O TEMPO - CULTURA, CIÊNCIA, RELIGIÃO, LITERATURA, POESIA MINIMALISTA POETRIX
Ciranda: O TEMPO
Grupo: Selo Poetrix (WhatsApp)
Duração: 1º. a 10/04/2023
Abertura: Dirce Carneiro
Quem já não pensou, discorreu, refletiu, filosofou, temeu, bendisse, maldisse, desejou, leu, escreveu, sobre o Tempo?
Este texto é uma introdução na abordagem do tempo, do ponto de vista do senso comum, do ponto de vista bíblico, do ponto de vista da ciência e do ponto de vista filosófico.
O tempo permeia a existência, desde a concepção até a hipotética morte. Sim, porque as crenças dizem que o tempo nunca acaba para ninguém, que ele continua, seja numa renovação de ciclos, seja na espera da glória, purificação ou perdição eternas.
Eternas...mais uma vez um conceito imensurável de tempo.
Para os que não creem, o tempo acaba aqui, na hora da falência material.
Mas afinal o que é o tempo? Ele existe ou a civilização o inventou para o controle da humanidade nas suas multitarefas? Para o controle do ser humano funcional?
Consta na história bíblica da Criação:
“No princípio era o verbo...” (Gênesis)
E está inaugurado o tempo. Fez-se dia e noite, as manhãs e os entardeceres, assim como os espaços, as coisas materiais e temporais...o primeiro homem e a primeira mulher.
Começou a contagem dos dias calculada por cientistas e religiosos.
Havia tempo antes da criação? O que o Criador fazia antes? E mesmo até se este Criador existia sem ninguém para acreditar nele?
O profeta Isaias nos diz sobre Deus:
Ainda antes que houvesse dia, eu sou;...(Isaías 43:13)
Aquele que “É” não conhece passado, presente ou futuro.
Alfa e ômega, princípio e fim. (Apocalipse 22:13.
Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro)
Estas e outras questões ligadas ao tempo são feitas no âmbito do entendimento das coisas, no território da lógica, das premissas, da filosofia, da religião e da ciência.
O pensamento é livre e ter perguntas não ofende a fé e ajuda até a consolidá-la quando se buscam respostas. Somos ainda Adão e Eva tentados pela serpente – a mente inquieta do ser humano, que não descansa.
O tempo como o conhecemos hoje tampouco existia nos primórdios.
Era percebido pelo movimento de rotação do Planeta Terra, que produz o dia e a noite. Os antigos sabiam a hora pela posição das coisas em relação ao sol. À noite, a Lua dava o tom das horas:
“Muitos sóis e luas se passaram e o meu amor não aponta no horizonte”
A Literatura dá exemplos dessa relação com o tempo antes da invenção do Calendário.
Os dias são contados em segundos, minutos, horas, semanas, meses, ano, séculos.
E o tempo virou o controlador das nossas vidas. Corremos contra ele, ele nos persegue, oprime, passa rápido na alegria e lento na tristeza.
Há quem deseja poder divino para inventar mais tempo além das 24 horas do dia.
Há quem deseja parar o tempo para fixar um momento de felicidade.
Há quem deseja que o tempo não corra, para prolongar seus dias de vida.
Há quem deseja deter o tempo e evitar seu efeito na face, no corpo, detendo as rugas, as vicissitudes da matéria perecível, atingindo assim o sonho da humanidade: a eterna juventude, a beleza perene, a sensação de invencibilidade dos jovens, a certeza de que tudo na vida é possível, a inconsequência, destemor, ousadia dos anos verdes da vida.
Mas os cabelos embranquecem e surgem metáforas de consolação para a passagem implacável do tempo – experiência, sabedoria..
O adágio Tempo é dinheiro fala-nos do fazer incessante e frenético num sistema que transforma tudo em moeda.
O mantra do Nada como um dia depois do outro fala de esperança.
Assim nos alimentamos em tempos de impotência, de dias aziagos, quando as Moiras trabalham indiferentes se somos felizes ou não.
Descansamos na providência divina se lembrarmos que Para Deus 1 dia é como mil anos e mil anos é como um dia.
E a Ciência, o que diz sobre o tempo? No seu artigo sobre o tempo, o cientista Lucas Mascarenhas de Miranda*, pesquisador e divulgador da ciência da Universidade de Juiz de Fora, diz, entre outros conceitos:
“Para a ciência, tempo é uma forma de mensurar a mudança das coisas”
“Vivemos em um universo em mudança. Vemos o Sol nascer e se pôr, vemos as folhas das árvores caírem, vemos nosso corpo envelhecer. Todas essas mudanças são efeitos daquilo que chamamos de ‘tempo’.”
Acreditou-se durante séculos que o tempo era igual para todos.
Em 1905 e 1915 o Albert Einstein, físico alemão (1879-1955), publicou parte da sua teoria da relatividade, que contrariou todo o conceito da ciência vigente até então.
