A MESA E A FORMIGUINHA

A MESA E A FORMIGUINHA

Por Aderson Machado.

Era um lindo dia da primavera de 2009. O sol aparecia imponente, e fazia muito calor. Apesar de estar numa praia, não optei por ir à beira mar. Escolhi um restaurante, recuado da orla marítima, para ir saborear uma “loira bem gelada”.

Logo que cheguei ao restaurante, por volta do meio-dia, fazia um calor abrasador, apressei-me em chamar o garçom, e logo pedi a minha cerveja. Uma cervejinha estupidamente gelada, foi essa a minha exigência, enquanto consumidor. Incontinenti, o waiter me trouxe a cerveja, e ainda perguntou-me se eu queria algo mais. Eu disse que não.

Pois bem, quando estava saboreando o primeiro copo da cerveja, eis que uma formiguinha me aparece passeando por sobre a minha mesa, sem um rumo definido – pelo menos para mim. Ela ia pra lá e pra cá, indiferente a tudo e a todos. E eu, não sei por que, imediatamente tive uma vontade de dar cabo à vida daquela inocente e indefesa formiguinha. Bastava apenas esmagá-la ali mesmo em cima da mesa. Mas antes de perpetrar tal atrocidade, eu parei para refletir um pouco, no que fiz muito bem. Afinal de contas, que mal estaria aquela formiguinha me fazendo?

Estaria ela, por outro lado, colocando em risco a minha integridade física? Decerto que não, até porque era apenas uma formiga; não se tratava de um formigueiro. Aí a coisa mudaria de feição.

Antes de prosseguir com este texto, gostaria de fazer um parêntese. É que o leitor, a esta altura, deve estar pensando que este escriba está sem assunto, ou, por outra, está delirando. Ou ainda pode pensar que minha inspiração hoje não está das melhores, exatamente por ter escolhido uma simples formiguinha para fazer estas reflexões.

Independente do que o leitor possa pensar, a vida de uma formiga não é diferente da vida de um ser humano. Demais, ela é criatura do mesmo criador – Deus. É, ou não é o que estou afirmando?

Então, vou prosseguir com o texto.

Imaginem os senhores leitores se eu tivesse matado aquela inocente formiga. Em primeiro lugar, o que eu teria ganho? Com certeza pelo menos um pouco de remorso. E com esse gesto eu não teria resolvido os meus problemas, e tampouco teria dado uma contribuição positiva ao nosso meio ambiente. Muito pelo contrário, se todo mundo pensasse como eu, e fosse exterminando todas as formigas que aparecessem por aí afora, com certeza haveria um desequilíbrio ecológico, pois, como todos sabemos, não só o extermínio de árvores prejudica o ecossistema; o de animais, também

Pelo exposto, o leitor deve inferir que este escriba tem um excessivo respeito à vida, quer seja de um animal, planta ou ser humano, principalmente.

A propósito, muitas pessoas influentes tinham um imenso amor aos animais. Só para citar um exemplo, Da Vinci costumava ir às feiras livres onde se vendiam pássaros e comprava-os, não para si, mas para se dirigir ao parque mais próximo e se deleitar com a visão da liberdade, abrindo as portinholas das gaiolas de onde eles voavam para o céu. Que beleza de espetáculo!...

Goethe foi outro que pisava o chão com muito cuidado para não matar uma possível formiga. E por aí vai.

Quero finalizar voltando à formiguinha que motivou este texto. Pois não é que ao terminar minha cerveja não a vi mais a sobre a minha mesa!

Decerto ela foi se encontrar com os seus pares, já que eu não lhe dera muito atenção.

Pelo menos preservei a sua vida.

Menos mal.

Aderson Machado
Enviado por Aderson Machado em 10/11/2010
Código do texto: T2606883