DIA DA MATA ATLÂNTICA: COMEMORAR O QUE?
Neste dia 27 de maio, comemora-se o “Dia Nacional da Mata Atlântica”, bioma com a maior biodiversidade do planeta, mas também um dos ecossistemas mais ameaçados da Terra. Nela estão quase 20% de todas as formas de vida animal e vegetal do planeta. Somente de aves e pássaros são conhecidas 1.020 espécies – número três vezes superior ao catalogado em toda a Europa. Lá também estão 513 espécies de mamíferos, 350 de peixes, 340 de anfíbios e 197 de répteis. São mais de 20 mil espécies vegetais, 8 mil delas endêmicas.
Há cinco séculos, a mata cobria quase todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Era a segunda maior floresta tropical do país, somente atrás da Floresta Amazônica, com uma área ocupada de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Mas o homem se encarregou de mudar esse status e hoje a floresta tem cerca de 90 mil quilômetros quadrados, o que representa apenas 7% da sua extensão original.
A floresta começou a ficar menor a partir do século XVI, com a extração do Pau-Brasil, e continua diminuindo a cada dia por conta de fatores como a explosão demográfica e a especulação imobiliária, a derrubada para a expansão das atividades agrícola (entre elas a monocultura da cana-de-açúcar) e pecuária, instalação de carvoarias e a extração ilegal e predatória do palmito (Euterpe edulis), da erva-mate (Ilex paraguariensis) e de outras plantas.
Entre os anos de 1985 e 1990 foram derrubadas aproximadamente 1,2 milhão de árvores. Em alguns lugares, como no Rio Grande do Norte, a mata desapareceu. No restante do país encontramos apenas vestígios da floresta em 13 Estados e o que ainda existe são pequenas ilhas de manchas verdes.
Sem a floresta, não haverá umidade suficiente para provocar chuvas, agravando a seca no Nordeste, além de vermos diminuído o poder de captura do CO2 atmosférico. Sem floresta não haverá fauna. Das mais de 200 espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção, 171 tem ali o seu habitat, como o Mico-leão-dourado, o Mico-leão-da-cara-preta, o Lobo Guará, o Tatu Canastra, a Jacutinga, o Papagaio-chauá, a Arara-azul e o Sagüi-da-serra.
Diante desses números a que conclusão chegamos? A de que não há nada a comemorar neste dia 27 de maio. A Mata Atlântica não tem nada para festejar. Muito pelo contrário! Esse momento deve ser de reflexão. O animal-homem deve parar para se arrepender, se penitenciar pela derrubada e destruição de milhões de árvores, pelas mortes causadas; pela agonia que provoca a centenas de espécies de plantas e animais a beira da extinção e por outras tantas que já desapareceram.
Felizmente, o pouco que existe ainda pode ser mantido e preservado, assim como as mais de 850 Unidades de Conservação e Parques Nacionais, criados ao longo das últimas décadas com o objetivo de proteger a biodiversidade daquele bioma. Pelo menos hoje, pensemos na possibilidade de abdicarmos do direito de destruir e de poder viver harmonicamente com a natureza. Ela vai agradecer...e as próximas gerações também.