Isto revolucionou a cultura, desde então a ficção científica deu asas à imaginação, não faltando “obras sobre buracos de minhoca, viagens no tempo e paradoxos temporais”
A teoria de Einstein mudou a abordagem científica na Ciência, seja na formulação de conceitos no ramo da Matemática, da Física, da Química e outras áreas do conhecimento.
Einstein elaborou uma teoria na qual espaço e tempo estão interligados e se influenciam mutuamente, formando o chamado espaço-tempo.
“O filme Interestelar, mostra como um buraco negro poderia retardar a passagem de tempo, fazendo com que uma hora próximo a ele demore dezenas de anos para um observador distante. Esse filme, aliás, é sempre um ótimo exemplo (talvez o melhor), quando falamos de teoria da relatividade no cinema.”
“Por mais exótica que essa teoria possa parecer, ela é muito bem fundamentada por diversos experimentos e até hoje nenhum deles a contrariou. Hoje, buracos negros são uma realidade incontestável – e os recém-laureados com o prêmio Nobel de física deram contribuições justamente nessa área. Há também várias provas do impacto da velocidade do observador e da gravidade na passagem do tempo. Mas não é essa a parte da teoria de Einstein que mais faz sucesso na cultura pop.”
Viagem no tempo:
“Queridinha da ficção científica, a possibilidade da viagem no tempo é, de fato, uma das mais empolgantes consequências das equações da relatividade.
A sua popularidade reside no enorme potencial narrativo de se voltar para o passado (ou para o futuro). Além disso, são muitos os paradoxos que podem surgir quando imaginamos uma viagem no tempo.
Um dos paradoxos temporais reside na pergunta: uma pessoa que viaja para o passado pode alterá-lo de modo a provocar mudanças no presente? Se isso fosse possível, o viajante poderia matar o próprio avô e tornar a sua existência impossível, ou matar o criador da máquina do tempo e fazer com que sua estadia no passado se tornasse impossível?”
A série De volta para o futuro explora essas possibilidades.
Esses e os vários outros paradoxos temporais que existem levam a crer que a viagem no tempo (ou, mais especificamente, a viagem para o passado) é impossível, mesmo sendo aparentemente permitida pela matemática.
O físico Stephen Hawking (1942-2018) argumentou, em artigo publicado em 1992 na revista Physical Review D, que suas pesquisas sustentam fortemente a chamada conjectura de proteção cronológica, segundo a qual “as leis da física não permitem o surgimento de curvas de tempo fechadas”. A linha do tempo fechada gera os vários paradoxos e, por alguma razão, a própria natureza parece se encarregar de evitar que isso aconteça.
Os buracos de minhoca, uma espécie de atalho que conecta dois pontos diferentes no espaço e no tempo, seriam uma forma de se criar essa curva de tempo fechada. No entanto, Hawking mostrou que a geometria desses buracos de minhoca (que nem sequer sabemos se existem) os torna objetos muito instáveis, que tendem a se desfazer quase instantaneamente, impedindo a passagem de uma partícula sequer.
É possível viajar no tempo?
Existem, sim, cientistas que não descartam essa possibilidade. Os pesquisadores Francisco Lobo e Paulo Crawford, da Universidade de Lisboa, afirmam, em texto publicado em 2002 no ArXiv, que a simples existência dos paradoxos temporais não prova que viagem no tempo seja matemática e fisicamente impossível.
O prodígio estudante Germain Tobar e seu supervisor Fabio Costa, da Universidade de Queensland (Austrália), publicaram recentemente, na revista Classical and Quantum Gravity , uma solução matemática capaz de remover os paradoxos da viagem no tempo.
A matemática que desenvolveram sustenta a seguinte ideia: se você viaja para o passado e impede o paciente zero de ser infectado, você vai acabar se infectando e se tornando o paciente zero (ou outra pessoa será). Ou seja, você poderia mudar o passado, mas o universo se autoajustaria e o futuro não seria afetado.
É uma visão determinista do passado (coerente com a ideia de que o passado já aconteceu e modificações nele não são capazes de modificar o futuro). Essa sofisticada matemática de fato remove os paradoxos da viagem no tempo, independentemente do quanto o passado seja alterado.
O que fica evidente é que não há nada definitivo sobre viagem no tempo, nada que garanta que ela seja possível ou não. E esse é um dos grandes charmes da ciência: a incerteza, que move cientistas de todas as áreas a investigarem cada vez mais profundamente a natureza que vivemos.
Por fim, vale dizer que os filmes sobre viagem no tempo (por mais incoerentes e cheios de paradoxos que sejam) são muito essenciais! Eles nos obrigam a refletir sobre esses paradoxos e nos ajudam a desenvolver uma concepção menos careta sobre o tempo (algo que a física já faz há mais de 100 anos). Por isso, nunca é demais assistir a um bom filme sobre viagem no tempo e desafiar suas convicções sobre a natureza, afinal, o que sabemos do universo ainda é uma gota no oceano.”
