Guerra na Ucrânia - uma perspectiva / War in Ukraine - a perspective
A Guerra na Ucrânia, ou a Guerra Russo-Ucraniana, ou ainda a Guerra de Agressão Russa. A guerra, tal como as suas interpretações e facetas, pode ser multifacetada e é, para Carl von Clausewitz , “(…) a continuation of political intercourse, carried on with other means.” Por outras palavras, a guerra é a continuação do discurso político através da violência, algo que é claro na casus beli russa (uma das várias justificações dadas pelo Kremlin): a manutenção da sua influência sobre os países do Leste europeu, teoria que também se pode aplicar à invasão russa da Geórgia em 2008. Também em 2008 foi recusada a entrada na OTAN/NATO da Geórgia e Ucrânia por não serem considerados democráticos o suficiente. Esta posição defendida pelos então chefes de estado alemão e francês (Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, respetivamente) poderá estar a jogar com a geopolítica internacional . Ou seja, uma das justificações de guerra russa foi a ameaça à sua esfera de influência, pois quer a Ucrânia quer a Geórgia estavam a atravessar um período de aproximação ao ocidente como já o fizeram os países do Este europeu e, mais recentemente, a Finlândia. As mais recentes expansões da OTAN/NATO tiveram apenas uma palavra mais rígida do governo russo, quer esta resposta tenha sido por falta de capacidade militar ou por não quererem escalar nenhuma situação apenas obteremos uma resposta mais acertada décadas depois do fim deste conflito, quando existir uma distância histórica que permita uma análise mais imparcial.
No entanto, a guerra não é apenas feita de ideologias políticas, mas também pelas populações dos países no conflito e o seu poder militar. Seguindo esta lógica, será pertinente questionar: o que é que a Ucrânia precisa para lutar? A resposta é simples, contudo de realização complexa do ponto de vista logístico: armamento militar e apoio humanitário para a população. Logística esta que é negociada e feita entre os países apoiantes e a Ucrânia. Algo muito importante que uma guerra do século XXI necessita é que falem dela, pode ser tão importante quanto a capacidade de combate dos soldados uma vez que o presidente Volodymyr Zelensky consegue captar as mentes e os corações dos países europeus e, mais relevante, dos estados membros da OTAN/NATO. Com uma mentalidade espartana evocando a ordem do general Nivelle durante a batalha de Verdun (1916) “IIl ne passeront pas”, em português “Não Passarão”, Zelensky consegue angariar as mentes das populações.
Aludindo ainda à citação de Clausewitz, será importante colocarmo-nos outra questão: qual é a razão política do apoio militar à Ucrânia? Certamente que a política (e os políticos) se aproveitam das mentes da população para justificar o envio de armamento militar, porém podemos identificar outra razão para além de ganhar votos nas urnas e essa segunda razão é a política de hegemonia que a OTAN/NATO tem vindo a conduzir desde a sua concepção em 1949, da qual granjeou com o colapso da União Soviética em 1991 e a subsequente debilidade do seu estado sucessor, neste caso a Federação Russa.
Em suma, a Rússia quer manter a sua influência sobre países que a rodeiam. O que está presentemente a acontecer na Guerra na Ucrânia é o conflito entre duas ideologias diferentes, contudo ambas são de expansão de influências. Característica que não é nova para um aluno mais atento da História, para o qual basta recuar até ao período da Guerra Fria para dar vários exemplos de cabeça. Um período em que o mundo vivia polarizado entre os EUA e aliados e a URSS e aliados, em 2023 podemos observar os restos dessa bipolarização e possivelmente a sua agravação, tudo dependerá do desfecho da guerra. Apenas se pode ter uma certeza: ainda não existe um distanciamento histórico para se poder analisar esta temática sem se ter favoritismos.
Bibliografia e Webgrafia:
CLAUSEWITZ, Carl von, On War, editado e tradução HOWARD, Miacheal e PARET, Peter, Princeton University Press, 1984.
