Enamorar-se - Selvino Antonio Malfatti
O amor morreu? Felizmente não. Apenas seu estudioso da atualidade: Francesco Alberoni, apelidado o Sociólogo do Amor. Faleceu em 14 de agosto de 2023, aos 93 anos, em Milão, Itália.
Por toda vida foi alguém dedicado à ciência. Começou coma medicina, da qual se licenciou na universidade de Pavia. Em seguida investe na psicanálise, e para dar um cunho exato às probabilidades dedica-se à estatística. Passou por Trento, Catania, Lausanne e finalmente Milão.
Seguem as obras: Enamoramento e amor, Amizade, Erotismo, Sexo e Amor, Invejosos, Eu te Amo.
O que melhor definiria o amor seria a ação “de "infundir nos indivíduos uma energia extraordinária que culmina no amor.
Por isso, a fatia do social isolado por Alberoni é o enamoramento. O amor é o Genérico, o enamoramento, específico. Alberoni estuda o fenômeno do movimento de enamorar-se. O amor é a continuidade do fenômenos de enamorar-se. Por que pode haver enamoramento sem amor. Este é particular que engloba o geral, o amor. Portanto, amor e enamoramento são distintos e contínuos.
Centramo-nos no enamoramento.
Pode-se interrogar em que condições surge o enamoramento? Quando se está realizado, satisfeito com o que se é e se tem? Ou quando se está à beira do abismo absorvido pelo nada? Quando o desespero toma conta da própria vida? Quando se está aprisionado e sufocado buscando o ar? Quando baixa a cabeça e clama como o Profeta? “De Profundis clamavit a Te Domine”. Quando se está no nada? Tudo é escuridão? No o fim? Sim, conforme Alberoni, pode acontecer estar nesta situação extrema para emergir enamoramento.
“Apaixona-se o jovem que sai de casa e enfrenta o mundo, apaixona-se a pessoa que se mudou para outra cidade e tem um novo trabalho, que se depara com a novidade. Apaixona-se quem descobre que está vivendo uma vida árida e vazia demais, e sente queimar dentro de si o desejo de uma felicidade que nunca experimentou.”
O menos provável é enamorar-se quando tudo estiver às mil maravilhas. Por que apostar no improvável quando se tem o que se desejaria? Ou, por que querer o incerto quando já se o tem o certo? Enamora-se por alguém que pode trazer-lhe felicidade ou mais felicidade.
Ofereço aos leitores o trecho original do autor que podem enriquecer.
“Porque nos sentíamos insatisfeitos, inquietos, sozinhos, mas também cheios de vida e preparados para um novo encontro, prontos a renascer livres e felizes. O enamoramento explode quando o indivíduo sente-se comprimido, acuado, aprisionado, impedido de expressar as suas potencialidades e então, ao encontrar outro alguém nas mesmas condições, abre-se, liberta-se, desabrocha. Para fazer com que as flores desabrochem é preciso privá-las da água. A planta, diante do perigo, abre as pétalas, espalha o seu pólen e gera nova vida. “Apaixona-se o jovem que sai de casa e enfrenta o mundo, apaixona-se a pessoa que se mudou para outra cidade e tem um novo trabalho, que se depara com a novidade. Apaixona-se quem descobre que está vivendo uma vida árida e vazia demais, e sente queimar dentro de si o desejo de uma felicidade que nunca"