35 Anos de Dia Mundial do Meio Ambiente

35 Anos de Dia Mundial do Meio Ambiente

No próximo dia 5 de junho estaremos comemorando 35 anos do Dia Internacional do Meio Ambiente. Mas, e daí? O que mudou nesse tempo?

A Ecologia entrou na moda, o ecologicamente correto começou a ganhar o seu espaço no pensamento da sociedade, saímos do romantismo e galgamos o realismo ambiental mais profundamente, criamos e passamos a discutir uma série de novos conceitos em vários níveis da sociedade, como por exemplo: Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável, Preservação da Biodiversidade, Energias Alternativas, porém a grande maioria das pessoas ainda não é capaz de definir e muito menos de entender nenhum desses conceitos claramente. O uso dessas e de outras expressões de cunho ecológico se popularizou, porém não conseguiu se fazer efetivamente importante no seio da Sociedade. A premência por trás dessas novas terminologias e desses novos conceitos foi mascarada por interesses outros que não condizem com a verdadeira necessidade neles contida.

O meio ambiente, embora seja aqui mesmo, parece estar muito distante das pessoas, pois o cidadão comum ainda possui outras prioridades e não consegue julgar que essas outras prioridades dependem também da variável ambiental. Muitos (talvez todos) dos problemas de Educação, Saúde, Saneamento, Moradia, Violência Urbana, e principalmente Problemas Econômicos são, antes de qualquer coisa, problemas ambientais, mas o povo ainda não consegue perceber esse fato e assim o meio ambiente parece ser algo distante e inalcançável para a maioria das pessoas.

Desta maneira, torna-se bastante difícil fazer o cidadão comum entender determinadas questões estritamente ambientais, quando os problemas mais imediatos que lhe aflige não são resolvidos e quando os exemplos éticos produzidos pelos Dirigentes e Administradores Públicos não são, nem de perto, os melhores. Assim, fica certo que a culpa não é do cidadão comum, que carece de maus exemplos e está envolvido em outras questões mais próximas e mais prioritárias e por isso mesmo, não tem como identificar o relacionamento de suas mazelas com os problemas ambientais. Mas, como suprir esse hiato?

Essa tarefa de associar as questões, de mostrar que tudo tem a ver com tudo e que a questão ambiental é hoje a mais prioritária, deveria ser um trabalho promovido e desenvolvido pelos Dirigentes e Administradores, mas estes, por sua vez, também não sabem, não entendem, não concordam, ou, pior ainda, não estão com nenhuma vontade de tentar resolver as questões. Além da falta de Ética, falta conhecimento e principalmente envolvimento com os problemas comunitários e ambientais. No pensamento de muitos desses Administradores e Dirigentes, as questões ambientais não significam nada, ou talvez, elas não passem de meras especulações de alguns idiotas que não têm coisa melhor para fazer do que ficar inventando catástrofes. Infelizmente, para a maioria dos Políticos em geral e do Brasil em particular, o ambientalismo ainda é um devaneio de algumas pessoas que estão fora da realidade e que acreditam naquilo que não existe.

Os Dirigentes e Administradores, salvo raríssimas e preciosas exceções, sejam eles de que países forem, em sua grande maioria também ainda não entenderam a importância do ambientalismo e assim não se manifestam efetivamente em colocar as populações de seus países engajadas na questão ambiental. Graças a Deus existem as citadas exceções e isso tem permitido alguma melhora em certos locais e setores.

Não há dúvida de que, nesses 35 anos, a coisa melhorou significativamente, mas ainda estamos longe da realidade e muito aquém da necessidade ambiental que existe na realidade. Nosso envolvimento e nossa preocupação efetiva ainda são rudimentares perto do todo necessário. Há muito por ser feito pela melhoria do meio ambiente e pela qualidade de vida que dele decorre.

Já vencemos algumas batalhas e estamos caminhando bem em relação a outras. Algumas espécies estão protegidas, alguns ecossistemas estão preservados, alguns rios voltaram à vida, algumas drogas de uso agrícola estão proibidas no mundo inteiro, o número de Reatores Nucleares tem diminuído e fontes alternativas de energia têm sido desenvolvidas, os carros estão menos poluentes e menos barulhentos, o transporte urbano coletivo tem sido priorizado pelo mundo afora, os Clorofluorcarbonos (CFCs) estão aparentemente sob controle e o buraco na Camada de Ozônio parece estar estabilizado.

Entretanto, por outro lado, ainda temos muitos problemas a serem solucionados: a água para o consumo humano está cada vez mais escassa, o aumento significativo da população e o conseqüente aumento da pobreza, da fome e da miséria generalizada e também o grande problema da atualidade que é o aumento dos gases do Efeito Estufa na atmosfera, em particular o CO2 e o conseqüente Aquecimento Global que daí se origina.

A estrada é longa, o tempo é curto e a velocidade precisa aumentar, pois a nossa espécie e o Planeta não agüentarão bem, por mais 35 anos de espera. O Planeta, embora degradado, sobreviverá, porque 35 anos não representa nada no tempo geológico e a Terra tem inúmeras alternativas para continuar sua viagem, independente das ações do homem. Porém, a nossa espécie, não parece ter as mesmas chances, porque 35 anos é em média a metade de uma vida humana e somos muito mais dependentes do Planeta do que se pode pensar.

Enquanto as coisas não melhorarem para o Planeta, certamente elas estarão piorando rápida e progressivamente para os organismos vivos, particularmente nós, os humanos. De qualquer forma, vamos continuar observando o que está acontecendo até onde for possível, torcendo para que as coisas tenham melhoras significativas e esperando principalmente que os Dirigentes e Administradores procurem dar a devida importância aos problemas ambientais.

Alguém já disse que Ecologia e Economia são as mesmas coisas, observadas por aspectos e interesses distintos. Está mais do que na hora de passarmos a olhar esses dois conceitos com os mesmos olhos, procurando identificar os aspectos comuns e equalizar os interesses de ambos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (junho de 2007)