LOBO-GUARÁ
Uma das áreas mais importantes de preservação ambiental no Distrito Federal é o Parque Nacional de Brasília, também conhecido como Água Mineral, que foi criado em 1961 com o objetivo de manter as espécies da fauna (onça pintada e suçuarana; tamanduás mirim e bandeira; anta, lobo-guará, capivara, raposa, jaguatirica, gato-do-mato; aves como ema, tucano, seriema, pica-pau, canário-da-terra, sabiá, anum, joão-de-barro, periquito, papagaio, jandaia, tico-tico, gavião), bem como preservar amostras típicas da flora (bromélias, orquídeas e árvores como pequi, pau-terra, cagaita, carvoeiro, jacarandá, jatobá, ipê, sucupira, angico , lobeira).
Vou contar-lhes sobre uma das espécies de carnívoros, que é bastante presente no nosso cerrado. Mas antes, gostaria de me reportar ao clássico da Literatura Infantil, obra dos Irmãos Grimm, que assim pode ser resumido:
Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho que foi visitar sua avó. Esta morava distante e estava doente. Sua mãe queria notícias da velha senhora e mandou a filha levar-lhe alguns doces. O caminho era longo e passava por uma floresta. Matreiro, o Lobo-Mau dizendo-se o guarda da floresta abordou a menina no caminho fingindo ser seu amigo, mas a intenção era comer a neta e a avó. Ao chegar à casa da avó Chapeuzinho Vermelho foi tomada de surpresa, pois a encontrou diferente de como a conhecia. É que o esperto do Lobo-Mau adiantara-se e já comera a velhinha. Vestiu sua roupa e, metendo-se em sua cama, esperava para dar o bote final na menina.
Há também a musiqueta atribuída ao Lobo-Mau, cantada pelas crianças:
“Eu sou o lobo-mau, lobo-mau, lobo-mau... Pego as criancinhas pra fazer mingau.”
Mas será que a fama de feroz, perigoso, comedor de gente é compatível com a realidade do Lobo?
Bem, o lobo brasileiro comumente conhecido como LOBO-GUARÁ é o objeto do nosso texto. Vamos, portanto, averiguar se ele representa mesmo tanto risco.
Animal de médio porte e esguio (mede cerca de 1,90 m e pesa de 20 a 23 quilos), o Lobo-Guará possui pernas compridas, orelhas grandes ovaladas e acinzentadas por dentro, audição aguçada, envergadura alta e alongada, pêlos avermelhados ou marrons de muita beleza, cauda curta e linda crina escura na nuca, que lhe rendeu o apelido em inglês de “maned wolf” (lobo de crina). Possui mandíbulas fracas e se alimenta de vegetais, frutas silvestres e pequenos animais (roedores, répteis, pássaros, ovos, peixes, rãs e insetos).
Na sua dieta é indispensável o fruto da Lobeira (Solanum lycocarpum), que funciona como um vermífugo natural contra a parasitose renal provocada pelo nematóide Dioctophyna renale. A dependência em relação a esse fruto é tal que a sua ausência na alimentação leva o animal à morte fatalmente.
Os pesquisadores garantem que na sua dieta diversificada galinhas são raras. Só entram no cardápio quando o homem não lhe deixa nenhuma outra alternativa de sobrevivência.
Seu habitat natural é principalmente o Cerrado onde se locomove com facilidade entre a vegetação alta, devido às pernas longas e a altivez com que circula.
Maior canídeo da América do Sul, o lobo-guará necessita de grandes extensões de área abertas para sobreviver e manter uma população equilibrada. No Brasil, pode ser encontrado nas matas do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, sul do Piauí, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. E ainda nos vizinhos países da Bolívia, Paraguai e Argentina.
É um animal tímido e arredio que se mantém afastado do ser humano. Todavia é comum aparecer nas chácaras e fazendas da região atraído pelo cheiro da comida, especialmente do arroz cozido ou por animais domésticos, como as galinhas e répteis em geral.
Só é visto nas áreas urbanas quando lhe falta por onde peregrinar nas regiões selvagens.
