CASA DO MANDACARU
● No dia 24 de janeiro de 2021, o pesquisador Manoel Queiroga de Moraes e eu, fomos em mais uma revisita aos antepassados de nossa comunidade de Baixa Grande. Dessa vez, visitamos o lugar exato daquela que foi a segunda residência construída em terras baixa-grandenses e também da possível primeira casa de farinha que existiu na comunidade. No local, constatamos evidências da presença humana como telhas e pedras que foram utilizadas na construção do forno da casa de farinha.
● Aquela localidade pertenceu ao Sr. Manoel Rodrigues da Silva e sua esposa, advindos do Pernambuco, seguindo a mesma trilha dos primeiros habitantes da comunidade de Baixa Grade, ou seja, Sousa Oliveira e Ana Maria da Conceição. Este, de quem tratamos, é a raiz da família Rodrigues na nossa comunidade. Para melhor ilustrar o seu enraizamento, construção e localização da sua casa, parafraseamos DANTAS (2016, p. 45):
Por volta de 1796, outra família que adentrou nas terras da Comunidade, seguindo o mesmo trajeto da Senhora Ana Maria da Conceição, foi o Senhor Manoel Rodrigues da Silva com sua esposa. No declínio da parte mais alta do recém-criado sítio Baixa Grande, [Manoel Rodrigues da Silva] construiu uma pequena casa que, devido à floresta nativa, recebeu o nome de Casa do Mandacaru (onde atualmente localiza-se o ponto turístico no Alto da Santa Cruz).
● Ainda podemos acrescer de três pontos referenciais: 1) uma nascente (olho d’água), onde fluía água que era utilizada para a manutenção da residência e, consequentemente, na produção de farinha de mandioca. Hoje, devido a degradação da natureza e a construção de um pequeno reservatório (açude), a nascente desapareceu completamente; 2) se trata de um esconderijo natural protegido por acidente geográfico considerado significativo na nossa comunidade e se refere a Furna das Onças que, segundo relatos, o local funcionava como moradia oficial para a reprodução dos animais; 3) talvez o mais curioso, o mais próximo da casa, até hoje continua atual e se trata da Caverna dos Urubus: um pequeno espaço formado por rochas magmáticas que oferecem conforto e proteção contra o sol e faz com que o local seja procurado pelos abutres.
● Manoel Rodrigues decidiu construir sua casa naquele ponto alto, porque solo é propício para o cultivo da mandioca e, consequentemente, a produção de farinha.
● Com a morte de Manoel Rodrigues, a Casa do Mandacaru ficou pertencendo aos herdeiros, onde citamos Sebastião Rodrigues da Silva e Joaquim Rodrigues da Silva.
● Joaquim Rodrigues da Silva faleceu no dia 23 de março de 1873 (livro 02, folha 106, padre Henrique Leopoldino da Cunha). Foi sepultado no cemitério Coração de Maria, Cajazeiras – PB. A partir desta data, acredita-se que a Casa do Mandacaru ficou sob o comando dos netos.
● No dia 09 de maio de 1883, o jovem Pedro Geraldo Rodrigues, filho de Manoel Geraldo Rodrigues e Maria Francisca da Conceição, de 27 anos, contraiu matrimônio com a jovem Maria José de Jesus de 15 anos, filha de Cosmo José Moreira e Maria José de Jesus (livro 02, folha 169 da paróquia de Nossa Senhora da Piedade, Cajazeiras – PB).
● Pedro Geraldo Rodrigues vendeu as terras, conforme escrituras particulares, em 20 de julho de 1894 e 07 de setembro de 1908. A partir da última data citada, a Casa do Mandacaru fechou as portas.
● Segundo relatos de Serafim Rodrigues da Silva, passados por sua filha mais velha, Vicência Maria de Souza, o documento de compra e venda foi assinado na Casa do Mandacaru, em época que estava-se fabricando farinha.
● Ao encerrar o período da colheita da mandioca, Pedro Geraldo Rodrigues e família foram embora e, consequentemente a Casa do Mandacaru abandonada, passou a pertencer aos senhores José Inácio de Souza e Antônia Maria da Conceição.
● Com a morte de José Inácio de Souza, por volta de 1912, e de dona Antônia, por volta de 1919, as terras passaram a pertencer aos seus filhos: Serafim Rodrigues da Silva e Pedro Rodrigues da Silva.
● Fugindo da seca e se refugiando em Capina Grande – PB, Serafim veio a óbito em 1932 e foi sepultado no cemitério de Nossa Senhora da Conceição da mesma cidade. O seu irmão, Pedro Rodrigues da Silva, morreu por volta de 1944 em Baixa Grande.
● Conforme os registros do cartório Antônio Holanda, as terras da Casa do Mandacaru foram inventariadas no dia 23 de fevereiro de 1952. Vale salientar que os documentos não falam a respeito da casa de fabricar farinha. Conta somente um pouco da história da propriedade da família Rodrigues.
● Com a realização do inventário, o local exato da Casa do Mandacaru passou a pertencer a senhora Maria Rosa de Souza (Maria Peba). Na década de 1960, a senhora Maria Peba vendeu suas terras ao senhor Ananias de Sousa Teixeira, casado com Izabel Neri (Bela).
● Por posse de inventário, na década de 1990, essas terras passaram a pertencer ao senhor Raimundo de Sousa Teixeira (Dico), casado com Jocelina de Sousa Teixeira.
● Conforme documento datado em 17 de janeiro de 2014, as terras do local específico da Casa do Mandacaru, atualmente, pertencem ao pesquisador Manoel Queiroga de Moraes, penta-neto do primeiro dono, Manoel Rodrigues da Silva.
● Por fim, no local, só sobraram ruinas, história, e vestígios da presença humana naquele lugar.