A DÁDIVA DAS ORQUÍDEAS
A primavera acabou de voltar e nas esquinas da cidade é impossível não a notar posto que explode suas cores e sua diversidade floral, por vezes de floradas bem sazonais, em cada cantinho, por entre o concreto armado das grandes cidades como São Paulo.
Porém, e já faz certo tempo, uma milagrosa "moda floral" pegou pelas cidades como erva que se alastra pelos campos: a locação de orquídeas sobre os galhos das árvores esquecidas pelas calçadas das residências, do comércio e das grandes avenidas.
Eu sempre adorei a espécie floral, e acredito que não exista um ser humano sensível e apreciador do belo que não se apaixone pela delicadeza e pela excentricidade das orquídeas, aqui no sentido de singularidade, essas tão apaixonantes obras primas , esculturas de tão complexas arquiteturas florais.
Eu sempre acreditei que cultivá-las fosse um exercício difícil, algo que demandasse por extenso conhecimento de botânica, no entanto, recentemente aprendi que o tal fenômeno que premia a cidade, com mudas de espécies florais que se exuberam sobre os galhos das árvores desbotadas pela atmosfera cinza, apenas necessita de apoio para suas raízes e da correta incidência da luz do sol e da água das chuvas.
Nada que a natureza não saiba cultivar com perfeição, a despeito do Homem.
Diferentemente do que eu acreditava orquídeas não são espécies parasitas, e são praticamente "autosustentáveis".
Todo seu metabolismo depende das suas folhas e considerar uma muda "morta" é um atentado insensível à sua natureza bem resiliente.
Já que estamos na primavera deixo aqui meus agradecimentos à tão perene dádiva das orquídeas, que aqui por Sampa têm conseguido o milagre de nos presentar com espetáculos inacreditáveis de belíssimas formas e cores nos ambientes mais inóspitos do nosso dia- a- dia.
É o milagre da Natureza que ainda consegue impressionar nossos olhos, frente a insensibilidade das nossas mãos.
É só focar nosso olhar já tão poluído que logo ali, a céu aberto, um magnífico orquidário espera por todos nós, a descontaminar a frieza tão concreta das cidades feitas de pedra.