Sobre familiarismo, humanismo, especismo e outras injustiças

O familiarismo é uma ideologia primariamente tradicionalista, de devoção fanática pela instituição da família tradicional, tradicionalmente adotada por uma maioria de indivíduos autodeclarados "conservadores", "de direita", e que é comumente usada como desculpa ou justificativa para atitudes especistas, de desprezo por seres vivos de outras espécies.

O humanismo é uma ideologia primariamente progressista, de valorização ou ênfase no gênero humano, em contraste histórico ao teocentrismo, tipicamente adotada por uma maioria de indivíduos autodeclarados "progressistas", "de esquerda", e que também pode ser usada para justificar atitudes especistas ou de supremacia antropocêntrica, basicamente de dar um tratamento insensível às outras formas de vida, mesmo as mais próximas de convívio, como se fossem menos merecedoras de cuidado ou atenção.

Ambas, podem contribuir para prevenir que indivíduos adotem atitudes de minimização de impacto individual e humano na flora e na fauna, tal como por mudanças de hábitos alimentares até à prestação de ajuda a animais não-humanos em condições críticas, ainda mais em situações em que humanos também se encontram em situação crítica.

Interessante pensar que, familiarismo e humanismo também não previnem hipocrisias ou contradições em seus discursos e práticas, mesmo em relação aos discursos, se é até comum que aconteçam. Dois dos exemplos mais notórios são: a hipocrisia de muitos que louvam a família, diga-se, especialmente a tradicional, mas não se comportam de maneira solidária e respeitosa com os seus parentes, e de 'humanistas" que fazem julgamentos equivocados sobre conflitos humanos e acabam defendendo por políticas públicas injustas ou... realmente desumanas, tal como por suas tendências de compaixão excessiva por indivíduos (de nossa espécie) que cometem crimes, ainda mais se forem hediondos, e de generalização de grupos humanos, ainda mais se estiverem vagamente definidos, chegando a criar bodes expiatórios legítimos (grupos que, de maneira injustamente generalizada, são responsabilizados e penalizados) e 'vacas sagradas" verdadeiras (grupos de intocáveis ou supostamente incriticáveis).