Um diálogo entre Edjar Dias de Vasconcelos e Camus.
Entendo a vossa voz, o silêncio de sua reflexão, o balbudiar da vossa linguagem, refletiu Edjar.
A dor da existência, a inutilidade do pensameto, o homem revoltado diante do seu insignificado, ponderou Camus.
O sapiens um bicho falante, imaginando ser diferente, nada tem sentido, a vida fundamenta no absurdo.
Camus, Camus, a grande genialidade, morreu muito jovem, entretanto, teve toda admiração de Sartre.
Não existe nada além do próprio nada, melhor ser desta forma, Edjar, de fato você tem razão.
O mundo não permite ter esperança, o que existe mesmo é a ilusão.
A não existência do essencial, talvez Platão tenha refletido corretamente.
A morte a grande libertação, a mais cruel trajetória, sofrimento incalculável.
Necessário criar uma filosofia da mentira, a qual a vossa pessoa recusou, do mesmo modo também recuso, Edjar.
O autoengano, jamais serei desonesto com a minha pessoa, Cumus, tenho respeito a mim mesmo, motivo pelo qual guardo o meu silêncio.
Edjar, devo lhe confessar a mais profunda admiração, o homem se perde em proposições fúteis.
Melhor que seja desse modo, a ausência de qualquer significado, é fascinante o vosso entendimento, não existe nenhuma razão para viver, Camus.
Quanto a mim, igual a você nunca pretendi ser absolutamente nada, aceitei tranquilamente, a ideia de ser um Zé ninguém.
A única coisa que procurei fazer imaginar a dimensão da inexistência, Edjar.
Confesso senhor Camus, entendo apenas o vazio, tal propósito magnífico.
Pensar em deus uma atitude covarde e mesquinha,
as coisas não são incompreensíveis, entretanto, descabidas, despropositadas.
Por melhor que seja o mundo, é essencialmente ruim.
Qual é a perspectiva do homem, tão somente a morte.
Entretanto, não me sinto perdido, esse é o melhor modo de ser.
Sempre procurei saber se a vida tinha ou não existência, perda de tempo.
Antes de pensar em alguma coisa, muito melhor imaginar o não ser da vida.
Qual o fundamento essencial da verdade, esquecer o absurdo da vida, vivendo o não sentido.
Qual a natureza da existência o não fundamento.
O mundo como refletiu Schopenhauer ideologias interpretadas.
O melhor mesmo é ancorar no absurdo, aceitar o destino cruel.
É certo o mundo ser como é da sua natureza constituída.
Não tem como ser diferente.
Viver a cada instante, sabendo que o mesmo é a eternidade.
Não existe misericórdia.
Sou eu o meu único amigo, os demais são expropriadores.
Sou, portanto, o meu cuidador, quando perder tal capacidade, serei atirado à marginalidade.
Coitado de quem tem apenas a força do trabalho.
Como mercadoria a ser comercializada.
É necessário agir contra tudo e todos.
Todos são nossos inimigos querem nos destruir, nos levar a pobreza.
O homem é sua própria solidão, sendo ele o seu criminoso.
Age desse modo por ignorância sistêmica.
Entretanto, é fundamental ser revoltado contra a servidão.
O homem não deve aceitar a escravidão.
Não pode voltar contra si mesmo, porque todos são contra individualmente a você.
Todavia, a construção da liberdade é a destruição da realização do próprio homem.
De um sonho possível.
Eis a questão ser ou não ser, o término do homem é ele mesmo não sendo.
A mais magnífica libertação de todas as ideologias.