Diário de Notícias - https://www.dn.pt/internacional/merkel-assume-recusa-em-acolher-a-ucrania-na-nato-em-2008-14742152.html, consultado em 08 – 06 – 2023.
Recomendações:
King’s College London - https://www.kcl.ac.uk/the-ukraine-crisis-explained-hear-from-our-experts
Harvard Kennedy School - https://www.hks.harvard.edu/russia-ukraine-war-insights-analysis
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English Version
The War in Ukraine, the Russo-Ukrainian War or even the War of Russian Aggression. This war, like its many interpretations and aspects, can be multifaceted and it is, in the words of Carl von Clausewitz , “(…) a continuation of political intercourse, carried on with other means.” In other words, this war is a continuation of political discourse through violent means, something made clear in the Russian casus beli (one of the various justifications given by the Kremlin): the maintenance of influence over Eastern Europe, a theory that can also be applied to the Russian invasion of Georgia in 2008. Also in 2008 the entrance of Georgia and Ukraine into NATO/OTAN was denied due to these states not being considered sufficiently democratic. This position defended by the then German and French Heads of State (Angela Merkel and Nicolas Sarkozy respectively) might be playing with the current international geopolitics. Meaning that one of the Russian justifications for war were the threat to its sphere of influence, this was because both Ukraine and Georgia were experiencing a period of approximation to the West, as did other Eastern European countries and, most recently, Finland. The most recent NATO/OTAN expansions were met merely with a stern word by the Russian government, this response being the result of a lack of military capability or by not wanting scale any situation will be an answer that we will get decades after the end of this conflict, when the historical distance that lets us analyse this situation with impartiality exists.
However, this war is not just made out of political ideologies, but also out of the populations of these countries in the conflict and their military power. Following this logic, it might be relevant to ask the question of: what does Ukraine need to fight? The answer is simple, yet with a complex accomplishment from a logistic point of view: military armament and humanitarian support for the populace. Logistics is negotiated and made amongst the countries that support Ukraine. Something very important that a war in the 21st century need is for it to be talked about, which might be just as important as the combat capacity of the soldiers seeing as President Volodymyr Zelensky is able to capture the hearts and minds of the rest of the European countries and, most notably, the member states of NATO/OTAN. With a Spartan mentality which summons the spirit of the order of General Nivelle during the Battle of Verdun (1916) “IIl ne passeront pas”, or in English “They shall not pass”, Zelensky manages to capture the minds of the populace.
Still alluding to Clausewitz’s quotation, it will be important to put forward the question of: what is the political reason for Ukraine’s military support? Surely that the politicians take advantage of the minds of the people to justify the sending of military armament, nevertheless another reason can be spotted for gathering votes at the ballots and that second reasonis the political hegemony that NATO/OTAN has been driving since its inception in 1949, which it managed to earn in the collapse of the Soviet Union in1991 and the subsequent weakness of its successor state, in this case the Russian Federation.
In conclusion, Russia wants to maintain influence over its surrounding countries. What is currently happening in the Ukrainian War is a conflict between two different ideologies, which both are of influential expansion. Characteristic that are not new for an astute student of History, for which you can back in to the period of the Cold War, just to list off one of the many example one can make. A period in which the world lived polarized between the USA and their allies and the USSR and their allies; in 2023 one can observe the bipolarity and its possible aggravation, all will depend on the outcome of the war. There can only be one certainty: there does not exist a historical distancing for it to be possible to analyse this subject with no favouritism.
Bibliography and Webography:
CLAUSEWITZ, Carl von, On War, editado e tradução HOWARD, Miacheal e PARET, Peter, Princeton University Press, 1984.
Diário de Notícias - https://www.dn.pt/internacional/merkel-assume-recusa-em-acolher-a-ucrania-na-nato-em-2008-14742152.html, consulted on 08 – 06 – 2023.
Recommendations:
King’s College London - https://www.kcl.ac.uk/the-ukraine-crisis-explained-hear-from-our-experts
Harvard Kennedy School - https://www.hks.harvard.edu/russia-ukraine-war-insights-analysis