Manuel Bandeira
Dados Biográficos
Manuel Bandeira foi um renomado escritor e poeta brasileiro, nascido em 1886, no estado de Pernambuco. Sua vida foi marcada por uma série de desafios e adversidades, que influenciaram profundamente sua obra literária.
Bandeira enfrentou desde cedo problemas de saúde, sendo diagnosticado com tuberculose aos 17 anos. Essa doença crônica o acompanhou ao longo de sua vida, influenciando sua visão de mundo e sua poesia. A fragilidade física e a consciência da finitude da vida são temas recorrentes em sua obra.
Apesar das dificuldades, Bandeira se dedicou intensamente à literatura. Inicialmente, estudou arquitetura, mas abandonou o curso para se dedicar à escrita. Sua estreia literária ocorreu em 1917, com a publicação do livro "A Cinza das Horas", que já revelava sua sensibilidade poética e sua capacidade de expressar emoções profundas.
Ao longo de sua carreira, Manuel Bandeira publicou diversas obras, como "Carnaval" (1919), "O Ritmo Dissoluto" (1924) e "Estrela da Tarde" (1963). Sua poesia é marcada por uma linguagem simples e acessível, explorando temas como o amor, a morte, a saudade e a melancolia.
Além de poeta, Bandeira também se destacou como cronista, escrevendo crônicas para jornais e revistas. Suas crônicas abordavam temas cotidianos, retratando a vida urbana e os personagens comuns com sensibilidade e humor.
Manuel Bandeira foi reconhecido como um dos grandes nomes da literatura brasileira, recebendo diversos prêmios e honrarias ao longo de sua carreira. Sua obra poética e sua contribuição para a literatura brasileira são valorizadas até os dias de hoje.
Bandeira faleceu em 1968, deixando um legado literário que continua a encantar e emocionar leitores de todas as gerações. Sua sensibilidade, sua capacidade de expressar as emoções mais profundas e sua visão única da vida tornam Manuel Bandeira um dos grandes escritores da literatura brasileira.
Obra Poética
Manuel Bandeira é conhecido por uma vasta obra poética, repleta de poemas marcantes e emocionantes. Aqui estão alguns dos seus principais poemas:
1. "Vou-me Embora pra Pasárgada": Um dos poemas mais famosos de Bandeira, retrata o desejo de escapar da realidade e encontrar um lugar utópico, onde todos os desejos se realizam.
2. "Evocação do Recife": Neste poema, Bandeira faz uma evocação nostálgica da sua cidade natal, o Recife, relembrando a infância e a beleza da cidade.
3. "Poética": Um dos poemas mais reflexivos de Bandeira, onde ele discute a sua visão da poesia e a importância de expressar as emoções mais profundas.
4. "Os Sapos": Um poema satírico e crítico, onde Bandeira ironiza a poesia parnasiana e a formalidade excessiva, defendendo uma poesia mais livre e espontânea.
5. "Profundamente": Neste poema, Bandeira expressa a sua angústia e melancolia diante da finitude da vida e da inevitabilidade da morte.
6. "Estrela da Tarde": Um poema que retrata a saudade e a memória, onde Bandeira evoca a imagem de uma estrela como símbolo de um amor perdido.
7. "Desencanto": Um poema que expressa a desilusão e a tristeza diante das decepções da vida, revelando a sensibilidade e a melancolia características de Bandeira.
Esses são apenas alguns exemplos dos muitos poemas marcantes de Manuel Bandeira. Sua obra é rica em emoção, sensibilidade e reflexão sobre a vida e a condição humana.
Manuel Bandeira também se destacou como cronista, escrevendo crônicas que retratavam o cotidiano e os personagens comuns com sensibilidade e humor. Aqui estão algumas das suas crônicas mais importantes:
1. "O Poeta do Castelo": Nesta crônica, Bandeira faz uma homenagem ao poeta Augusto Frederico Schmidt, destacando sua personalidade e sua poesia.
