A invasão de alienígenas.
Interessante como nossa consciência muda com o tempo. O próprio ambiente em que vivemos se encarrega de nos adaptar às circunstâncias.
Diante desse contexto, caso algum de nós já tivesse visto um alienígena espacial aqui na terra, certamente, que no início estaríamos propensos a sentir certo calafrio que nos atormentaria entre o medo e a curiosidade. Entretanto, se essa sensação já tivesse sido explorada antes, o hábito já teria se encarregado da convivência comum com os homenzinhos cibernéticos do espaço.
Nós, que vivemos aqui em Campo Grande, especialmente no Estado de Mato Grosso do Sul, quando saímos para um grande centro, como São Paulo, por exemplo, os paulistas acabam criando sobre nós certo preconceito por vivermos bem ao lado da natureza. Essa proximidade com o meio ambiente nativo, algumas vezes, rende-nos comparações grotescas, quando somos chamados de matutos, homens da onça, ou, outras denominações chulas.
Que não diriam eles se visse que trabalhamos em meio aos Quatis. Quando optamos por trabalhar num ambiente quase nativo, como é o caso desta região do Parque dos Poderes, talvez não fôssemos tão ousados na imaginação para admitir que podíamos conviver, diuturnamente, com animais selvagens.
Pois é. Dia desses ao chegar para a rotina do trabalho, fiquei deslumbrado com a presença das famílias de Quatis. Eles estão tão mansos e tão habituados com nossa presença, que hoje, expandiram-se por conta própria. Saíram do seu território verde, para ingressar na área cimentada que permeia o complexo do Tribunal de Justiça.
Eu, que há décadas do passado vivia no campo, jamais poderia imaginar naquela época que, no porvir de alguns anos do futuro, não ia mais querer utilizar do meu instinto selvagem da caça, por que estaria voltado para a contemplação, que, convenhamos, é algo mais sublime e mais salutar com a nossa consciência de homem de paz.
Hoje, posso parar; evitar minha pressa, para fazer uso de meu celular e filmar uma quantidade imensa de Quatis que me rodeiam e me vêem como seus amigos, ou então, no muito, como alguém que não lhes representa perigo algum.
Essa integração, entre homens e animais, representa os sinais do tempo. Vamos preservar o que ainda nos resta, porque os animais precisam de nós, como nunca. Hoje, superamos a etapa de homem da caça para ingressar na era da preservação e do respeito à natureza.
Os animais agradecem.