COMPANHIA
Na era da modernidade, muitas coisas perderam seu brilho e verdadeiro valor. Contudo, em tempos passados, fazer o próprio pão era um ritual quase sagrado. Moer o grão de trigo, preparar a farinha, fazer a massa, aguardar a fermentação enquanto se preparava a lenha para aquecer o forno à temperatura certa — todo o processo culminava na criação de um alimento abençoado, pelo qual todos davam graças a Deus.
O próprio Cristo se declarou como o verdadeiro pão que desceu do céu, acrescentando: “Aquele que de mim se alimenta, ainda que esteja morto, viverá.” Ele nos deixou um dos mais belos simbolismos: a Santa Ceia, onde o pão, representando seu corpo, é partilhado.
Outro dia, estávamos todos felizes, cantando uma velha cantiga:
“Como pode um peixe vivo viver fora da água fria?”
E a música continua…
“Como poderei viver sem a tua, sem a tua companhia?”
Imediatamente, parei para refletir sobre a beleza da palavra “companhia”. Jamais uma companhia deveria ser desagradável, pois a etimologia de “companhia” carrega em si a solidariedade daqueles que, alegremente, se dispõem a compartilhar o pão.