Cortar na carne dos outros é fácil! Algumas verdades sobre a lei sobre as sacolas plásticas

O governo do Estado de São Paulo encontrou uma solução mágica para acabar com os problemas ambientais: criou uma lei que proíbe os supermercados oferecer sacolas plásticas convencionais aos seus consumidores. Essa é apenas mais uma medida demagógica do governo de São Paulo e das redes de supermercados, pois o mais correto seria a substituição das sacolas plásticas por sacolas de papel ou de plástico biodegradável.

Na verdade o governo paulista estará dando uma mãozinha aos donos de supermercados, pois a medida propiciará R$ 190 milhões em lucros para os empresários do setor. E o coitado do consumidor, como sempre, terá que pagar pelas sacolas plásticas e pelos sacos de lixo convencionais, visto que muitas donas-de-casa reutilizam as sacolas plásticas para acondicionar o lixo doméstico. É como se o meio ambiente se sentisse prejudicado apenas com as sacolas que são doadas pelos supermercados!

A decisão do governo é demagogia pura, pois os supermercados continuam vendendo milhares de produtos em embalagens plásticas, inclusive os refrigerantes em garrafas PET. A solução mágica do governo paulista deverá ser copiada por outros governantes igualmente demagógicos, os quais, ao invés de transferir custos para os contribuintes, deveriam criar um sistema eficiente de coleta de lixo reciclável e lixo orgânico.

De uma hora para outra as sacolinhas plásticas convencionais viraram vilãs. E as demais embalagens plásticas que correspondem a 95% de todo o lixo doméstico? E as sacolas de lixo que os clientes terão que comprar a partir de agora?

Sem as sacolas gratuitas (em tese), a única opção gratuita oferecida pelos mercados, conforme a disponibilidade, será caixas de papelão usadas, que chegam aos mercados com os mais diversos produtos. Essas não são aconselháveis, pois costumam carregar agentes nocivos à saúde, como bactérias e até coliformes totais e fecais. Na prática, se a gente usar essas caixas para trazer os produtos de casa deveremos desinfetar todos eles com água sanitária ou desinfetante. As sacolas retornáveis (principalmente as de tecido em algodão) também oferecem riscos, mas somente se não forem lavadas e desinfetadas com freqüência.

As leis aplicadas em diversas cidades brasileiras contra o uso das sacolas plásticas levantaram uma série de questionamentos por parte dos consumidores e abriram caminho para o mercado publicitário. Parte da indústria se aproveitou dessa dúvida para vender a ideia de que as sacolas oxibiodegradáveis ou biodegradáveis são opções mais ecológicas para substituir as sacolas plásticas tradicionais. No entanto, especialistas alertam que nem sempre a imagem vendida condiz com a realidade.

As oxibiodegradáveis, por exemplo, ainda são alvos de estudos, pois sua eficiência é considerada “obscura”. Essa falta de comprovações motivou o ex-governador de São Paulo José Serra a vetar um projeto de lei que tornava o uso desse produto obrigatório, para substituir os modelos tradicionais. Além disso, diversos especialistas se mostram contra a utilização das sacolas oxibiodegradáveis.

O projeto “Fotodegradação e fotoestabilização de blendas e compostos poliméricos”, do professor Guilherme José Macedo Fechine (Universidade Mackenzie), mostra que apesar de se decompor em micropartículas, este tipo de plástico não é consumido por fungos, bactérias ou protozoários, uma das características essenciais para garantir que os resíduos realmente serão eliminados do ambiente.

A mesma opinião é compartilhada pelo especialista norte-americano Joseph Greene, que realizou o estudo responsável por impedir que a Califórnia adotasse o plástico oxibiodegradável. A pesquisa mostra que esses resíduos não se desintegram, apenas se tornam invisíveis aos olhos.

Segundo Fechine, a única diferença entre o polímero oxibiodegradável e o comum é o tempo de fragmentação, menor no primeiro caso. Mas, em termos ambientais não existe benefício algum. Por enquanto, a única coisa que se pode ter certeza é que os consumidores paulistas arcarão com os prejuízos e a até aí não existe novidade alguma!

IVAN LOPES
Enviado por IVAN LOPES em 25/05/2012
Código do texto: T3688241
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