Outra característica interessante do lobo-guará é a de ser caçador solitário – não se junta em alcatéia - embora alguns vivam com uma única fêmea a vida inteira.
É seguramente uma das maiores vítimas dos atropelamentos nas estradas brasileiras. Dados coletados na Estação Ecológica de Águas Emendadas, no Distrito Federal, apontam para uma média considerável: mais de quatro lobos-guarás são mortos anualmente debaixo das rodas de veículos que passam em alta velocidade pela rodovia às margens da reserva. Se projetados para outras regiões, os dados revelam um grave problema para a conservação da espécie. O índice de atropelamentos é considerado altíssimo para esse animal, cuja população é escassa e encontra-se em situação vulnerável na Lista das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção. A Associação Pró-Carnívoros elaborou até uma cartilha com os principais procedimentos a serem adotados pelos motoristas que circulam em regiões onde existem lobos-guarás, disponibilizando-a em seu site www.procarnivoros.org.br
O Lobo-Guará é uma das prioridades do Centro Nacional de Pesquisa para Conservação dos Predadores/Cenap do Ibama e da Associação Pró-Carnívoros. Por esta razão estes Órgãos, juntamente com os demais especialistas no assunto, implementam um plano de ação nacional, com o fim de garantir a sobrevivência da espécie símbolo do Cerrado.
Curiosamente, na primeira década de existência do Distrito Federal, era comum aos candangos se depararem com lobos na área ao redor do também denominado Córrego Guará. Nas suas proximidades foi sendo construído um Núcleo Residencial destinado a abrigar, originalmente, os trabalhadores do SIA – Setor de Indústria e Abastecimento. Em 1967, inaugurou-se finalmente a Cidade do Guará, que posteriormente foi dividida em Guará I e Guará II e que hoje possui um grande contingente populacional, expulsando assim o Lobo para outras áreas.
De origem Tupi Guarani, a palavra Guará era usada pelos índios justamente para denominar o Lobo Brasileiro, que cientificamente é registrado como Chrysocyon brachyurus.
Como vimos, na verdade, os alemães Irmãos Grimm acabaram atemorizando e enganando as criancinhas indevidamente ao passar-lhes a idéia de que o lobo é mau. Coitado!
A despeito disso, suas historias infantis são consideradas Patrimônio da Humanidade dentro do programa Memória do Mundo da UNESCO
Vou contar-lhes sobre uma das espécies de carnívoros, que é bastante presente no nosso cerrado. Mas antes, gostaria de me reportar ao clássico da Literatura Infantil, obra dos Irmãos Grimm, que assim pode ser resumido:
Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho que foi visitar sua avó. Esta morava distante e estava doente. Sua mãe queria notícias da velha senhora e mandou a filha levar-lhe alguns doces. O caminho era longo e passava por uma floresta. Matreiro, o Lobo-Mau dizendo-se o guarda da floresta abordou a menina no caminho fingindo ser seu amigo, mas a intenção era comer a neta e a avó. Ao chegar à casa da avó Chapeuzinho Vermelho foi tomada de surpresa, pois a encontrou diferente de como a conhecia. É que o esperto do Lobo-Mau adiantara-se e já comera a velhinha. Vestiu sua roupa e, metendo-se em sua cama, esperava para dar o bote final na menina.
Há também a musiqueta atribuída ao Lobo-Mau, cantada pelas crianças:
“Eu sou o lobo-mau, lobo-mau, lobo-mau... Pego as criancinhas pra fazer mingau.”
Mas será que a fama de feroz, perigoso, comedor de gente é compatível com a realidade do Lobo?
Bem, o lobo brasileiro comumente conhecido como LOBO-GUARÁ é o objeto do nosso texto. Vamos, portanto, averiguar se ele representa mesmo tanto risco.
