Questões Ambientais – Mil Anos??
“O pior cego é aquele que NÃO QUER VER!” – já diz o ditado popular.
As questões ambientais estão em evidência nos noticiários, nos jornais, nos filmes... Prova disso é o documentário “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar na categoria documentário estranjeiro.
É preciso lembrar que quando se fala em meio ambiente, não estamos falando apenas em “espécimes animais ameçadas de extinção em florestas distantes...” – NÃO! O meio ambiente é tudo que nos cerca, assim a temática ambiental é muito abrangente. Ela envolve, por exemplo, as enxentes na “cidade grande”, alagamentos tão pertinho de nós, causados muitas vezes pelo lixo que se joga irresponsavelmente no chão, e tem como conseqüência o entupimento dos bueiros – não havendo para onde a água da chuva escoar, acontece o alagamento.
Estamos falando da reciclagem, como forma de reaproveitar conscientemente tudo aquilo que é possível, ao invés de simplesmente descartar como lixo comum. Novidade para aqueles que ainda não perceberam: NEM TUDO É LIXO! E falando de reciclagem, falamos ainda de questões SOCIAIS, pois convido a todos que me lêem a visitar uma cooperativa de reciclagem e ver quantos trabalhadores sustentam suas famílias com o dinheiro vindo deste digno trabalho!
Ao falarmos de meio ambiente, falamos também da poluição atmosférica causando problemas de saúde, como exemplo a renite que tantos hoje em dia apresentam. Falamos de animais abandonados nas ruas, podendo transmitir doenças ao homem (zoonoses). Falamos ainda da economia de recursos naturais, para que não haja escassez de água potável, ou ainda o risco de cidades ficarem no escuro causado por um apagão...
E pasmem, apesar de tudo isso, recentemente ouvi de um assessor político de alto escalão de uma cidade, que... “trabalhos de Educação Ambiental não adiantam, pois estas questões são para daqui há MIL ANOS!”
Mil anos? Será que a humanidade terá condições de vida como tem hoje, daqui há mil anos, se continuarmos a devastar irresponsavelmente o meio ambiente? Porque como dizem (e adoro esta frase!), “o planeta se renova e segue em frente, mas a humanidade NÃO.”
Foi assim que o assessor em questão ganhou um apelido carinhoso: “Mil Anos” – lembrando que “conto o milagre, mas não conto o nome do santo” (risos).
E o chefe dele acaba de ganhar um apelido também: “Prefeito do Zé Colméia”.
Sim, assisti recentemente ao filme Zé Colméia com meu filho, e que filme bacana, divertido e politicamente correto – ao contrário de certos “políticos”...
Para quem não assstiu ainda ao filme do Zé Colméia, o Parque Jellystone corre o risco de fechar, pois o Prefeito da cidade quer desmatá-lo, cortar todas as árvores e transformá-lo num negócio mais rentável... tão rentável que será possível comprar muitos, MUITOS votos para que ele se torne governador. Zé Colmeia, Catatau e o Guarda Smith precisarão se unir para salvar o parque – ótima atração! Indico a todos, adultos e crianças.
Pois agora explico o porquê de “certo” prefeito ganhar o apelido carinhoso de “Prefeito do Zé Colméia” – porque talvez ele não seja muito diferente do prefeito do filme, que devido sua incompetência precisa de um assessor “puxa-saco” até para baixar a janela do carro, já que ele não se acerta com os botões... muito complicado para ele...
Recentemente em um município deste nosso imenso Brasil, um grupo de funcionários públicos comprometidos e bem intencionados marcou uma reunião para apresentar ao excelentíssimo senhor Prefeito um projeto chamado “Troca Verde” – projeto este que teria benefícios triplicados. Explico o porquê: este projeto consiste em investir na agricultura local, com o cultivo de hortaliças variadas. Depois incentiva-se a comunidade para que leve materiais recicláveis e troque por essas hortaliças – ou seja, alimento para as famílias mais carentes, através da troca de recicláveis, materiais que podem ser reaproveitados. E estes mesmos materiais são na seqüência encaminhados a uma cooperativa de reciclagem, ou seja, aumento de quantidade de materiais recicláveis para a cooperativa, o que também melhorará a renda dos trabalhadores associados.
Como vemos, o projeto proposto beneficia três classes: os agricultores, que podem produzir com a garantia de consumo de suas hortaliças; a população recebendo as hortaliças e tendo uma alimentação mais saudável; e a cooperativa, recebendo os materiais recicláveis entregues pela população.
Porém, pasmem mais uma vez, extremamente atrasado para a reunião, o “Prefeito do Zé Colméia” entra na sala, cumprimenta a todos e na seqüência se desculpa por não poder participar da mesma, uma vez que há um outro grupo de pessoas esperando para falar com ele, e trata-se de... “um assunto MUITO MAIS IMPORTANTE do que falar de LIXO”.
- Ei, “Prefeito do Zé Colméia”, estamos falando de materiais recicláveis, ou seja, “lixo” que NÃO É lixo!” Será que é tão difícil entender??
Mas provavelmente o digníssimo prefeito está seguindo o conselho de seu assessor-mor: “esta é uma questão para daqui há mil anos...”
Mil anos? Será mesmo? – Acorda, minha gente! Social e ambiental caminham juntos...