O DIA DO ADVOGADO, UM IMPRESCINDÍVEL
Oriundo de um bairro periférico da longínqua Itaqui, que carrego sempre comigo no meu afeto mais apurado, não sei se o que me fez sair da minha querida terra foi a luta pela sobrevivência ou o desejo de conquistar sonhos distantes e acalentados, como estudar e ter novas experiências de vidas. Possivelmente ambos. Como tudo na vida, há um preço a pagar. O meu Itaqui de antanho carrego na memória e ele não corresponde mais ao Itaqui real, há uma dissintonia natural. Por sua vez, não sou totalmente dos lugares onde vivi, pois minha história não começou com eles. Mas algumas coisas eu pude acrescer.
Uma delas foi ter estado com lutadores de outras urbes que me despertaram para a importância de derrubar uma ditadura militar. Foi o que fizemos, até em memória do meu conterrâneo Alfeu de Alcântara Monteiro, oficial da Aeronáutica que foi o primeiro assassinado pelos golpistas em 1964 por ter desempenhado um importante papel no episódio da Legalidade. Participei da fundação de entidades estudantis, culturais (como a Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre) e sindicatos.
Nessa trajetória, pude escolher três profissões que têm a linguagem como mínimo divisor comum entre si. Conscientemente, tornei-me professor de português, jornalista e advogado. E hoje é o Dia do Advogado, esse profissional sobre o qual recaem tantas definições, desde as mais reprováveis até as mais honrosas. Falemos destas, eis que tudo o que é humano contempla múltiplas interpretações.
Uma pergunta a que todo advogado, em algum momento da sua carreira, tem que responder é como nos sentimos defendendo um culpado, principalmente quando isso envolve delitos penais. Bem, um advogado não se confunde com seu cliente, inclusive em questões morais. Ele está lá para fazer um trabalho técnico e a prova cabe a quem acusa, inclusive com advogados próprios ou impróprios, como é o caso do Ministério Público. Cabe à Polícia e ao sistema acusatório comprovar suas teses, sob pena de se encarcerar um inocente, como é comum no Brasil. Anos depois, descobre-se que uma vida foi perdida por falsas imputações.
Gosto de ser advogado quando consigo aliviar uma carga de alguém que está inocente, mesmo na área cível, como quando o consumidor é explorado por um banco, uma operadora de telefonia ou um plano de saúde. O sistema é muito ágil para cometer injustiças e muito lento para repará-las. É aí que o operador de direito entra em cena para aliar sua ação técnica com o interesse daquele que teve sua esfera moral ou patrimonial violada.
Neste dia 11 de agosto, Dia do Advogado, quero saudar meus colegas e ex-alunos que abraçaram essa profissão. Quero renovar nossos votos de empenho diário por uma sociedade mais justa e menos desigual. Como ícone desse compromisso, invoco a figura heroica de Luiz Gama (foto), que foi impedido de estudar por uma sociedade racista, mas que não deixou de adquirir conhecimentos jurídicos para libertar cerca de 500 detentos negros dos grilhões da escravatura.
Continuemos a luta contra as vicissitudes. E "Fora, Bolsonaro!", claro!
Oriundo de um bairro periférico da longínqua Itaqui, que carrego sempre comigo no meu afeto mais apurado, não sei se o que me fez sair da minha querida terra foi a luta pela sobrevivência ou o desejo de conquistar sonhos distantes e acalentados, como estudar e ter novas experiências de vidas. Possivelmente ambos. Como tudo na vida, há um preço a pagar. O meu Itaqui de antanho carrego na memória e ele não corresponde mais ao Itaqui real, há uma dissintonia natural. Por sua vez, não sou totalmente dos lugares onde vivi, pois minha história não começou com eles. Mas algumas coisas eu pude acrescer.
Uma delas foi ter estado com lutadores de outras urbes que me despertaram para a importância de derrubar uma ditadura militar. Foi o que fizemos, até em memória do meu conterrâneo Alfeu de Alcântara Monteiro, oficial da Aeronáutica que foi o primeiro assassinado pelos golpistas em 1964 por ter desempenhado um importante papel no episódio da Legalidade. Participei da fundação de entidades estudantis, culturais (como a Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre) e sindicatos.
Nessa trajetória, pude escolher três profissões que têm a linguagem como mínimo divisor comum entre si. Conscientemente, tornei-me professor de português, jornalista e advogado. E hoje é o Dia do Advogado, esse profissional sobre o qual recaem tantas definições, desde as mais reprováveis até as mais honrosas. Falemos destas, eis que tudo o que é humano contempla múltiplas interpretações.
Uma pergunta a que todo advogado, em algum momento da sua carreira, tem que responder é como nos sentimos defendendo um culpado, principalmente quando isso envolve delitos penais. Bem, um advogado não se confunde com seu cliente, inclusive em questões morais. Ele está lá para fazer um trabalho técnico e a prova cabe a quem acusa, inclusive com advogados próprios ou impróprios, como é o caso do Ministério Público. Cabe à Polícia e ao sistema acusatório comprovar suas teses, sob pena de se encarcerar um inocente, como é comum no Brasil. Anos depois, descobre-se que uma vida foi perdida por falsas imputações.
Gosto de ser advogado quando consigo aliviar uma carga de alguém que está inocente, mesmo na área cível, como quando o consumidor é explorado por um banco, uma operadora de telefonia ou um plano de saúde. O sistema é muito ágil para cometer injustiças e muito lento para repará-las. É aí que o operador de direito entra em cena para aliar sua ação técnica com o interesse daquele que teve sua esfera moral ou patrimonial violada.
Neste dia 11 de agosto, Dia do Advogado, quero saudar meus colegas e ex-alunos que abraçaram essa profissão. Quero renovar nossos votos de empenho diário por uma sociedade mais justa e menos desigual. Como ícone desse compromisso, invoco a figura heroica de Luiz Gama (foto), que foi impedido de estudar por uma sociedade racista, mas que não deixou de adquirir conhecimentos jurídicos para libertar cerca de 500 detentos negros dos grilhões da escravatura.
Continuemos a luta contra as vicissitudes. E "Fora, Bolsonaro!", claro!