A Complexidade da Escolha de Valores
Em várias de suas obras, o sociólogo francês Edgar Morin aborda a complexidade dos valores. Para ele, os valores são complexos e não podem ser analisados isoladamente, pois, para cada valor que você pensa, existe o seu oposto. De acordo com o contexto em que você está inserido, sua escala de valores pessoais e sua visão de mundo, esses valores podem representar graus mais elevados ou menos elevados.
Exemplificando, nos meus últimos textos, eu falei sobre as figuras do cafajeste e da traição. Ora, o cafajeste ou quem trai coloca o valor do prazer acima da fidelidade. No entanto, segundo Morin, é complexo afirmar qual valor vale mais, e isso irá variar de pessoa para pessoa. O prazer é um valor significativo, mas a fidelidade à sua parceira é tão importante quanto. Portanto, Morin destaca a complexidade dos valores e como não há uma escala universal, uma espécie de tabela, para definir quais valores são seus valores.
Na atribuição de valor aos valores, o contexto em que a pessoa está inserida também é importante. Por exemplo, no exército, a atividade física é um grande valor, mas, em um asilo, de modo contrário, é o repouso que vale mais. Como determinar qual vale mais: o repouso ou a atividade física? Morin destaca a complexidade dos valores nesse sentido.
Nesse ponto de vista, cabe a cada um de nós avaliar quais valores valem mais, de acordo com nosso critério pessoal, sem considerar que existe em algum lugar no mundo uma tabela que nos auxilie. Portanto, o ser humano deve escolher por conta própria e arcar com suas próprias consequências. Esse é mais um ônus - ou bônus - de ser um ser humano livre.