Buscando um Novo Tempo Empresarial

Buscando um Novo Tempo Empresarial

Luiz Eduardo Corrêa Lima

INTRODUÇÃO

Não faz muito tempo que o respeito ao meio ambiente deixou de ser uma questão especulativa, demagógica e promocional e também que a extensão social deixou de ser uma benemerência de algumas empresas. Naquela época as empresas se utilizavam das componentes ambiental e social como engodo para sobressair no mercado e mostrar a “cara limpa” e um mecanismo de ação eticamente correto. Seus produtos entravam no mercado através de uma maquiagem verde, bondosa e socialmente justa que se desenvolvia por conta de um “ecomarketing fajuto” e de uma preocupação social que servia apenas para manter o seu status quo como aparente empresa ética e séria.

Nos últimos anos, essa condição forçada e esse aspecto mentiroso, que na verdade eram disfarces para garantir a boa imagem no mercado consumidor, passaram de uma hora para outra, a ser uma necessidade empresarial. Isto é, o que começou como um engodo, veio ao longo do tempo se tornando, felizmente, numa obrigação. Hoje não pode mais haver volta para aquele estágio anterior. As empresas efetivamente têm que mudar e muitas já mudaram. Doravante, não poderão existir mecanismos que possam desatar essa nova situação e as empresas que não se envolverem integralmente nesse compromisso deverão estar fadadas ao extermínio.

Esse pequeno ensaio pretende discorrer exatamente sobre essa questão e as suas conseqüências, tanto para o setor empresarial e o mercado consumidor, quanto para o meio ambiente e para as diferentes sociedades humanas. Destaca-se o fato do autor ser uma pessoa com formação na área biológica e ligada às questões ambientais e não estar diretamente envolvido com o setor empresarial. Desta forma, desde já manifesta suas escusas por possíveis erros que venha a cometer ou por poder ser, algumas vezes, mal interpretado no seu afã de priorizar as questões ambientais, as quais para ele são prioritárias sobre as demais.

No final da década de 1960 e início da década de 1970, em plena guerra fria, e com os movimentos sociais crescentes e cada vez mais contundentes, particularmente o movimento ambientalista, algumas empresas sérias e outras nem tanto, resolveram aproveitar a conjuntura para faturar um pouco mais e assim investiram bastante no “ecomarketing”. Vários dos chamados “selos verdes” foram criados a partir dessa época, quando o setor industrial passou a ser considerado por todos como o “grande vilão” do meio ambiente. A onda verde que se estabeleceu naquele momento, com a criação de Partidos Ecológicos e o conceito de “ecologicamente correto”, assumiu um grande espaço na mídia e nas diferentes ações políticas no mundo inteiro. Desde então, cada vez mais a preocupação ambiental tem sido uma característica marcante em todos os setores, em especial no setor empresarial.

Muitos movimentos sociais também surgiram nessa época, inicialmente pagando uma carona no movimento ambientalista, mas logo depois se diferenciando e ocupando o seu espaço no contexto social. Esses movimentos cresceram muito e hoje estão muito organizados, observando tudo o que acontece e reivindicando tudo que podem para tentar melhorar a qualidade de vida das pessoas em todos os sentidos. As empresas então tiveram que se moldar aos interesses, ainda tímidos, daquele novo consumidor e de suas exigências mais imediatas.

Entretanto, o que aquelas empresas não sabiam ou pelo menos não esperavam é que elas estariam, de fato, marcando o início de uma nova era empresarial e um novo modelo de produção industrial, no qual o cliente dita a normas da produção. Mas, ainda naquela época, bem ou mal intencionadas, muitas dessas empresas passaram a se caracterizar pela preocupação maior com os seus funcionários e familiares, com a qualidade do seu produto, com a origem de sua matéria prima, com o consumo excessivo de energia, com a diminuição e o reaproveitamento dos resíduos por elas produzidos. Os recursos naturais, em particular os não renováveis, passaram a ser utilizados dentro de padrões previamente estabelecidos e a partir de critérios científicos rígidos, nos quais são avaliadas todas as possibilidades advindas do uso daquele recurso.

