EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE (LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XVI)

EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE

(LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XVI)

O RUDE neandertal, segundo a lógica nazi, não pertencia a raça nobre ariana. Os neandertais não combinavam com o ideal de raça ariana defendida pelos nazistas. Eles, os nazis, fecharam bloquearam o primeiro Museu Neandertal alemão. De obsceno, pervertido e vergonhoso, os neandertais passaram a superastros da Idade da Pedra. Eles, nossos parentes mais próximos na escala dos hominídeos. Caminhavam rápido e eretos. Tinham um olhar vigilante, observador e alerta.

NOSSOS AVÓS e avôs neandertais usavam roupas, faziam uso do fogo e falavam, saíram do monótono uga-uga. Eram sociais, sobreviveram à hostilidade ambiental da Idade do Gelo. Eram fortes e competitivos. Se partícipes nas Olimpíadas modernas, ganhariam certamente a maioria das medalhas de ouro. Os Homo sapiens fizeram sexo com eles. Amalgamaram-se com eles. Deram origem ao que somos hoje. A troca de parceiros era natural entre eles. O casamento aberto nos dias de hoje, não é tão avançadinho como pensam os casais que o praticam.

O NORTE-americano Erik Trinkaus afirma ter encontrado esqueletos da raça mix, neandertais e humanos sapiens. Dizia: “eles são quase nós, mas não exatamente nós”. São outro tipo de seres humanos. Obtiveram cor de pedras, fabricavam lanças, foram pioneiros na manufatura, no fabricar ferramentas quase que modernas. O fungo das árvores servia para eles fazerem fogo. Eram hábeis raspadores e amolavam com rara funcionalidade, pontas de lanças e instrumentos de pedra. O cenário em que viviam era por demais traiçoeiro e perigoso. Tais como os cenários cotidianos modernos.

“EU SOU EU E minha circunstância”, quem sabe quisessem dizer. Sobreviveram em condições muito hostis por milhares de anos. Mas, alguns leitores podem alegar, “nós também vivemos em condições adversas”. Sim, mas bem menores que as deles, ou talvez, muito semelhantes, guardando-se as diferenças dos avanços tecnológicos. A academia de exercícios deles era a própria sobrevivência na natureza adversa, canibal. Os tigres de bengala pululavam e pulavam pelas trilhas próximas às suas habitações cavernosas.

HOJE OS TIGRES são bípedes. O homem moderno não duraria muito no ambiente hostil neandertal. Eles eram superpredadores, ávidos pelo consumo de carne vermelha. Nisso eles não se diferiam dos sapiens modernos de terno e gravata. Estavam sempre caçando, por vezes veados e renas inofensivas, mas não tinham medo do combate com mamutes e ursos. Os rinocerontes também faziam parte de sua dieta. Suas armas só funcionavam próximas ao animal caçado, por mais feroz que fosse. A presa tinha de ser enfrentada de uma distância muita curta.

POR SE concentrarem em abater caça de carne vermelha, negligenciaram a alimentação de frutas, verduras e legumes. Talvez isto tenha contribuído para sua extinção. Afinal, dependendo da estação, a caça nas proximidades de suas moradias rareava, até faltar. Eles sobreviveram por muito tempo nômades, mas foram extintos. Todos nós seremos extintos num dia breve ou distante. Eles cresciam mais rápido do que nós, mas viviam bem menos, segundo Jean-Jaques Hublin, paleoantropólogo francês, professor da Max Planck Society, das universidades de Leipzig e Leiden. Ele criou o Departamento de Evolução Humana do Instituto Mac Planck de Antropologia Evolutiva.

A ALTA mortalidade entre adultos contribuía para que se protegessem com atenção e aconchego. Havia alto risco de morte entre jovens, como acontece nos dias de hoje. Poucos adultos chegavam aos quarenta anos de vida. O descanso final era numa caverna. O corpo dos mortos era protegido de animais carniceiros. É possível que não acreditassem em deuses nem tampouco na vida após morte. Mas eles choravam seus mortos. Eles, neandertais, começaram o ciclo de vida do homem moderno.