2. "O Descobrimento do Brasil": Nesta crônica, Bandeira aborda o tema do descobrimento do Brasil de forma irônica e crítica, questionando a visão idealizada e romantizada desse evento histórico.
3. "O Amor e a Morte": Nesta crônica, Bandeira reflete sobre a relação entre o amor e a morte, explorando a dualidade entre a alegria e a tristeza presentes nesses dois aspectos da vida.
4. "O Homem do Pau-Brasil": Nesta crônica, Bandeira discute a figura do escritor modernista brasileiro Oswald de Andrade, destacando sua importância para a literatura brasileira e sua visão vanguardista.
5. "O Pobre Diabo": Nesta crônica, Bandeira retrata a figura do pobre diabo, um personagem marginalizado e esquecido pela sociedade, mas que possui uma riqueza interior e uma visão única do mundo.
Essas são apenas algumas das crônicas mais importantes de Manuel Bandeira. Sua escrita cronística é caracterizada pela sensibilidade, pela observação aguçada do cotidiano e pela capacidade de transmitir emoções e reflexões através de histórias simples e personagens comuns.
Manuel Bandeira deixou algumas citações emblemáticas que refletem sua visão de mundo e sua sensibilidade poética. Aqui estão algumas delas:
1. "Eu sou um poeta triste, mas não melancólico." - Essa frase expressa a melancolia presente na poesia de Bandeira, mas também ressalta que sua tristeza não é necessariamente negativa, mas sim uma forma de expressão artística.
2. "Amar é mudar a alma de casa." - Essa citação mostra a visão de Bandeira sobre o amor, destacando que amar implica em uma transformação profunda e significativa na vida de uma pessoa.
3. "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente." - Essa frase, presente no poema "Autopsicografia"(*), revela a capacidade do poeta de expressar emoções intensas através da arte, mesmo que essas emoções não sejam necessariamente vivenciadas no momento da escrita.
4. "A vida é tão bela que chega a dar medo." - Essa citação mostra a percepção de Bandeira sobre a beleza e a fragilidade da vida, ressaltando a dualidade entre a admiração e o temor diante da existência.
Manuel Bandeira era conhecido por sua poesia livre, que muitas vezes não seguia as convenções tradicionais de rimas, métricas e lirismo. Ele explorava uma linguagem mais simples e direta, buscando transmitir suas emoções e reflexões de forma autêntica.
Preferia explorar uma forma de expressão mais livre e pessoal em sua poesia.
Bandeira optava por uma escrita mais próxima da linguagem coloquial, utilizando versos livres e uma estrutura poética mais flexível. Sua poesia era marcada pela sinceridade, pela introspecção e pela capacidade de expressar sentimentos profundos e universais.
Essa abordagem mais despojada e desvinculada das métricas tradicionais foi uma das características distintivas da poesia de Manuel Bandeira, contribuindo para sua originalidade e para a renovação da poesia brasileira no século XX.
Essas são apenas algumas das citações emblemáticas atribuídas a Manuel Bandeira. Suas palavras capturam a sensibilidade, a melancolia e a profundidade de sua poesia, refletindo sua visão única do mundo e da condição humana.
(*) Esses versos são do poeta português Fernando Pessoa, um dos mais renomados e influentes poetas da língua portuguesa. Eles ilustram a ideia de que o poeta tem a habilidade de se expressar de maneira tão convincente que consegue fingir que sente as dores que descreve, ainda que essas dores sejam apenas uma criação poética. Essa reflexão destaca a complexidade da expressão artística e o poder da poesia de transmitir emoções intensas de forma autêntica.
POÉTICA
ESTOU FARTO dO lirismo comedido do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
[protocolo e manifestações de apreço ao Sr.
[diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
•To cunho vernáculo de um vocábulo
pulmão
Filtrado.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si
[mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar
[com cem modelos de cartas e as diferentes [maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
***
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
E outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automatico
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
O IMPOSSÍVEL CARINHO
ESCUTA, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor - No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
***
Pesquisa: Júlio César Fernandes
Meu rascunho de 14/10/2023.