O que é Pós-Modernidade

Nietzsche, Freud e Marx são frequentemente retratados como cavaleiros do ateísmo devido às suas críticas à religião.

Nietzsche vê a religião como uma forma de niilismo, a qual baseai-se em nada. Freud a considera um sintoma de ilusão. Já para Marx, a religião é uma forma de alienação.

No entanto, esses pensadores também são reconhecidos por suas críticas ao sujeito, ao conceito cartesiano de sujeito.

Nietzsche afirma que por trás do sujeito está a "Vontade de Poder". Para Freud, o subconsciente precede o sujeito. E para Marx, é a infraestrutura econômica que molda o sujeito.

Essa crítica ao sujeito é fundamental para compreender a pós-modernidade, um termo usado para descrever nossa sociedade atual, especialmente em círculos acadêmicos. A pós-modernidade também é conhecida como Mundo Líquido, termo cunhado por Zygmunt Bauman, filósofo pós-moderno, ou Hipermodernidade, conforme Gilles Lipovetsky, ou ainda Transmodernidade, conceito apresentado por Darcy Ribeiro. Outra forma de se referir a essa sociedade é como Sociedade do Consumo, como descreve Jean Baudrillard.

Para compreender melhor nossa sociedade pós-moderna, é necessário entender como eram as sociedades do passado.

Na época de Platão, por exemplo, acreditava-se na dualidade do ser humano, composto por corpo e alma. O corpo era o meio pelo qual o homem acessava o mundo dos sentidos, enquanto a alma estava relacionada ao mundo das ideias, ou seja, o corpo sentia e a alma pensava. A sociedade antiga era politeísta, acreditando em numerosos deuses. Segundo Platão, em sua obra "Timeu", o ser humano era resultado do projeto de uma divindade chamada Demiurgo, que concedia à alma, divina e eterna, um corpo mortal.

Na Idade Média, manteve-se a crença de que o ser humano era composto por alma e corpo, mas a sociedade passou a acreditar em um único Deus criador, Jeová. A lógica continuava a mesma: o corpo sentia e a alma pensava.

Na Idade Moderna, houve uma desmistificação do mundo, caracterizada pela perda do seu encantamento, bem como pela diminuição da crença em um Deus onipotente criador do universo. Nesse contexto, o ser humano passou a ocupar o centro do mundo, em uma perspectiva conhecida como antropocentrismo. Esse período se destacou pela valorização do sujeito e da consciência, que eram considerados ferramentas para a reflexão sobre a vida e a capacidade de moldar a si mesmo de acordo com a própria vontade, uma vez que o ser humano era percebido como livre para fazê-lo.

Após o surgimento de filósofos como Nietzsche, Marx e Freud, que questionaram o conceito de "eu" e valorizaram perspectivas diversas, surgiu a ideia de diferentes identidades que se manifestam de acordo com as forças energéticas que afetam o corpo, resultando em uma multiplicidade de pensamentos. Nessa visão, acredita-se que não existe mais a concepção de uma alma separada; é o próprio corpo que assume o papel de sentir e pensar.

Além da crítica ao 'eu', a sociedade pós-moderna é caracterizada pela ausência de crenças e verdades absolutas, como a existência de uma divindade criadora ou uma ideologia política definitiva. As relações interpessoais, especialmente as amorosas, tornaram-se voláteis devido à influência da internet, que permite que as pessoas escolham seus parceiros como se estivessem em um catálogo à la carte, resultando em uma forma de relacionamento conhecida como "amor líquido" (Zygmunt Bauman).

Na sociedade pós-moderna, não há mais uma busca coletiva por um objetivo ou ideal de sociedade, como ocorria na época das Luzes. Os indivíduos agora perseguem apenas objetivos individuais, valorizando a aparência e o estilo pessoais. O que molda a sociedade é o interesse singular, não mais o coletivo. Esse cenário resulta na desconstrução de hierarquias, desafiando as estruturas sociais, políticas e culturais tradicionais. Valoriza-se a igualdade, a diversidade e o empoderamento dos grupos marginalizados.

Apesar de os meios acadêmicos se referirem à atualidade como pós-modernidade, é importante observar que, para a maioria da população, mesmo que muitos ajam inconscientemente seguindo os padrões da pós-modernidade, ainda persiste, conscientemente, a crença em verdades absolutas, como a fé na democracia e no poder de salvação divina. Além disso, a grande maioria ainda acredita possuir uma alma eterna, que é o objeto que os faz pensar.

Em conclusão, embora vivamos em uma época considerada referencialmente como pós-moderna para fins de análise acadêmica, ainda existem elementos de tradições de épocas passadas entrelaçados nessa realidade.

Cabe a cada um de nós refletir individualmente sobre a mudança da sociedade e seu estado atual, para nos situarmos e nos posicionarmos diante de um mundo em constante transformação.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 05/07/2023
Reeditado em 05/07/2023
Código do texto: T7829520
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