Copenhague e o pandemônio climático
Será que alguém neste planeta, que seja adulto, proprietário de uma sã consciência, acreditou haver alguma possibilidade de sucesso na imensa, estrondosa e ultradispendiosa mobilização de políticos, ministros e dirigentes de estado incompetentes, acompanhados de puxa-sacos e agregados, fora os oportunistas de plantão, com a finalidade de chegar a um acordo coerente e produtivo contra o combate ao efeito estufa? Caso isso tenha ocorrido, seria de bom alvitre descobrir-se o infeliz e colocá-lo sob camisa de força, porque ele pode vir a se tornar em um perigo internacional, tal e qual um “ET” perdido no Mundo! Na realidade, sem qualquer possibilidade de contestação, o aquecimento global está se agravando de maneira muito séria e à vista até de cegos, simplesmente porque a quantidade de alienados é dramaticamente significativa (haja camisa de força!), coisa que não se pode duvidar, haja vista o pandemônio climático que estamos sofrendo, por conta do império da irresponsabilidade e da ignorância, apresentada pela esmagadora maioria de seres humanos lotados no Planeta. Quanto ao papel do nosso Brasil varonil nesse contexto, basta a leitura da crônica 'Sonhar não paga imposto'.
A enxurrada de disparates, de incongruências e de idiossincrasia acadêmica, mais os chutes pra fora, que encontramos nesses megacongressos, é de arrepiar careca – há momentos em que não compreendo o porque de tamanha burrice concentrada no meio de homens que se dizem responsáveis (?!) pelos destinos de suas nações. Ali está o retrato do abuso descarado do marketing pessoal de cada componente desses espetáculos circenses, sem graça e sem conteúdo, aproveitando-se da mídia e dos momentos de glória vazia, por detrás de uma tribuna, com microfones à frente, despejando retóricas e frases feitas sobre uma plateia hipócrita e desinteressada no andar do andor, que aplaude com ovações ridículas, a ponto de fazer corar até beócios.
Vejamos o que acontece com o comportamento do ser humano, frente a um problema que o esteja afligindo: vamos encontrar, via de regra, aqueles que vão à procura de alguém que esteja disposto a lhes tirar o sofrimento, nem que seja por meio de gorda remuneração. No caso de doenças, o agente deverá ser um médico ou um curandeiro; no caso de problemas financeiros, poderá ser um fora da lei; no caso de conflitos então poderá ser um advogado chicanista; porém, se nada disso resolver, o pessoal corre atrás do candomblé ou das sessões evangélicas de descarrego. Sempre com a certeza de que as suas mazelas fazem parte do meio em que vivem ou das ações de terceiros, esses dignos representantes da ignorância personificada talvez possam chegar, um dia, na compreensão de que tudo o que nos acompanha, tanto de bem como de mal, está no nosso interior ou na própria individualidade, mas somente quando se dispuserem a trilhar o caminho do espírito de busca sobre a verdade das coisas; afora isso é só “malhar em ferro frio”, “dar murros em ponta de faca” e que tais.
O reflexo desses paradigmas acabou dando no resultado da total esculhambação da reunião de cúpula em Copenhague, onde os representantes dos povos espalhados pelo planeta acham que “os outros”, os países ricos, ou os países pobres através de “ajudas” monetárias, ou a interferência dos países emergentes, poderiam fazer algo para combater o efeito estufa, porém nenhum deles está disposto a dar sua própria colaboração efetiva para a reversão dos problemas, a não ser por meio de muito blá-blá-blá e ti-ti-ti, o que não leva a nada, ao vazio, a um túnel sem saída, enquanto o efeito estufa corre livre, leve e solto.
_O que falta acontecer a mais, pela ação da natureza, para a humanidade sair à procura de salvação, através do aprendizado urgente do que fazer, com seriedade e com ações efetivas e concretas para alcançar soluções palpáveis, ainda em tempo hábil, sem estrelismos, sem preguiça, sem ganância, sem politicagem, sem futebol, sem Carnaval, sem Olimpíadas e demais inutilidades? Quanto tempo de vida cada um de nós ainda tem para conseguir ultrapassar essa transição extremamente caótica? Será que existem aqueles que saibam quanto é inútil chorar diante do leite já derramado?