajantes boquiabertos, cenas de um paraíso quase intocável. Lagos refletindo a luz do sol e das montanhas compunham esse cenário de sonhos. Florestas de pinheiros cobertas com finas camadas de orvalho, cobriam como manto sagrado as encostas, descendo até o fundo dos vales. Por vezes, éramos surpreendidos por paredões cobertos de neve de onde escorriam centenas de filetes de água, os quais se encontravam logo abaixo para formar lagos majestosos. A Natureza exagera por ali. Não poupa beleza nem intensidade nas cores. Os encontros de céu e terra, céu e lagos, foram um único recorte de beleza impossível de descrever em palavras.
A cada parada, ninguém quer ir embora. Só se ouve o som das câmeras tentando captar e apreender tudo, sem deixar escapar nada. Impossível. Somente com os olhos da alma se conseguirá esse prodígio. Só a memória é capaz de captar a essência de tudo, quando se pode ver e ouvir. Olhando e ouvindo em volta, além dos sons humanos de estupefação, só o murmúrio do vento cortando os vales e seguindo seu caminho para além... além do que os homens são capazes de criar.
Nos perguntamos: para quê ou quem tudo isso foi criado ou existe? Que mentes caprichosas teceram com tamanha exuberância e perfeição tais monumentos? Isso parece não importar muito naquele momento, pois a resposta reside na própria pergunta: para enlevar os que são capazes de ver e ouvir, tocar e sentir tal beleza – para nós, humanos ou seres planetários, é que tudo isso existe. Desde a pequenina flor até o maior dos animais marinhos habitantes do Mundo.
Seguimos. Duas horas de viagem de ônibus, chegamos até o porto de Kia Ora de onde tomamos um catamarã com destino ao mais famoso dos fiordes da Nova Zelândia – Milford Sound.
A embarcação deixa um rastro de espuma branca para trás, enquanto avança pelo imenso lago que compõe um dos mais deslumbrantes lugares do mundo – o Milford Sound. O imenso lago, com uma extensão de 15 quilômetros desde o Mar da Tasmânia, é considerado o lugar onde mais chove no mundo, com precipitação de quase 7 mil milímetros de chuva por ano, além de receber água do degelo das montanhas que o circunda.
O barco avança e as pessoas se aglomeram na popa e proa do navio, sem se importar com o vento frio de 6 graus que soprava forte, enrugando a superfície cristalina do lago. Só se podia ouvir gritos de espanto e surpresa a cada metro avançado pela embarcação.
Duas cascatas permanentes embelezam o fiorde: Lady Boewn Fall e Stirling Falls, cada uma, com quedas d´agua de quase 200 metros de altitude, despenca sobre o Lago numa profusão de ruído e espumas. O barco chega perto e podemos tocá-las para ter certeza de que lá estivemos. Ninguém fala. Só se ouve o metralhar dos obturadores das poderosas câmeras japonesas, que repetem incessantemente o ruído de quem quer capturar o mais tênue fio de luz ou de sombra. Eles sabem tudo e nos deixam constrangidos por nossa câmeras semi profissionais. Mas, quem se importa? Todos registramos de algum modo o espetáculo, quer com câmeras, quer com olhos, corações e mentes, abertos permanentemente para o belo. E ali, em Milford Sound, a Natureza exagera.
Centenas de filetes de água escorrem pelas montanhas desde o topo até o lago, formando uma constelação de cascatas. Nunca havia visto algo igual em nenhuma parte do mundo. Até os japoneses deixaram de fotografar.. queriam testemunhar com os próprios olhos, assim como todos nós.
Focas marinhas de pele escura luzidia, descansavam sobre as rochas, tomando o sol da manhã. Um pequeno cardume de golfinhos curiosos veio nadar perto do catamarã, saudando os visitantes. Gaivotas voavam sem pressa compondo o cenário. Para qualquer lado que olhássemos, havia algo surpreendentemente belo, impossível de não fotografar e contemplar.
Era hora de voltarmos. Ali éramos apenas visitantes temporários, como na vida. Chegamos, apreciamos e partimos, deixando o lugar para outros apreciarem. Não fosse assim, não teríamos desfrutado de tudo o que vimos. Não foi preciso destruir nada para aproveitarmos. Tais locais existem por si mesmos e servem para dar sentido à existência humana, ou não. Se nós, seres humanos temos a capacidade para admirar e preservar, que assim seja. O contrário seria destruir a possibilidade de sentido da Existência, em toda a sua grandeza, nos ter dotado de sentidos capazes de apreciar e entender a maravilha que é este mundo, com suas obras inigualáveis, ainda que não sejamos tão capazes de preservá-las ou compreende-las.
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(*) Mathias Gonzalez é psicólogo e escritor.
MILFORD SOUND - NOVA ZELÂNDIA
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10/01/2013
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12/01/2013
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