Por outro lado, as empresas também começaram a investir um pouco mais na comunidade imediata de seu entorno, na relação com os consumidores de seus produtos e com a sociedade em geral, promovendo projetos sociais nas mais diversas áreas e principalmente oferecendo vantagens adicionais aos seus funcionários. É claro que havia uma ênfase nos projetos que privilegiavam as questões consideradas mais importantes, como educação e saúde e que atendessem prioritariamente as pessoas menos favorecidas pela sorte. As empresas sérias que investiram nessa proposta, a partir de então, começaram a ganhar as concorrências e hoje estão dando um verdadeiro banho nas demais e seus produtos estão ganhando gradativamente a competição nos mercados.

Em contra partida, a maioria das empresas não tão sérias, que ainda se utilizavam dos preceitos ecológicos e sociais como engodo e como chamativos mesquinhos para conseguir vender os seus produtos, naufragaram ou estão lutando muito para conseguir sobreviver num mercado cruel que não perdoa os fracos e muito menos os mal intencionados. É óbvio que destruir o mal não é tão fácil assim e por isso mesmo algumas dessas empresas ainda estão por aí, apesar de tudo, mas quero crer que seus dias já estejam contados.

De qualquer maneira, o tempo mostrará quem tem razão, porque no meio dessa guerra estão os consumidores modernos, cada vez mais conscientes da necessidade das componentes ecológica e social na área empresarial, em especial na área da indústria. Assim, aquelas empresas que ousarem contradizer os interesses desses novos consumidores terão dias cada vez mais difíceis pela frente e certamente deixarão de existir em futuro próximo. As empresas modernas têm que se preocupar em satisfazer os consumidores modernos, os quais estão cada vez mais envolvidos na problemática sócio-ambiental e cientes da necessidade das empresas em auxiliar na minimização desses problemas. As empresas que quiserem se manter no mercado têm que ficar atentas a essa necessidade.

A REALIDADE CONSTRUIDA

As normas estabelecidas pela ISO (International Stardardship Organizacion): ISO 9.000, ISO 14.000, ISO 18.000, ISO 21.000, ISO 26.000 não são apenas mais alguns modismos, pois se iniciaram na década de 1970 e estão aí até hoje. Já faz mais de 30 anos que elas começaram a existir e, a partir da ISO 9.000 vieram as outras, as quais foram ficando cada vez mais detalhadas, mais específicas e mais exigentes. O mercado, por sua vez, está cada vez mais ligado aos preceitos dessas normas e exigindo os seus respectivos cumprimentos. Sendo assim, não há dúvidas de que elas vieram para por ordem na casa e para ficar.

O tempo do “socialmente e ecologicamente correto” não é mais uma novidade passageira, com queriam alguns, e muito menos um “show comercial” para atrair fregueses inocentes. Nessa época de crise ética e moral, de aquecimento global e de desníveis sociais acentuados, as empresas assumem um papel fundamental na co-responsabilidade, junto dos governos e da sociedade civil organizada para atender as necessidades planetárias. A perspectiva do apocalipse e da ruína econômica está colocando todos os setores sociais do mesmo lado, qual seja a consciência de a sobrevivência planetária é dever e ao mesmo tempo necessidade de todos.

O “capitalismo pós-moderno” certamente deverá continuar sendo o mesmo capitalismo que até aqui existiu, porém deverá estar preocupado com o mundo e ser consciente de que só subsistirá se o mundo subsistir. Dessa maneira, o “capitalismo pós-moderno” tem a função ímpar de conduzir a sociedade integrada para poder continuar mantendo suas aspirações ideológicas e seus interesses econômicos, ou seja, objetivando os seus lucros. Só será possível lucrar num planeta vivo e com as pessoas podendo adquirir os produtos.

Hoje, as Organizações Não Governamentais, o chamado terceiro setor, estão muito bem organizadas e estão aí para cobrar e exigir dos governos e das empresas aquilo que é de direito da humanidade, ou seja, a qualidade de vida do homem e a manutenção do planeta. Até porque, hoje se tem absoluta certeza de que o homem não sobreviverá sozinho e que é preciso que o planeta tenha condições de manter a vida como um todo para tentar garantir a manutenção da vida humana. Aquela antiga idéia de que no fim tudo se resolve não cola mais. Hoje estamos convictos e convencidos de que o fim pode ser o fim mesmo e que a Ciência já não está podendo resolver a maioria dos nossos problemas planetários. É preciso agir rápido para tentar garantir um fim diferente daquele que se anuncia e assim manter a vida do planeta e da espécie humana.

