ME DÊ ÁGUA! TENHO SEDE E VOU MORRER!

O caso é gravíssimo e as revelações são apresentadas após estudos da ONU; sem qualquer exagero dos números, dados revelam que 1 bilhão de pessoas (18% de toda população mundial) não têm acesso a quantidade mínima aceitável de água potável para o consumo humano. Se isso permanecer assim, em 2025 (daqui há 13 anos), este número poderá chegar a 5,5 bilhões de sedentos. Previsões também revelam que em 2050, ou seja, daqui há 38 anos, apenas ¼ da população do planeta terá acesso regular a água potável; isso que dizer que os outros ¾ passarão sede ou morrerão por causa de falta d’água?

2,2 milhões de pessoas morrem todos os anos por consumirem água contaminada ou de sede absoluta; enquanto isso insistimos em passar horas em banhos; em lavar os carros com o derramamento interminável de água ou ainda, quando lavamos os pratos ou as roupas, não nos preocupamos com algo simples, como fechar a torneira momentaneamente.

A história de que a água será a principal responsável pelos conflitos como as guerras nos próximos anos já povoam sites, revistas e as principais televisões do mundo, isso por quê é cada vez mais óbvio que ela, a água, permanece sumindo na sua versão apropriada para o consumo humano; mesma água que nos fornece alimentos e que nos mantêm com vigor físico.

O Oriente Médio e a África são os lugares onde esta preciosidade já dá sinais claros de raridade; e no Brasil, um privilegiado que armazena mais de 12% de toda a água potável do Globo, pessoas insistem em desperdiçá-la em motivos cada vez mais banais. Em geral são pessoas ignorantes e truculentas que eriçam sobre um padrão efêmero e criminoso afirmando que pagam por aquilo que consomem, achando que o problema é apenas econômico!

Não se observa projetos sérios de armazenamento e tratamento de água no Brasil; e para locupletar esta realidade nefasta, nós, os brasileiros irresponsáveis, ainda lavamos carros, tomamos banho, lavamos pratos, roupas, quintais, ruas e qualquer outro tipo de coisa ou lugar com bastante abundancia de água potável e completo desrespeito a saúde do planeta.

Na última década, a quantidade de água distribuída aos brasileiros cresceu 30%, mas quase dobrou a proporção de água sem tratamento (de 3,9% para 7,2%) e o desperdício ainda assusta: 45% de toda a água ofertada pelos sistemas públicos não são tratadas de forma que nos ofereça um retorno plausível; isso significa, flagrantemente, que quase metade de tudo aquilo que pagamos, por sinal, muito caro, simplesmente é desperdiçado. A água consumida pelos brasileiros, após um descaso oficial e um desrespeito público, já perdeu a característica de recurso natural renovável, sobretudo nas zonas mais densamente povoadas.

Embora a água evapore e regresse sob forma de água relativamente pura e potável, ocorrendo nos oceanos a maior parcela dessa evaporação, poderá ocorrer contaminação caso a atmosfera e o solo estejam poluídos em excesso. Em tese a água não acaba, pois seu ciclo acontece em um sistema fechado, porém o risco de contaminação a longo prazo é real. Nesse sentido, o mais importante não é apenas poupar água, e sim garantir que os meios em que circula (atmosfera e solo) estejam isentos de poluição.

É incrível e pode parecer mentira, mas em pleno Século XXI, onde a tecnologia falta praticamente trazer os mortos a vida, com relação a nossa água as estatísticas são surpreendentes: roubos e vazamentos representam quase 50% da perda de água de nossa rede comercial; 64% das empresas que produzem materiais poluentes despejam estes dejetos diretamente nos rios; 90% de todo nosso esgoto também é jogado diretamente nos rios brasileiros. Há dinheiro para inúmeras pesquisas em diversas áreas; e não serei eu quem afirmará que elas não são importantes, mas falta dinheiro e gente capaz de pesquisar e produzir soluções para estes maus-tratos empregados contra nossa preciosa água.

