"História do grafite
Há diferentes relatos sobre o surgimento do grafite da forma como é conhecido atualmente.
O início e a expansão dessa arte são explicados por alguns como advinda dos movimentos contraculturais de estudantes parisienses em maio de 1968, pois esses jovens realizaram protestos políticos por meio de pinturas em muros.
Mas foi nos Estados Unidos, mais precisamente nas periferias de Nova York, que o grafite ganhou propulsão para ocupar ruas e becos de todo o mundo. Na década de 70, em meio à negligência, falta de planejamento urbano e expansão da criminalidade, jovens de bairros da periferia nova-iorquina passam a difundir uma nova linguagem artística.
Grafite em um beco
Nos Estados Unidos, é comum encontrar artes em grafite nos becos. [1]
Dessa forma, a arte do grafite, desde seu surgimento, se deparou com a necessidade de transgredir um sistema opressor. Trata-se, portanto, de um movimento contra a cultura dominante nas cidades. Não é possível identificar com precisão quem foram os pioneiros do grafite nos EUA, devido aos sentidos de marginalidade que caracterizam essa arte desde seu início.
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Estilos de grafite
O grafite é formado por diferentes estilos e técnicas que possuem características específicas. Veja:
3D style: pinturas em três dimensões que utilizam efeitos de preenchimento de luzes, sombras, contornos e profundidade, materializando na imagem a ideia de movimento e realidade.
Throw up ou Bombs: usado em pinturas rápidas, com formato arredondado e letras gordas, engraçadas ou deformadas.
Wild style: estilo sem definição, com letras entrelaçadas e uso de muita cor, o que dificulta a leitura.
Free style: estilo livre, feito da forma que o grafiteiro preferir.
Jovens grafitando
O látex e a tinta em spray estão entre os principais materiais do grafite.
Confira os principais tipos de materiais e equipamentos de segurança utilizados no grafite:
máscara de proteção para filtrar a fumaça e fuligem que as tintas produzem no ar;
óculos de proteção;
luvas protetoras para evitar o contato direto com a tinta;
tintas em spray, aerossol, látex e acrílica;
lona, caso a pintura ocorra no chão;
suporte de estêncil que seja de material sólido e resistente;
palheta de violão para elaborar desenhos de árvores, por exemplo;
esponja para elaborar desenhos como folhas;
estilete para realizar cortes de tela.
Conheça os principais termos e gírias utilizadas na arte do grafite:
Grafiteiro/writer: o artista que pinta.
Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
Crew: conjunto de grafiteiros que se reúne para pintar.
Tag: assinatura de grafiteiro.
Toy: grafiteiro iniciante.
Spot: lugar onde é praticada a arte do grafite.
Artistas mundiais de destaque no grafite
Jean Michel-Basquiat: o artista nova-iorquino começou suas produções com inscrições feitas em edifícios abandonados de Manhattan e se tornou destaque na arte contemporânea pelo mundo.
Bansky: com uma estética única, o artista inglês é considerado como um dos mais famosos grafiteiros no mundo. Suas obras são feitas pela técnica do estêncil, caracterizada pelo desenho feito inicialmente em um suporte, como o papelão, e posteriormente colado à parede.
Edgar Müller: o artista alemão ficou conhecido por seus desenhos tridimensionais impressionantes, marcados pelos efeitos de ótica e qualidade artística.
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Grafite no Brasil
A contracultura se expressou também no Brasil por meio da arte, principalmente no movimento tropicalista. A cidade de São Paulo se tornou cenário de ascensão do grafite em meio à urgência de produzir diferentes expressões que falavam sobre opressões e mazelas sociais.
Um dos primeiros trabalhos de grafite feitos em locais públicos da capital paulista foi do artista etíope, radicado no Brasil, Alex Vallauri. A obra intitulada Boca de alfinete (1973) evidenciou a censura da ditadura militar. Foi pelo seu pioneirismo e sua influência que o dia de sua morte, 27 de março, tornou-se a data comemorativa ao Dia do Grafite no Brasil.
O período da ditadura militar evidenciou o desafio de fazer arte também pelos grafiteiros, já que a prática do grafite era considerada ilegal. A busca por expressar as aflições sociais sempre esteve associada ao fazer grafite.
Mural “O Beijo”, do artista brasileiro Eduardo Kobra, em Nova Iorque [2]
Mural “O Beijo”, do artista brasileiro Eduardo Kobra, em Nova Iorque [2]
Os principais nomes do grafite brasileiro são:
Eduardo Kobra: da periferia de São Paulo para o mundo, o artista é reconhecido por suas obras em muros que podem ser vistas nos cinco continentes. Kobra grafitou a obra Etnias, lançada nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, que se tornou o maior mural grafitado do planeta. O artista quebrou, em 2017, o seu próprio recorde, ao homenagear o chocolate na obra Cacau, em um paredão de 5.742 metros quadrados às margens da rodovia Castello Branco, em São Paulo.
Cranio: da zona norte de São Paulo, Fabio de Oliveira Parnaiba, conhecido por Cranio, iniciou no grafite em 1998. Os índios com tons de azul são registros evidentes do artista, que buscou, por meio deles, a representação do Brasil. Suas obras tratam de questões contemporâneas e abordam temas como consumismo, identidade e questões ambientais.
Os Gêmeos: Gustavo e Otávio Pandolfo compõem uma dupla de grafiteiros que iniciou seu trabalho no bairro de Cambuci, em São Paulo. Atualmente, suas obras lúdicas fazem parte de mostras por todo o mundo.
Diferença entre grafite e pichação
Por apresentarem algumas características em comum, o grafite é facilmente confundido com a pichação. Entretanto, a pichação é caracterizada pela escrita em locais públicos sem autorização, muitas vezes com o objetivo de insultar alguém ou protestar contra algo.
O grafite se refere a uma manifestação artística, que envolve um processo de criação feito com autorização. Já a pichação é uma intervenção agressiva associada a atos de vandalismo.
Crédito das imagens
[1] Nagel Photography / Shutterstock
[2] Bokic Bojan / Shutterstock
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https://brasilescola.uol.com.br/artes/grafite.htm