PEDRA SEVERINA
PEDRA SEVERINA
Alta, imponente, silente e despreocupada, ocupando um espaço que é todo seu, sem dividir com ninguém, legado providencialmente pelo Eterno Criador, onde se desponta a grande PEDRA SEVERINA, à margem esquerda da rodovia “Toufik Faissal”, cerca de 27 Km, no sentido Muniz Freire – Alegre, após o distrito de Anutiba (ALEGRE-ES).
Trata-se de uma rocha tosca, como rústicas são todas as rochas vislumbradas de perto... com raríssimas moradias no sopé.
Eu a vejo sempre e nunca me canso de o fazer, embora me estristecer, quando me lembro que tem história de morte macabra, em sua existência, mas me regozijo ao recordar que dela também se desponta a vida.
Refletindo primeiramente sobre a morte, verifica-se que tem em si, bem presente, a história de um fazendeiro (que é o que se conta) que, no passado, pôs fim à própria existência, deixando-se rolar da altura máxima desta inocente rocha, resvalando-se montanha abaixo e esboroando-se vertiginosamente, tudo em face das medidas econômicas traçadas pelo governo de então, não bem explicadas ou não tão bem entendidas pela saudosa vítima, causadora de tão horroroso sinistro, para aquela época, quando raríssimas vezes tal fato ocorria, principalmente na vida interiorana que se vivenciava.
Morte, cuja história lúgubre ainda se nota na memória e sentimentos de tantos quanto conheceram ou ouviram contá-la, tão fresca como se houvesse acontecido ontem, uma vez que a memória indelével nos traz reminiscências de perto, acesas a cada vez que por ali se passa, pois não há um sequer, que, apontando a grande pedra, deixa de fazer menção do ocorrido.
Mas, felizmente, tem presente em si o vigor da vida, já que sua própria existência nos faz produzir esta crônica. A sua visibilidade altaneira nos faz românticos. A sua saliência nos inspira. A sua preeminência nos fortalece a imaginação, trazendo à baila uma prosaica literatura...
O verde em sua volta é vida. O vento frio lhe assume as faldas e nos refresca as narinas e enregela as róseas faces, se temperando em tão pomposa rocha, trazendo a amenidade ambiental necessária ao reino animal que por ali mourejam.
O helicóptero em seu zênite não faz pouso, mas os pássaros gorjeiam e as cabras monteses se acasalam. A sua toposidade é real e sua forma é coerente com as milhares de rochas que se vê nesse universo brasileiro.
Gosto de ver seu clímax, à distância, bem de cima da “Ponte do Ernesto”, juntinho à divisa da Fazenda do Sr. Roberto Santos, abeberando-me de um panorama vislumbrante, pois à frente, vê-se as águas caudalosas do rio que desce correnteza abaixo e, no final, de tão original quadro, posso ver a Pedra Severina, parcialmente, mas toda imponente como só ela sabe ser.
É uma visão linda, contemplar a Severina lá da “Ponte do Ernesto”! Delineia-se a natureza um panorama que se descortina incomparável, em virtude do vale que se desfralda a partir daquele ponto, outorgando-nos uma visualização indescritível que nos enche a alma de prazer e os olhos de deslumbre.
Todo esse quadro bucólico, com a Severina diante dos olhos nos transmitindo sonhos reais, despertando-nos para a vida, mesmo que seja uma vida empírica, mas é a realidade que ela pode proporcionar a todo admirador da natureza tão bem feita quanto ela!
MUNIZ FREIRE, ES, de 16 de abril de 1998
Fernandinho do fórum