E a Filosofia? Sabemos que na antiguidade o pensamento filosófico abrangia tudo o que era Ciência.
Valemo-nos do artigo escrito por Williams Maciel**:
A filosofia do tempo, e mais especificamente a filosofia do espaço-tempo, surge como um ramo próprio da filosofia com o início da filosofia analítica, já no século XX.
Entre as questões básicas deste ramo encontramos: O que é espaço e tempo? Existem eles independentemente um do outro? Existem independentemente da mente que os concebe? Tempo além do presente existe? E como garantir a identidade ao longo do tempo?
Muitas discussões acerca do tempo têm raízes gregas e foram desenvolvidas na idade média. Destacam-se Platão e Agostinho, este, em suas Confissões, livro 11, comenta sobre a dificuldade de se oferecer uma definição para o tempo. Ainda assim, oferece a noção de que o conhecimento acerca do tempo exige o conhecimento acerca do movimento das coisas para ser apreendido, de modo que não pode haver tempo onde não há criaturas capazes de mensurá-lo.
Cada uma destas questões possui um amplo escopo de investigação e uma história particular na filosofia geral.
Platão e outros filósofos gregos defenderam que o tempo era ilimitado na direção do passado. Filósofos medievais desafiaram esta noção, apresentando a ideia de finitismo temporal, a ideia de que o tempo teria um passado limitado e, portanto, um começo.
Temos ainda a disputa entre realistas e antirrealistas.
Realistas defenderam que o tempo e espaço existem para além da mente humana, na realidade, enquanto antirrealistas defenderam que o espaço e o tempo não possuem existência para além do sentido que lhes dá a mente humana, embora não possam ser confundidos com idealistas, que recusam a existência de quaisquer objetos para além da mente humana, antirrealistas acerca do espaço e do tempo, em geral, recusam apenas estas duas entidades.
O filósofo alemão Immanuel Kant é um exemplo de proeminente antirrealista, em sua Critica da Razão Pura, de 1781, nega que espaço e tempo sejam substâncias, entidades por si mesmas ou aprendidos pela experiência.
Para Kant espaço e tempo são noções a priori que nos permitem compreender a experiência dos sentidos.
No entanto, Kant nega que sejam ilusões, uma vez que o espaço é utilizado para identificar quão distantes objetos reais estão uns dos outros, enquanto o tempo é utilizado para comparar intervalos entre eventos reais.
Uma das disputas que mais influenciou os rumo da física moderna e o desenvolvimento da filosofia do espaço-tempo foi entre relativistas e absolutistas, protagonizada especialmente pelo inglês Sir Isaac Newton e pelo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz, que nunca debateram diretamente, senão pela Correspondência Leibniz-Clarke, em que o Samuel Clarke expressa as posições de Newton, tratando da natureza do espaço e do tempo no que concerne a sua existência como entidades independentes objetivas, posição de Newton, ou como uma mera construção a partir de um conjunto de relações, posição de Leibniz.
Com os desenvolvimentos da física no século XX, particularmente com a unificação das noções de espaço e tempo em uma única entidade, o espaço-tempo, e especialmente após a publicação da obra Space, Time and Spacetime, pelo filósofo Lawrence Sklar, em 1976, este debate sofreu grandes alterações, passando a configurar uma disputa entre substantivismo, a defesa do espaço-tempo como substância, e relacionismo, a defesa do espaço-tempo como conjunto de relações.
Debate levado a cabo por, entre outros autores, John Earman, Robert Rynasiewicz e Tim Maudlin.
Questões exploradas em filosofia do espaço e do tempo incluem ainda, o fluxo do tempo, direção do tempo, endurantismo e perdurantismo, entre outras.
E então? O que dizem os poetas?
Os poetas deste grupo Selo Poetrix?
Somos poetas e podemos reinventar o tempo.
Vamos abordar o tema tendo como referência o conceito científico/filosófico: espaço-tempo
Na Poesia somos criadores, coautores do mundo, ressignificadores de tudo o que foi criado, inclusive o Tempo.
No Poetrix somos Magos, em pequenos toques de magia expressamos conceitos intamanháveis.
Somos filhos do Criador, somos deuses.
!!!Criemos...nesse tempo, no espaço-aqui e agora...
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Texto: Dirce Carneiro
Referências científicas:
*Lucas Mascarenhas de Miranda
Físico e divulgador de ciência
Universidade Federal de Juiz de Fora
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Referências científicas: Filosofia:
**Por Willyans Maciel
Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010)
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01.TEMPO
Criação do divino
tem o DNA do eterno
nós do tempo: as horas
02. FORÇA MAIOR
O tempo para
Cessa o giro da Terra
Orgasmo
03. INTELIGÊNCIA EXISTENCIAL
Peço sabedoria
Eu, senhora do tempo
Viver a relatividade
Nota: como o espaço de whasApp tem suas limitações, vou referenciar o texto por aqui.
Lá publicarei a chamada para o texto integral, para os que desejarem ler.