A AGONIA DE GAIA

A preocupação com o meio ambiente remonta há milênios, ou seja, ela existe desde a criação do mundo por Deus. Em Genesis, capítulo 2, versículo 15, Deus ordenou que o homem habitasse e dominasse a Terra-mãe (Gaia), mas que também a guardasse e determinou os cuidados que a ela fossem dispensados pelo homem. Passados tantos milênios de usufruto do habitat criado e ao homem doado por Deus, Gaia dá sinais de cansaço e agoniza em razão do propalado progresso.

O homem na vã tentativa de encontrar e usufruir de melhores condições de vida procura harmonizar seus intentos com a utilização dos recursos naturais – finitos e sem os necessários cuidados com a preservação do que hoje parece abundante, mas que, por conta da má utilização, estão se tornando escassos numa velocidade sem precedente na história da humanidade. A degradação ambiental, produto da ganância, da má combinação dos tais fatores de produção e do descaso com a biodiversidade, tem provocado um processo crescente de deteriorização do que ainda nos resta como recurso natural disponível. A derrubada de florestas, incluindo-se nela, a destruição de matas ciliares; o descaso com as nascentes de rios e córregos; a poluição de reservas hídricas (açudes, lagos, barragens e lagoas); a utilização indiscriminada e sem planejamento do lençol freático; o crescimento do número de aterros sanitários nos grandes, médios e pequenos centros urbanos; a utilização desregrada de defensivos agrícolas e de outros produtos químicos que visam aumentar a produtividade do solo; o crescimento desenfreado da indução ao consumo, dentre outras mazelas do mundo moderno, enseja-nos procurar alternativas outras que possibilitem às futuras gerações viverem num mundo, que não seja um Éden, mas que garanta um mínimo de estabilidade e coerência em relação ao que dispomos e utilizamos. Felizmente, o Art. 225 da Constituição Federal de 1988, em seu item VI do § 1º, incumbe ao setor público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino. Pena que o preceito constitucional ainda não é seguido à risca pelo ente que é obrigado a obedecê-lo – o Estado. Desde a promulgação da CF, passados 22 anos, o Estado e nós estamos ainda esperando o esgotamento dos recursos para que, de fato, cuidemos de Gaia conforme os preceitos bíblicos.

Artigo publicado no Jornal Diário do Povo de Teresina-PI. em 07.05.2011.

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 07/05/2011
Reeditado em 07/05/2011
Código do texto: T2954919