ANÁLISE DO laboratório Genera, efetuada com duzentos mil brasileiros, concluiu que temos, em média, 2,5% de DNA neandertal no código genético. Seiscentos mil pontos do genoma foram analisados. Há quarenta mil anos os neandertais cederam lugar para ao Homo sapiens, depois das duas espécies coexistirem e coabitarem por milhares de anos. Os crânios neandertais possuem grandes arcos superciliares, um pouco de queixo, maior projeção da face no rosto e narizes mais proeminentes.

AS ESPÉCIES de hominídeos se cruzaram ao longo do tempo. Desde Lucy Australopiteco, mãe da humanidade, até o Homo sapiens com seus antepassados neandertais. Os grandes símios compartilham 99% de seus genes com humanos, apesar dos seis milhões de anos que os separam. Os bonobos são governados por mulheres alfa, os chimpanzés, por machos. Eles não têm o lado negro que os humanos têm.

O HOMEM moderno não duraria muito no ambiente hostil neandertal. Eles eram superpredadores, ávidos pelo consumo de carne vermelha. Nisso eles não se diferiam dos sapiens modernos. Estavam sempre caçando, por vezes veados e renas inofensivas, mas não tinham medo do combate com mamutes e ursos. Os rinocerontes também faziam parte de sua dieta. Suas armas só funcionavam próximas do animal caçado, por mais feroz que fosse. A presa tinha de ser enfrentada de uma distância muita curta.

POR SE concentrarem em abater caça de carne vermelha, negligenciaram a alimentação de frutas, verduras e legumes. Talvez isto tenha contribuído para sua extinção. Afinal, dependendo da estação, a caça nas proximidades de suas moradias rareava, até faltar. Eles sobreviveram por muito tempo, mas foram extintos. Todos nós seremos extintos num dia breve ou distante. Eles cresciam mais rápido do que nós, mas viviam bem menos, segundo Jean-Jaques Hublin, paleoantropólogo francês, professor da Max Planck Society, das universidades de Leipzig e Leiden. Hublin criou o Departamento de Evolução Humana do Instituto Mac Planck de Antropologia Evolutiva.

OS NEANDERTAIS não mudaram seu modo de vida por milhares de anos. Os humanos modernos inovam e evoluem rapidamente. Viviam eles em grupos de vinte pessoas, e a população deles não deve ter ultrapassado os vinte mil. Ferimentos e ossos fragmentados eram parte da vida no cotidiano neandertal. Eram gregários e cuidavam com zelo de si mesmos. Sabiam que sobreviver em condições tão adversas, dependia da união de todos. A busca por alimentação era atividade cercada de perigos.

O MAPEAMENTO do genoma humano permitirá aos cientistas a identificação do lado sombrio, obscuro e perverso da natureza humana. O porquê das guerras, das hostilidades, das injúrias, calúnias, difamações e instintividade perversa, incontrolável. Nós ainda somos parte neandertais, ainda que tenham desaparecidos da face da terra, estre trinta e quarenta mil anos.

OS DESENHOS produzidos em Lascaux por sapiens e neandertais, em 350 locais diferentes, a grande maioria no sul da França, e norte da Espanha, indicam que eram eles cognitivamente iguais aos Homo sapiens. “Eles exercitavam uma competência cultural semelhante aos sapiens modernos”, segundo John Hawks, paleoantropólogo da Universidade do Wisconsin-Madison: “eram brutos, idiotas, mas perceptivelmente humanos”. A arte simbólica nas cavernas remete ao ancestral comum: neandertal/sapiens. Endereçam-se eles, a esse ancestral comum que viveu acerca de há 500 mil anos. Isto explica por que continuamos hoje, supostamente civilizados, mas realmente selvagens.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 19/06/2024
Reeditado em 20/06/2024
Código do texto: T8089365
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