A QUE PREÇO?

Agora há pouco não havia algo mais maravilhoso na cidade de São Paulo, do que o paradisíaco pôr-do -sol, não fosse a maior maravilha de poder vê-lo, de fato, um espetáculo de encher os olhos!

Porém, paradoxalmente a tanta beleza, pela terceira vez consecutiva nesta semana, São Paulo se encontra em estado de atenção em virtude da baixa excessiva da umidade relativa do ar, com consequente piora da sua qualidade, que chega a índices alarmantes.

Um caos para a saúde respiratória das pessoas, principalmente das crianças, idosos e indivíduos alérgicos.

Embora se tente o controle da qualidade do ar, a falta de chuvas e as queimadas, que também já ocorrem por aqui, tornam a situação de muito difícil controle.

Fato é que, apesar da inspeção veicular estar a todo vapor, a fumaça que se vê a olhos nús pelos escapamentos de muitos veículos também está num vapor maior ainda.

Um vapor negro que pulveriza toneladas de produtos tóxicos sobre a vida da cidade. Vejo tal fenômeno nas rodas dos automóveis que, depois de dois dias de lavadas, ficam negras como carvão, o mesmo pó de combustão que invade o sistema respiratório das pessoas e se deposita nos seus pulmões. O estrago é impressionante.

Não se dá conta dos atendimentos de doenças respiratórias por aqui.

A frota de veículos cresce a cada dia e o estímulo para consumo de novos automóveis é totalmente inconsciente frente ao sério problema ambiental. Nisso ninguém interfere.

Deveria haver maior fiscalização, quem sabe um mutirão ecológico nas ruas, para que se vetasse a circulação dos automóveis que jorram a vísivel fumaça negra na atmosfera das vias públicas.

O rodízio em nada ajuda nesta dramática situação de seca e poluição, porque pessoas adquiriram mais veículos para vencer os dias de rodízio. Que tal ser permitido apenas um veículo por pessoa?

Com requinte de cidade grande, aonde tudo acontece, a grande Sampa já paga altas faturas pelo progresso desordenado e caótico que lhe confere o trágico status de megalópole.

Aonde a vida poderia acontecer, paradoxalmente, já não há grandes espaços para a vida. Simplesmente estamos a sucumbir nas cinzas da cortina cinza que paira sobre nós.

Progresso sim...mas, a que preço?

Mesmo assim, um belo mas nostálgico sol nasce e se põe todos os dias, sempre na esperança dum horizonte mais promissor de respeito à vida.

Um sol que milagrosamente ainda insiste em brilhar para todos.