A água utilizada em banhos, cozinhas e áreas de serviços domésticos poderiam receber um tratamento simples e voltar a ser reutilizadas para inúmeros fins, como por exemplo, outras limpezas como as de carro e de áreas comuns.

Com tantas novas edificações, nesta explosão habitacional e industrial no Brasil, menos de 0,3% destas novas habitações são providas de algum tipo de tratamento de água usada e armazenamento de água da chuva; tudo isso para uso geral e não necessariamente para consumo humano. Num país tão bem provido de chuvas fortes, exceto no Nordeste, ainda não se armazena este contingente pluvial para praticamente nada, a não ser a contribuição que estamos sempre oferecendo para as inundações rotineiras.

As Nações Unidas fornecem dados e mais dados e nenhum governo leva isso a sério; milhões e milhões de dólares financiam estas pesquisas e elas servem apenas para ilustrar textos como o meu. O FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) afirma que para se produzir 1 kg de carne são necessários 15 mil litros de água; para se produzir 1 kg de grãos, 1300 litros de água são necessários.

Dicas e mais dicas são publicadas no sentido de passarmos a respeitar mais e melhor estas regras da economia e tratamento de água; mas será que fazemos destas dicas um totem educacional em nossas vidas? Você já parou para ensinar seus filhos que são através de regras como estas (a seguir) que podemos proporcionar uma melhor qualidade de vida ainda neste século para todos os sobreviventes desta comiseração mundial?

Dicas para uma casa de 3 pessoas para economizar mais de 15 mil litros de água todos os meses!

Racionando água na hora de escovar os dentes ou fazer a barba; e usando apenas o que é necessário para esta finalidade, podemos economizar mais de 1000 litros de água. Se durante o seu banho, mesmo aqueles demorados, você fechar o registro e adotar um padrão de racionamento de 1 minuto menos, economizará até 700 litros. Se você deixar pratos e talheres de molho na pia e lavá-los após 5 minutos, todos de uma só vez e racionando água, poderá economizar até 100 litros. Utilizar a máquina de lavar sempre na capacidade máxima poderá proporcionar uma economia de até 3.500 litros. Usar o balde e não a mangueira para lavar o carro poderá gerar uma economia de até 2 mil litros. Ao invés de lavar a calçada se ela for varrida, a economia será de 2 mil litros. Jamais regue as planas nas horas quentes, pois ela poderá evaporar antes mesmo de atingir as raízes. Uma torneira pingando, gota a gota, gera um desperdício de 1.300 litros. Um vaso sanitário com o novo padrão de descarga com 6 LPF poderá gerar uma economia de até 3 mil litros. E para o seu banho, instale restritores de vazão em seu chuveiro; eles são simples de instalar e baratos; com esta medida adota o seu consumo no banho poderá ser 50% menos e gerar uma economia de 4 mil litros.

Esnobes que somos e ignorantes que já nascemos, enquanto o resto do mundo, cada habitante (em média) consome cerca de 3.300 litros de água por mês; nós, os milionários infelizes, gastamos mais de 6.000 litros por pessoa. Uma economia de 15 mil litros/mês, com a adoção de regras simples, poderá nos colocar abaixo da média mundial de consumo, mas tenho relativas dúvidas se temos esta capacidade!

Minha conclusão é simples; 01) somos verdadeiros suicidas, porque 13 anos passam rápido; 02) somos burros, porque conhecemos o perigo e não damos a menor atenção ao problema; 03) somos assassinos, porque sabemos que muitos morrem por nossa “mea culpa” e fruto de nosso dolo contra a natureza; 04) somos completamente desinformados e podemos mudar o destino do planeta com ações simples, como economizar água!

Eu faço parte do time do grupo 04 e você?

Ajude a difundir este texto, que por mais agressivo que pareça, apenas reflete um dos tantos males causados pelo desperdício de água!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires é autor do Blog www.irregular.com.br

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 05/03/2012
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