Primeiro Verão
Traduzida no seu significado, Primavera é o “primeiro Verão”. Isto é, o primeiro jato da vida que adormeceu no Inverno. Como se o Verão se dividisse em dois momentos distintos. O primeiro mais das flores que dos frutos, embora de ambos.
Vivendo nos trópicos não notamos muito a manifestação da primavera, embora o amarelo do ipê que floresce pontualmente a partir de agosto seja semelhante ao amarelo do semáforo que alerta para a explosão das brotas, caminho aberto para a sinfonia das cores em todas as suas tonalidades.
Sibelius, finlandês e compositor dos mais expressivos, via nas tonalidades da música a variedade das cores da Natureza. Chegava a identificar tonalidades com cores. La maior era azul. Do maior era vermelho. Entendia a harmonia cósmica de todo o universo, onde se percebe que há íntimo parentesco entre todos os fenômenos naturais. Todos diferentes entre si, mas todos procedentes da mesma maternidade: a Natureza.
Nesse concerto, quando a Primavera termina, com sua prolongada canção matizada, entra o segundo Verão, o Verão propriamente dito. Mais frutos que flores. Primavera e Verão ocupam a metade do ano, em que a sinfonia da vida está no apogeu. Em seguida virá o Outono, com as folhas caindo, manifestando o cansaço e apontando para a necessidade do repouso do Inverno.
O Inverno é o retiro espiritual, onde ela vai meditar, na quietude, sobre o mistério da vida. Que nunca deve ser improvisada. Vida improvisada ou precipitada é sempre vida estéril e desastrosa. De todos os mistérios, a vida é o mais próximo do Transcendente de mil nomes.
Findo o Inverno, retoma a Primavera. Na qual estamos agora. Onde tudo começa outra vez. E as Estações engatam-se uma às outras, como notas da partitura de uma sinfonia que atravessa o tempo, sabendo que lá na frente, há um ponto de chegada, para o qual todas as notas confluem em “gran finale”.
Nesse concerto harmonioso, estupendo e complexo, vagueia um ser estranho. Ora alucinado e feliz com a beleza que o cerca, ora armado e feroz, devastando tudo o que está ao seu alcance. É o ser humano. Capaz de dar continuidade à sinfonia criada por Deus e capaz, também, de agredi-la com a destruição. Ser contraditório, ora deslumbrando com o que produz, ora assustando com aquilo que é capaz de destruir. E é dessa contradição que está repleta a História do passado. E é com essa contradição que se apavoram os olhos que tentam vislumbrar o futuro. Somos parte dessa contradição. No emaranhado enorme de uma Natureza obediente e de uma Humanidade rebelde.
Ficar nas lamúrias do que passou é perda de tempo. Confiar no milagre de algo melhor, sem nada fazer para isso, é ignorância. Somos donos de nossa consciência. Não somos donos dos “belos montes” da História.
Resta-nos caminhar pela nossa vereda humilde, sem perder o rumo que leva ao destino certo. É isso que nos diz a Primavera, a cada ano. Após a travessia do inverno, a vida explode, colorida e festiva.
Traduzida no seu significado, Primavera é o “primeiro Verão”. Isto é, o primeiro jato da vida que adormeceu no Inverno. Como se o Verão se dividisse em dois momentos distintos. O primeiro mais das flores que dos frutos, embora de ambos.
Vivendo nos trópicos não notamos muito a manifestação da primavera, embora o amarelo do ipê que floresce pontualmente a partir de agosto seja semelhante ao amarelo do semáforo que alerta para a explosão das brotas, caminho aberto para a sinfonia das cores em todas as suas tonalidades.
Sibelius, finlandês e compositor dos mais expressivos, via nas tonalidades da música a variedade das cores da Natureza. Chegava a identificar tonalidades com cores. La maior era azul. Do maior era vermelho. Entendia a harmonia cósmica de todo o universo, onde se percebe que há íntimo parentesco entre todos os fenômenos naturais. Todos diferentes entre si, mas todos procedentes da mesma maternidade: a Natureza.
Nesse concerto, quando a Primavera termina, com sua prolongada canção matizada, entra o segundo Verão, o Verão propriamente dito. Mais frutos que flores. Primavera e Verão ocupam a metade do ano, em que a sinfonia da vida está no apogeu. Em seguida virá o Outono, com as folhas caindo, manifestando o cansaço e apontando para a necessidade do repouso do Inverno.
O Inverno é o retiro espiritual, onde ela vai meditar, na quietude, sobre o mistério da vida. Que nunca deve ser improvisada. Vida improvisada ou precipitada é sempre vida estéril e desastrosa. De todos os mistérios, a vida é o mais próximo do Transcendente de mil nomes.
Findo o Inverno, retoma a Primavera. Na qual estamos agora. Onde tudo começa outra vez. E as Estações engatam-se uma às outras, como notas da partitura de uma sinfonia que atravessa o tempo, sabendo que lá na frente, há um ponto de chegada, para o qual todas as notas confluem em “gran finale”.
Nesse concerto harmonioso, estupendo e complexo, vagueia um ser estranho. Ora alucinado e feliz com a beleza que o cerca, ora armado e feroz, devastando tudo o que está ao seu alcance. É o ser humano. Capaz de dar continuidade à sinfonia criada por Deus e capaz, também, de agredi-la com a destruição. Ser contraditório, ora deslumbrando com o que produz, ora assustando com aquilo que é capaz de destruir. E é dessa contradição que está repleta a História do passado. E é com essa contradição que se apavoram os olhos que tentam vislumbrar o futuro. Somos parte dessa contradição. No emaranhado enorme de uma Natureza obediente e de uma Humanidade rebelde.
Ficar nas lamúrias do que passou é perda de tempo. Confiar no milagre de algo melhor, sem nada fazer para isso, é ignorância. Somos donos de nossa consciência. Não somos donos dos “belos montes” da História.
Resta-nos caminhar pela nossa vereda humilde, sem perder o rumo que leva ao destino certo. É isso que nos diz a Primavera, a cada ano. Após a travessia do inverno, a vida explode, colorida e festiva.