PEDRA SEVERINA II
PEDRA SEVERINA (II)
Estive hoje, pela terceira vez, na Pedra Severina. Tive novas impressões de seu gigantesco tamanho e contemplei novos horizontes, que me empolgou mais ainda, fazendo-me mais atraído por sua beleza e prepotência. Também pudera as rochas são quase eternas! São verdadeiros cordeiros pétreos presentes sempre na natureza, que nos foram outorgados pelo Deus Eterno, que os pôs ali, com seu dedo invisível. Fincadas no solo (as rochas), como se fossem verdadeiramente donas do “seu pedaço”, sem dar a ninguém, a não ser ao Criador, quaisquer satisfações.
Pode-se perceber que ela está encravada à entrada do pequeno povoado de “São João do Norte”, que, por sua vez, é banhado pelo rio que o margeia, cuja depressão leva suas águas pardacentas até o encontro do fluxo de água maior do tão conhecido Rio Itapemirim. Todo este panorama é vivificado pelos pastos verdejantes em volta, pelas matas virgens que se entrelaçam naquela região e pelos gados que, inconstantes, perambulam, mugem e pisoteiam a relva em direção aos currais ali encravados, pertencentes aos diversos proprietários e agricultores.
Ela está situada exatamente na pequena Fazenda do senhor Agenor Bernardo, um modesto cidadão alegrense, que também já se deu conta da beleza e da importância de tão cobiçada pedra.
Confidenciou-me, a socióloga e escritora Zélia Cassa, que de lá do zênite da Pedra Severina, se vê o encontro das águas dos dois rios “Braço Norte Esquerdo” e “Braço Norte Direito”, que, através de um gigante amplexo ecológico, formam o já mencionado Rio Itapemirim.
Há quem diga que em breve se erguerá em seu ápice uma torre onde serão instalados aparelhos para transmissão e captação de ondas (?) para os telefones celulares.
Estive mais perto ainda, em outra oportunidade, na parte inferior, no sopé da tão badalada rocha, na Fazenda dos Vargas, onde há uma pequena cachoeira com pedra acessível a banhos de sol e água límpida, grossos arvoredos, fazendo sombra aos banhistas, tendo na outra margem daquelas quedas d’águas, um imenso bambuzal, que outorga sombra ao seu redor, uma parte em lavoura cafeeira, lavradores trabalhando e um gostoso vento convidativo para se descansar e folgar em dias de férias. Que panorama!
Neste ângulo se vê melhor, no meio da Severina um pequeno sinal de que em parte dela, houve uma pequena sedimentação recente, de pequeno pedaço que se soltou e se espatifou pedreira abaixo. Supõe, um amigo meu, que tal sedimentação seja em razão de relâmpagos que por ali fulminam porções de sua tão dadivosa e estética forma, numa verdadeira descarga infernal e incandescente, tentando desfazer, aos poucos, sua escultura natural concebida pelo Eterno Criador.
Fiquei sabendo ainda que a sua estrutura e essência é formada de granito, que é um minério florescente naquela região, tal como outras pedras visíveis em todo o território dos distritos de Anutiba e Santa Angélica (ambos pertencentes ao Município de Alegre-ES) – uma verdadeira cobiça para os que andam a caça de altos investimentos e do lucro imediato.
Já pude contorná-la de todos os lados, ou seja, pelas três estradas de rodagem que dão acesso a Santa Angélica, partindo-se da Rodovia “Toufik Faissal”. Cada passagem é uma verdadeira beleza ecológica. Olhar a “Severina” de todos os ângulos, é encantador – lá das alturas, bem perto dela, abrindo porteiras e roçando pneus em cada curva ou do sopé, margeando cada coqueiro, cafezal ou riachos lamacentos ou contemplando sítios e fazendas com gados nas pastagens ricas de gordura, para felicitar os pequenos proprietários, na esperança de dias melhores, onde muitos deles, como sói acontecer nestes brasis afora, lamentam a sorte pelas faltas de preço, de recursos, de estradas e de consideração por parte daqueles que com eles transacionam, prometendo pagar-lhes nas datas aprazadas, (o que dificilmente ocorre, em face da crise instalada neste país chamado Brasil), a fim de poderem saldar a tempo, seus compromissos assumidos.
MUNIZ FREIRE/ES, 01.02.1999 – Fernandinho do fórum