Para tanto, há uma série de medidas que necessitam ser trabalhadas pela sociedade planetária humana e as empresas, sejam elas quais forem, antes dos governos e da sociedade civil organizada, devem ser os grandes responsáveis por essa iniciativa. Isso se deve ao fato de que as empresas são os locais onde se encontram os recursos humanos e econômicos capazes de permitir as mudanças e os melhoramentos que se fazem necessários. Dinheiro para investir e trabalhadores para efetuar as ações são dois aspectos que as empresas conhecem muito bem e é exatamente dessas duas coisas que a humanidade mais precisa no momento.

Os recursos econômicos que serão necessários para realizar as tarefas deverão vir principalmente das empresas, haja vista que os governos, em sua grande maioria estão debilitados econômica e financeiramente. E mesmo os países ricos não terão o fôlego econômico necessário para cumprir com os custos. Por outro lado, é também as empresas de onde deverão vir os trabalhadores que irão operar as tarefas que mudarão a cara o mundo.

O setor empresarial sério e competente está ciente de que o desenvolvimento sustentável não é uma balela, mas uma necessidade que precisa se tornar realidade total para a sobrevivência do planeta, da espécie humana e conseqüentemente dos interesses econômicos das próprias empresas capitalistas que visam o lucro. Essas empresas já possuem a devida dimensão de que, da mesma forma que a fé cega leva ao fanatismo, o lucro a qualquer custo leva à miséria e à desgraça da maioria da população e em conseqüência disso, levará também à ruína e à falência econômica das empresas.

COMO RESOLVER A SITUAÇÃO EM BENEFÍCIO DE TODOS

Daqui para frente, o lucro terá que ser pensado, programado e definido como base das atividades humanas boas e positivas à sociedade. Isto é, o lucro que já foi considerado um mal, para certos segmentos da sociedade, agora precisa ser entendido como um bem social, pois a geração de lucro estará atrelada diretamente à melhoria da qualidade de vida da humanidade. A sociedade precisa perceber isso e assim também tem que entender esse lucro como sendo um bom negócio para todos. Há que se pensar num “capitalismo social”, no qual o lucro produzido terá necessariamente que ser dividido com a sociedade no interesse dela mesma e da própria classe empresarial geradora desse lucro. Essa tarefa que ainda não está toda clara para a grande maioria dos empresários, mas que está sendo exigida pela sociedade, em particular pelas organizações da sociedade civil, cada vez mais crescente em número e em diversidade de ações, necessita tomar corpo efetivo. Deve haver clareza de que o capital tem que estar a serviço da Sociedade e não o contrário.

A globalização tão criticada, principalmente pelos países pobres, talvez seja a única salvação para o planeta e para a humanidade. Quanto mais globalizada for a nova sociedade melhor ela será, pois o “capitalismo social” dependerá diretamente da globalização de toda a sociedade. A igualdade social, tão sonhada e propagada por alguns finalmente acontecerá e por incrível que pareça, por conta de seu grande vilão, qual seja, o capitalismo.

Além disso, o uso dos recursos naturais, que em última análise, são as fontes primárias de qualquer empreendimento, deve ser taxado em benefício das diferentes sociedades humanas e dos demais organismos vivos do planeta, que são os verdadeiros proprietários de tudo o que existe aqui na Terra. Ainda que existam correntes contrárias a essa idéia, não é mais possível pensar de outra maneira. Quem quiser investir terá todo o direito, mas terá que pagar à sociedade e ao planeta todas as custas daquilo que estará sendo, de alguma forma, modificado ou degradado.

A compensação financeira, a recuperação ambiental e o investimento social deverão ser as metas prioritárias dentro de qualquer ação empresarial a ser desenvolvida para o bem do planeta e da humanidade. Não há como pensar essa nova sociedade sem que as questões que envolvam dano social ou ambiental sejam tabuladas e taxadas antes mesmo de serem empreendidas. Todo projeto será previamente definido em todas as suas nuances tanto, econômica, quanto social e ambientalmente. Não haverá possibilidade de cometer erros grosseiros que inviabilizem os projetos ou que prejudiquem os interesses da sociedade e do planeta.