Animal de médio porte e esguio (mede cerca de 1,90 m e pesa de 20 a 23 quilos), o Lobo-Guará possui pernas compridas, orelhas grandes ovaladas e acinzentadas por dentro, audição aguçada, envergadura alta e alongada, pêlos avermelhados ou marrons de muita beleza, cauda curta e linda crina escura na nuca, que lhe rendeu o apelido em inglês de “maned wolf” (lobo de crina). Possui mandíbulas fracas e se alimenta de vegetais, frutas silvestres e pequenos animais (roedores, répteis, pássaros, ovos, peixes, rãs e insetos).
Na sua dieta é indispensável o fruto da Lobeira (Solanum lycocarpum), que funciona como um vermífugo natural contra a parasitose renal provocada pelo nematóide Dioctophyna renale. A dependência em relação a esse fruto é tal que a sua ausência na alimentação leva o animal à morte fatalmente.
Os pesquisadores garantem que na sua dieta diversificada galinhas são raras. Só entram no cardápio quando o homem não lhe deixa nenhuma outra alternativa de sobrevivência.
Seu habitat natural é principalmente o Cerrado onde se locomove com facilidade entre a vegetação alta, devido às pernas longas e a altivez com que circula.
Maior canídeo da América do Sul, o lobo-guará necessita de grandes extensões de área abertas para sobreviver e manter uma população equilibrada. No Brasil, pode ser encontrado nas matas do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, sul do Piauí, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. E ainda nos vizinhos países da Bolívia, Paraguai e Argentina.
É um animal tímido e arredio que se mantém afastado do ser humano. Todavia é comum aparecer nas chácaras e fazendas da região atraído pelo cheiro da comida, especialmente do arroz cozido ou por animais domésticos, como as galinhas e répteis em geral.
Só é visto nas áreas urbanas quando lhe falta por onde peregrinar nas regiões selvagens.
Outra característica interessante do lobo-guará é a de ser caçador solitário – não se junta em alcatéia - embora alguns vivam com uma única fêmea a vida inteira.
É seguramente uma das maiores vítimas dos atropelamentos nas estradas brasileiras. Dados coletados na Estação Ecológica de Águas Emendadas, no Distrito Federal, apontam para uma média considerável: mais de quatro lobos-guarás são mortos anualmente debaixo das rodas de veículos que passam em alta velocidade pela rodovia às margens da reserva. Se projetados para outras regiões, os dados revelam um grave problema para a conservação da espécie. O índice de atropelamentos é considerado altíssimo para esse animal, cuja população é escassa e encontra-se em situação vulnerável na Lista das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção. A Associação Pró-Carnívoros elaborou até uma cartilha com os principais procedimentos a serem adotados pelos motoristas que circulam em regiões onde existem lobos-guarás, disponibilizando-a em seu site www.procarnivoros.org.br
O Lobo-Guará é uma das prioridades do Centro Nacional de Pesquisa para Conservação dos Predadores/Cenap do Ibama e da Associação Pró-Carnívoros. Por esta razão estes Órgãos, juntamente com os demais especialistas no assunto, implementam um plano de ação nacional, com o fim de garantir a sobrevivência da espécie símbolo do Cerrado.
Curiosamente, na primeira década de existência do Distrito Federal, era comum aos candangos se depararem com lobos na área ao redor do também denominado Córrego Guará. Nas suas proximidades foi sendo construído um Núcleo Residencial destinado a abrigar, originalmente, os trabalhadores do SIA – Setor de Indústria e Abastecimento. Em 1967, inaugurou-se finalmente a Cidade do Guará, que posteriormente foi dividida em Guará I e Guará II e que hoje possui um grande contingente populacional, expulsando assim o Lobo para outras áreas.
De origem Tupi Guarani, a palavra Guará era usada pelos índios justamente para denominar o Lobo Brasileiro, que cientificamente é registrado como Chrysocyon brachyurus.
Como vimos, na verdade, os alemães Irmãos Grimm acabaram atemorizando e enganando as criancinhas indevidamente ao passar-lhes a idéia de que o lobo é mau. Coitado!
A despeito disso, suas historias infantis são consideradas Patrimônio da Humanidade dentro do programa Memória do Mundo da UNESCO