NOSSO RIO GUARIBAS
NOSSO RIO GUARIBAS
(*) Edimar Luz
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que o rio Guaribas, que já foi uma significante fonte de alimentos para a população de baixa renda do município de Picos, através da pesca artesanal de subsistência, encontra-se hoje numa situação dramática. Na verdade, a pesca representa substancial fonte de alimento para o homem, seja ela fluvial, marítima ou lacustre; e o nosso rio Guaribas era um rio relativamente piscoso em outros tempos, possuindo diversos cardumes que, embora não atingissem dimensões comerciais, tinham fundamental importância para as pessoas da região,de modo geral, principalmente aquelas mais pobres, que não possuíam condições de alterar a alimentação. E vale lembrar também, que ao se alimentar de um peixe contaminado, o homem, obviamente, também se contamina.
Desolado, sob um sol causticante, o Guaribas hoje segue ofegante e resignado em meio a toneladas de poluentes, e muitos dos quais não são biodegradáveis, ou seja, que não são decompostos pela natureza, como, por exemplo, os plásticos, a maioria dos detergentes e muitos outros que, na verdade, vão se acumulando no seu leito, diminuindo a capacidade de retenção de oxigênio das águas e, conseqüentemente, prejudicando a vida aquática. Realmente, inúmeras substâncias nocivas impregnadas de veneno letal são lançadas ao rio, obstruindo o seu curso, por ser este um ponto vulnerável à ação destrutiva do homem. Na verdade, tais substâncias, quando jogadas nos rios, causam o extermínio de inúmeras espécies aquáticas e afugentam as aves ribeirinhas, provocando um lamentável desequilíbrio ecológico.
Convém lembrar que a problemática da poluição dos rios, que resulta da atuação inadequada do ser humano sobre o meio ambiente, vem gerando sérios problemas à humanidade, uma vez que as condições ambientais, como se sabe, são imprescindíveis para a vida, tanto no sentido biológico como social. A ação humana pode romper o equilíbrio natural, e daí vem a degradação das condições ambientais, que no Terceiro Mundo tende a aumentar cada vez mais; e isso chega a ser por demais preocupante. Infelizmente, é verdade que cada vez mais as águas fluviais recebem substâncias tóxicas e detritos diversos, causando, conseqüentemente, imensuráveis problemas para os seres vivos. E, na realidade, a poluição do nosso Guaribas, acaba, direta ou indiretamente, afetando de alguma forma toda a população picoense. Todavia, todos nós sabemos que, infelizmente, no Brasil são poucos os rios que não apresentam atualmente nenhum indício de poluição, principalmente aqueles que banham cidades e regiões industriais. Em nosso país, vários rios agonizam, como, por exemplo, o Tietê, que travessa a capital paulista, e o Capibaribe, que banha o Recife, desembocando ali no oceano atlântico, o qual tive a oportunidade de conhecer de perto, quando eu estudava naquela grande e importante cidade.
Cumpre também destacar que a poluição do rio Guaribas alcança um acentuado nível exatamente no trecho que abrange todo o perímetro urbano, onde lixos e esgotos domésticos e comerciais são lançados no seu leito. Portanto, há necessidade de serem adotadas medidas antipoluidoras, pois também várias doenças são causadas pela água poluída e contaminada. Nesse trecho, suas águas foscas e cheias de impurezas nos fazem cogitar sobre medidas urgentes de despoluição. O equívoco é pensar que esse problema não tem solução. Agora, alguns esforços têm que ser feitos no sentido de tentar mudar a situação. Temos que nos conscientizar que o mundo está correndo sérios riscos por causa das constantes agressões ao meio ambiente.
É evidente que as águas dos rios, nas áreas urbanas, recebem uma enorme quantidade de material poluente de origem orgânica e inorgânica. E a água poluída e contaminada é a causa de muitas doenças.
É verdade que os rios têm a capacidade de purificar a si próprios através de sua autodefesa. Porém, bem sabemos que essa capacidade é limitada, e quando superada, ocorre o caos, uma vez que o volume de detritos despejados nas águas torna-se, como já foi esclarecido, cada vez maior. Nos últimos anos, vem se agravando a poluição dos rios. Por isso, é preciso que haja pelo menos uma preocupação conservacionista.
Percebe-se um intenso assoreamento no leito do rio Guaribas, e, portanto, deveria ser feita uma dragagem no trecho urbano, desde que se dispusesse dos recursos operacionais necessários. Mas há também, por outro lado, o problema do desmatamento em suas margens, que favorece a erosão e o acúmulo de sedimentos em seu leito. Deve-se procurar despoluir e sanear ambientalmente o nosso rio, e fazer também com que haja uma ocupação ordenada em suas margens, e que o Guaribas seja integrado de forma nobre à paisagem de Picos. Seria relevante urbanizar aquele trecho, cujo aspecto é por demais caótico.
Em última instância, convém ressaltar ainda que é de capital importância um estudo acerca da despoluição do nosso rio, para que possamos contemplar outra vez a beleza da transparência de suas águas cristalinas em todo o seu curso. Espero, assim, que este comentário venha a representar um conjunto de sugestões aproveitáveis que almejam alcançar um resultado positivo e benéfico para toda a população local.
Obs. Este artigo faz parte do meu livro Memórias do Tempo. Direitos reservados.
(*) Edimar Luz é escritor/cronista, memorialista, articulista, poeta, compositor, professor e sociólogo formado em Recife – PE.
Picos - PI, 15 de setembro de 1994.