O setor empresarial como um todo e a indústria em particular terá que “arregaçar as mangas” e “por as mãos na massa”, se quiser continuar lucrando, porque o quadro que temos pela frente é negro e assustador. Hoje estamos num mundo onde a “pegada humana” já transcendeu todas as possibilidades naturais suportáveis e já estamos andando na contramão da história e da vida, porque já ultrapassamos o limite do possível e estamos produzindo acima da capacidade planetária. Lamentavelmente, um planeta Terra e só temos um, já é pouco para o consumo da atual mancha humana, mas essa mancha continua crescendo assustadora e descontroladamente e sempre precisando de mais recursos naturais.

Isso quer dizer que estamos efetivamente aumentando a desgraça e a miséria do mundo, além de estarmos deixando a situação do planeta sempre pior. Essa é outra questão que precisará ser discutida e resolvida o quanto antes. Não adiantará nada a nossa nova sociedade e as novas empresas se a população continuar crescendo indefinidamente. É preciso estar claro para todos que o planeta não suportará uma outra dobrada na população.

Até aqui a Ciência e os cientistas tentaram nos dar uma mão fazendo alarde da situação, entretanto ninguém quis ouvir e se a situação catastrófica em que nos encontramos não foi evitada, não foi por culpa da Ciência, mas por falta de eco na sociedade e por inoperância dos governantes. Agora, muitos desses que deram de ombros aos cientistas, apelam para o cientificismo, alegando que a Ciência dará um jeito e resolverá todos os problemas como sempre aconteceu. Entretanto, a realidade atual é outra e os defensores do cientificismo estão tão assustados quanto qualquer cidadão comum.

Diante desse quadro, os próprios cientistas é quem estão dizendo que não há mais solução, pois perdemos as rédeas e o controle da situação. Chegamos naquele momento em que aparentemente nos arrependemos de não ter dado ouvidos à Ciência, mas queremos a qualquer custo que ela nos dê uma resposta satisfatória e convincente do que devemos fazer. Os cientistas, por sua vez, nos acenam com idéias catastróficas e pessimistas, as quais nos colocam numa enrascada progressivamente maior e cujo fim parece ser terrível para nós e para o planeta.

Mas, por outro lado, alguém se dá bem com isso e assim estamos, infeliz e lamentavelmente produzindo novos ricos, os quais se alimentam da desgraça alheia e acham que está tudo bem e ainda dizem: “a vida é assim mesmo, sorte de uns e azar de outros”. Esse mecanismo perigoso que destrói o homem pelo homem, esse “canibalismo social” precisa ser descartado da sociedade. Ou diminuímos a pobreza do mundo ou morreremos todos, tanto os pobres quanto os ricos. Talvez, a única vantagem dos ricos é que eles possivelmente perecerão um pouco depois, mas certamente eles também não serão capazes de escapar. A extinção será compulsória e sem preconceito.

Esse grupo de “espertalhões”, que só pensa em “se dar bem” a partir da desgraça alheia, e cujo objetivo é o enriquecimento a qualquer custo, não está se lembrando de que não vai adiantar ser rico no nada. É fundamental que o planeta se mantenha e que existam pessoas pobres para que outras possam ser consideradas ricas. A posse material que define a riqueza só pode ser estabelecida dentro de uma sociedade dinâmica e diversificada. Do jeito que a coisa vai, o rico está matando o pobre e se suicidando por conta disso. É preciso acabar com esses maus elementos que só pensam no dinheiro e acham que tudo mais não é importante. Esse pessoal que se constitui num câncer social deve ser orientado sobre a real situação do planeta e deve ser brecado em prol das diferentes sociedades humanas.

