A morte de uma centenária

A concorrida eleição do dia 3 de outubro terminou, pelo jeito o partido verde, partido esse tendo como candidata uma mulher, guerreira, que ama a natureza e por ela tem se empenhado na luta contra os machadeiros e as motos serras, contra o capitalismo selvagem, tem muitos verdes que não amam o verde. Obrigado candidata Marina você deixou de um modo limpo sua mensagem, suas propostas, seus projetos.

Essa semana eu fiquei triste, deparei-me com um assassinato. Uma árvore, segundo minha mãe, ela tinha mais de 100 anos. Quantos viajantes descansaram debaixo daquela árvore, quantos insetos brincaram, subiram naquele frondoso tronco, as cigarras fizeram seus concertos, pássaros fizeram amor em seus galhos, quantas outras aves protegeram-se do sol, das chuvas, quantos cantores sabiás deram seus shows naquele galho escolhido para alegrar as manhas e tardes, como prova de todos que tem fôlego devem louvar ao seu criador.

A ganância do homem a matou cometeram um assassinato, quando fui perguntar a razão do assassinato, disseram-me: Ela estava atrapalhando os caminhões, e outros veículos passarem, Imaginem-se uma árvore com mais de 100 anos atrapalhando uma safra que dura dias, não tiveram paciência com ela por causa de dias. Vejo outras árvores sendo cortadas vencidas pelas vassouras das senhoras. Dizem que elas fazem muitas sujeiras, com suas folhas e flores, á Idéias que nascem nas vassouras. Outras vezes passo pela cidade e vejo árvores que moradores cortam e ficam somente os galhos parecendo cabides de pendurar chapéus. Percebam que as árvores não guardam rancor e logo querem continuar a viver soltando seus brotinhos...

Para surpresa fui relatar o fato a um indivíduo ele disse: Como poderia ficar perdendo tempo e tão preocupado com algo sem importância como árvores. O prazer em cortar árvores, me parece, está ligado à volúpia do poder. Quem corta tortura ou mata experimenta o prazer de exercer poder sobre o mais fraco. Mas acho que o prazer em cortar árvores está ligado a uma coisa mais sinistra. Suspeito que estejamos vivendo um momento de metamorfose da nossa condição humana. Até agora temos sido habitantes do mundo da vida. Nosso habitat é constituído por florestas, animais, rios e mares. Somos seres biológicos, corpos. Mas agora estamos mudando de casa. Estamos trocando nossa casa biológica por outra casa eletrônica. Dedico esse artigo a todos os companheiros da ONG Olho DÀGUA, a falecida senhora Alzira, que cuidada de nossa praça no jardim das oliveiras, Todos que de modo geral lutam para que não deixem que o nosso lindo planeta morra.

Outubro de 2010. J.F.A

jafjaf
Enviado por jafjaf em 16/11/2010
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