Psicologia Analítica
Como estamos vivendo uma nova era do comportamento individual em busca de uma maior religiosidade, como a explosão evangélica, a gnose dos carismáticos e o misticismo aflorado dos segmentos espiritualistas, não podemos negar que a psicologia, antes tão laica, não esteja se dobrando ante as evidências, inclusive da noética e atualmente da própria psicologia trans-pessoal.
Chegou a hora de repensarmos em todos os passos e caminhos percorridos pela psicologia desde o seu surgimento e com um olhar crítico questionar qual o seu papel e o que de útil ela faz ou está fazendo e qual a contribuição que está dando de fato para resolver ou pelo menos amenizar os conflitos de um borderline, depressão ou um transtorno bipolar.
Referimo-nos a esses distúrbios porque temos observado que a maioria dos transtornos mentais está sendo passado para a tutela da medicina tradicional ou nó máximo para a psiquiatria.
A nossa tese começa com inequívoca constatação de que a psicologia de hoje não é a mesma proposta por Meyrs em 1872, que foi atropelada logo na sua vertente pela teoria do Dr. Wundt em 1874 que se desviou da proposta original.
Essa teoria proposta pelo Dr. Wundt, influenciou e acompanhou todas as correntes comportamentalistas até o surgimento da psicanálise freudiana que apesar dos seus dias de glória também acabou soterrada pela avalanche denominada psicologia analítica de Jung.
Como o nosso objetivo é exatamente detalhar a psicologia analítica de Jung, as suas influências e conseqüências nas escolas seguintes, vamos primeiramente traçar um paralelo entre as teorias de Freud e Jung. Esse paralelo se faz necessário porque, queiramos ou não, a psicologia junguiana é consequência do pensamento freudiano.
Inicialmente entusiasmado com as teorias psicanalíticas, com o passar do tempo Jung foi verificando as e teorias do Dr. Freud apesar de muito aplaudidas eram na verdade muita propaganda para poucos resultados e que as tão apregoadas influências libidinosas e sexológicas freudianas não estavam assim tão corretas quanto pareciam.
Apesar de todas as divergências não podemos negar que o motivo inicial do distanciamento de Freud e Jung foi na verdade religioso visto o primeiro era agnóstico e o segundo gnóstico.
Freud como materialista e ateu afirmava que todo o comportamento e transtornos psicológicos eram de origem física e com forte influência da sexualidade do indivíduo.
Jung mais religioso, místico e até esotérico embora não negasse a influência da sexualidade foi muito mais além para afirmar que a maior parte das reações comportamentais do indivíduo tem origem nas experiências em vidas passadas por onde o espírito estagiou ou passou.
Para embasar as nossas considerações citamos trechos do artigo, Psicologia Analítica, da insuspeita, Dra Ana Lucia Santana, que bem demonstram a origem espiritual da psicologia junguiana, diz ela.
A psicologia analítica ou junguiana também conhecida como psicologia complexa substitui a libido da psicanálise do Freud, pelo inconsciente espiritual e engloba todo o arcabouço teórico criado por Jung num trabalho complexo, mas essencial para a compreensão da mente humana.
Muitos dos temas desenvolvidos por Jung, brotaram de suas próprias experiências pessoais, que vivenciou constantemente em sonhos marcantes e a visão imagens mitológicas e espirituais, passando então a nutrir um grande interesse por mitos, que o fez passar a se interessar por sonhos, religiões e seitas olhadas pelo prisma psicológico.
E foi em busca de maior desenvolvimento espirituais nas esferas da mitologia e da alquimia tanto na Ásia quanto na África e nas tribos dos Pueblos dos Estados Unidos o que fez com que a sua psicologia sofresse forte influência da filosofia e das religiões orientais principalmente a indiana e o i-ching
Também experimentou as ocorrências de manifestações parapsicológicas o que suscitou em sua inteligência questionamentos cada vez mais frequentes.
O curioso é que o inconsciente junguiano não é apenas um conjunto de memória ligada a ancestrais mas tendências da psique que já existe antes de tudo ou seja o homem já é concebido com um arquivo perpetuado ao longo do tempo o que nos faz entender que este arquivo esteja no “corpo mental do espírito” que ele chamada de inconsciente.
É por isso que Jung divide em inconsciente coletivo e inconsciente individual. O inconsciente coletivo é uma esfera intima da psique humana onde se encontram vestígios impressos das ações naturais da mente como representações desenvolvidas ao longo de milênios.
O inconsciente pessoal ou individual quase se confunde com o espaço do inconsciente coletivo porque contém elementos da vida pregressa do indivíduo.
Ora, qualquer mente mediana sabe que com a morte do indivíduo todo o seu saber e todo o seu conhecimento intelectual vai com ele para a cova. Da mesma forma, cada pessoa que nasce, para obter conhecimentos, tem que percorrer todos os caminhos do primário à universidade.
Então como pode a mente brilhante de Jung dizer que homem já nasce com um conhecimento acumulado de outras existências?
É evidente que esta afirmação junguiana, não refere aos postulados da psicologia de Wundt, muito menos a de Freud, mas necessariamente a psicologia de Meyrs, Maslow e as outras que contemplam uma visão espiritual do composto humano.
Em pleno século XVII, se falar em reencarnação, em vidas passadas, espíritos ou em fenômenos espirituais, embora já não fosse mais uma novidade, ainda era tido como uma crença plebeia ou de ignorantes, por isso, considerado um sacrilégio se levantado ou aceito por algum intelectual que se prezasse.
Certo de que a suas visões de mortos, os princípios alquímicos, a sobrevivência da alma, e de que o conhecimento adquirido permanece na consciência do espírito do indivíduo, para evitar atritos com os intelectuais de quem todas as teorias e inventos precisavam da aprovação, Jung começou a criar o seu próprio sistema psicológico espiritualista mesclado com alguns elementos freudianos como o inconsciente, subconsciente e a libido mas agora vistos e apresentado por um ângulo totalmente diferente que encobria os espíritos identificados por seus vários graus evolutivos ainda que encobertos pelas denominações de arquétipos velhos conhecidos e já mencionados pelos filósofos antigos.
Foi partindo dessas realidades e para driblar a vigilância dos guardiões da moral religiosa, ficar fora da mira dos ateus e da crítica dos materialistas que Jung com arte e habilidade, criou seus arquétipos, sombra, anima, animus, self, sigízia e outros que com suas características materiais próprias podiam transitar pelos mundos visíveis e invisíveis sem despertar as menores suspeitas, nem a ira dos denominados eruditos daquela época.
Mas é evidente que hoje em plena era do espiritualismo, esses malabarismos junguianos são perfeitamente dispensáveis mesmo porque não representam algo útil nem fazem o menor sentido do que de fato ele estava tratando.