Estamos vivendo uma espécie de “juízo final”, onde Deus, ao contrário do que está no “Gênesis”, nos deixou sozinhos para julgar e decidir sobre a nossa manutenção na Terra e sobre a continuidade de nossa História Natural. Nós somos os únicos donos de nossos destinos. Deus está esperando para ver o que vamos fazer com a vida e com o planeta que Ele nos deu. Muitos dos grandes grupos econômicos do planeta já estão cientes de que têm sim uma imensa carga de responsabilidade sobre a continuidade da vida aqui na Terra e precisam assumir essa responsabilidade publicamente, investindo e dividindo os recursos econômicos, que adquiriam das sociedades humanas ao longo do tempo, com as sociedades humanas atuais e futuras.

O desenvolvimento sustentável está e precisa continuar em franco andamento, apesar de alguns governos inconseqüentes e de ainda existir alguns setores empresariais mesquinhos e retrógrados. Precisamos acabar com esse modelo desenvolvimentista retrógrado que alguns governos insistem em explorar e que poderá exterminar toda a humanidade. As sociedades humanas precisam atuar juntas, dando apoio aos governos e às empresas sérias e fazendo o máximo possível para dificultar as ações daqueles que não se encaminhem na linha do desenvolvimento sustentável.

AS PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O PLANETA E PARA O HOMEM

As gerações futuras merecem um mundo melhor do que esse que temos hoje e cumpre a nós lutarmos para garantir a elas esse mundo. Muito maior do que termos um mundo bom para nós e a nossa obrigação para com as gerações futuras, aqueles que ainda nem nasceram e que herdarão a Terra de nossos filhos. Que mundo queremos deixar para essas gerações que virão: o paraíso ou o inferno? A escolha é nossa, mas a vida e o planeta serão daqueles que virão, o que devemos fazer por eles?

Sendo assim, o “ecomarketing fajuto” não tem mais que ser feito pelas empresas. Agora os consumidores é quem deverão fazer um “ecomarketing realista”, promovendo as empresas sérias e que estão efetivamente preocupadas com o desenvolvimento sustentável, preterindo e até mesmo tentando inviabilizar aquelas que insistem em seguir na rota da miséria, da desgraça humana e do fim do planeta. Andar na contramão dos interesses da sociedade deverá ser como dar “um tiro no pé”. Por conta disso, essas empresas, acabarão tendo que deixar de andar. Somente as empresas sérias, aquelas que estão realmente embuidas de mudar a cara do planeta e fazer sua parte pelo bem da humanidade deverão continuar a andar e a crescer.

As diferentes sociedades humanas têm que estar unidas para lutar ferrenhamente contra essa postura arcaica de alguns governos e alguns setores empresariais que só se empenham nos seus interesses particulares. O mundo humano e o planeta Terra são coletivos e não particulares. Cada indivíduo tem que entender que faz parte de todo maior e que existe urgência na tentativa do salvamento desse todo para garantir a manutenção de algumas de suas partes.

Por mais que alguns queiram, as particularidades não poderão ter lugar nas sociedades pós-modernas, por que elas deverão priorizar o planeta como um todo. O mundo terá que sobreviver apesar dos pervertidos que insistirão em pensar e agir para si, pois eles estarão fora dos padrões das sociedades e do interesse maior do planeta. A consciência planetária de que o que importa é o todo e não algumas de suas partes, tem que estar presente e deverá ser o principal caráter norteador dessa brigada em defesa da vida humana e do planeta Terra.

É preciso dar um basta nas idéias do lucro de poucos à custa do trabalho e da desgraça de muitos. Aquela velha idéia de que só os ricos devem lucrar não tem mais cabimento e deve ser banida do pensamento humano. Daqui para frente será necessário que todos os humanos lucrem, inclusive todos os empresários e não apenas alguns deles. As sociedades pós-modernas sobreviverão e o apocalipse será adiado, mas urge que os empresários sérios, os governos sérios e a sociedade civil organizada séria exijam que toda a humanidade assuma e cumpra um pacto sócio-ambiental pela vida e pelo planeta.

Como disse o saudoso e inesquecível Francisco Cândido Xavier: “não é possível voltar no tempo e começar tudo novamente, mas é possível trabalhar direito e tentar mudar a realidade atual para construir um novo fim”. Pois é, vamos lutar juntos para fazer esse novo fim, que a grande maioria de nós está querendo e que nossa espécie e a Terra tanto precisam.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (52) é Biólogo (Zoólogo), Professor Universitário e Ambientalista