Um canto de paz.

Ponte nova vida nova; ou desmatamento e condomínios de luxo em alta temporada?

Um canto de paz.

Em um desses feriados prolongados, me peguei de repente a atravessar a ponte novinha da silva que vai da povoada margem da grande cidade de Manaus, que atualmente entupida por tantos automóveis merece novas pontes e vias expressas. Mas bem não é exatamente desse assunto que eu venho aqui falar, voltemos à ponte que liga o rio Negro de uma margem a outra ainda com aquele cheirinho de presente e daqueles grandes, um merecido presente para o nosso povo, mas comentam as comadres que teve quem ganhasse bem mais com isso...

“Especulações a parte...

É de encantar qualquer um ver a natureza do outro lado da margem dando-se como a dona da situação. E o progresso pede passagem, senti uma pontinha de medo acreditem! Imediatamente após a ponte, pode-se chegar ao pequeno município de Iranduba, cidadezinha graciosa e de um povo ordeiro, seguindo estrada por aproximadamente duas horas pode-se chegar a Manacapuru cidade com mais de cem mil habitantes, já bastante agitada para os meus ideais.

Mas a terceira cidade que visitei se tornou um gigante para os meus olhos sedentos de vida... A encantadora cidade de Novo Airão foge um pouco da rota, mas vale à pena a caminhada silenciosa por entre o verde e a perspectiva de se chegar num mundo repleto de mistério.

Cidadezinha pacata de fato um encanto, povo ribeirinho, o pescador nativo sai cedinho para buscar o sustento da família e esta à tardinha espera em frente a casa pelo seu retorno.

Anavilhanas Ilhas fluviais com suas areias e águas puríssimas são um espetáculo a parte. Estas ilhas repletas com suas preciosas águas doces situam-se por toda aquela região nas proximidades de Novo Airão, são generosas extensões de praias branquinhas e desertas. Não muito distante, porém exige-se alguns dias para uma visita um tanto mais detalhada ao exuberante parque nacional do Jaú com as suas mais incríveis atrações dessa pátria das águas mais puras, natural e natureza.

Hoje me encontro distante, mas um desejo, um sonho embala meus dias forjados de esperança, o de em breve voltar àquelas margens antes que aquela passiva ponte venha a ruir e assim levar consigo o então pacato paraíso, reino dos botos rosa e morenos, morada do curupira, jurupari e bicho folharal.

Recanto das aves silvestres que semeiam a vida em uma revoada de esperança, e pedem a preservação dessas matas declamando um canto de paz.

Costumo agora dizer que: a minha vida se divide em duas partes: uma antes de Anavilhanas e a outra depois, “depois?” tudo que há de se dar só mesmo o tempo poderá responder.

Joelma maia

17/11/2011