Do princípio da Ressonância em 4 eixos: Uma contribuição à Teoria das 12 camadas da Personalidade
O professor Olavo de Carvalho, descrevia a formação da personalidade desenrolando-se em 12 etapas subsequentes. Tratam-se de 12 núcleos simbólicos correlacionáveis às 12 casas do Zodíaco, trabalho emanado da investigação comparada entre Astrologia e Psicologia do comportamento , a Astrocaracterologia.
O Filósofo destacava em cada período do desenvolvimento da personalidade humana, motivações e dores centrais que segundo o mesmo, recaem sobre o sujeito, à medida em que este se desenvolve. A esses doze estágios atribuiu o nome de "camadas da personalidade".
Com a a finalidade de iniciar o assunto, são elas:
1- O já dado, Caráter;
2- A Hereditariedade;
3- O fora de mim (incluindo o reconhecimento do Outro);
4- Os Afetos;
5- A Luta, disputa, ou uso da Força;
6- A Utilidade;
7- O Papel Social;
8- Confronto com a Morte;
9- O Intelecto;
10- A Moral;
11- O Eu Histórico;
e por último, a 12ª. camada, Deus, fim e origem das 11 primeiras.
Dada a popularidade do pensador, a teoria tem sido cada vez mais difundida no meio de estudiosos, filósofos, médicos, terapeutas, teólogos e etc., alcançando assim o vulgo. Com a finalidade de evitar que a crescente difusão dessa iluminada teoria seja também a sua ruína, não posso deixar de repelir o uso imprudente dela enquanto ferramenta terapêutica. Qualquer profissional com bom senso deverá notar no confronto entre teoria e prática clínica, que quase nunca as dores dos pacientes analisados, são fáceis de identificar, raramente chegando-nos em "preto no branco".
Para o interessado na "Astrocaracterologia", a dificuldade em questão está dada na própria tessitura da teoria. As inclinações e aptidões naturais do sujeito, a sua forma cognitiva, etc., fazem com que na grande maioria das vezes, a história de vida do paciente, estacionado em determinada camada da personalidade, seja contada numa clave e com cacoetes de outra camada totalmente diferente. Isso não invalida a teoria, pelo contrário, as 12 camadas estão ali, e embora a camada estacionária esteja a princípio velada, com alguma expertise do profissional pode-se "retirar o véu".
O problema a que me refiro é o da impossibilidade da aplicação fria e indiscriminada das 12 camadas. A aplicação "preto no branco", ou seja, está atravessada pela subjetividade do paciente - cliente, sobretudo marcada pelo que chamo de "Fenômeno de Ressonância".
Não se deve confundir a Ressonância identificando-a com a natureza das camadas divisivas, {3, 4, 7, 9, 10 e 12,} que abrem a personalidade para influências externas rompendo o equilíbrio antecedente, o que já foi enunciado previamente pelo professor Olavo de Carvalho. Por ressonância aqui, entender-se-há a interação mútua entre camadas de mesmo eixo gerando sobreposição, por onde poderá acontecer o falseamento do eu exterior. Cada camada, tal como uma onda sonora, "vibra" a outra, e vice-versa, ou seja, vê-se perturbada, por contrário.
Dessa forma, a dor do paciente tende a não ser clara, pois o paciente necessariamente estará "reverberando harmônicos" de outra camada que não é exatamente a camada da personalidade na qual o indivíduo está originalmente posicionado. Assim como musicalmente uma nota "Ré", quando tocada faz com que uma nota diferente, "Lá", por exemplo, entre em ressonância, - mesmo sendo notas diferentes-, as dores e motivações de camadas posicionadas em um mesmo eixo tendem a se encobrir. É o que na primeira arte se conhece como lei dos harmônicos, ou série harmônica.
Em minha prática clínica, função que exerço como Analista Tridimensional, mapeei, e identifiquei na prática a presença do fenômeno da ressonância em 12 camadas, na forma com que se segue:
-Pertencem ao eixo dos conflitos as camadas 1, 5 e 9;
-As camadas 2-6-10, pertencem ao eixo dos Juízos;
-3, 7 e 11 formam o eixo Biográfico, ou Histórico;
-4, 8 e 12 reverberam o eixo dos Afetos.
Esse esquema de quatro eixos ou núcleos simbólicos, ajudará ao interessado na aplicação da teoria das 12 camadas em ambiente clínico, com a finalidade de lançar luzes ao encobrimento entre as mesmas. Deixo posto que a Astrologia pertence ao extenso e inabarcável campo da simbólica, portanto, este trabalho trata-se de colaboração e não de extrapolação. O fenômeno da ressonância em 12 camadas possui incontáveis exemplos na literatura, real, sagrada ou de ficção; Cito alguns deles:
(1-5-9) Platão é conhecido por ser um autor onde em suas obras não há elemento que não seja significativo. O filósofo abre a célebre República com uma alusão do confronto entre a força bruta e dos jovens e o intelecto encarnado, o próprio Sócrates que culminará num longo exame sobre a justiça e a ordem - ou desordem - na polis;
(4-8-12) O patriarca Abraão leva o filho improvável de seu amor senil, Isaac, para morrer no topo de uma montanha onde encontra Deus;
(2-6-10) A nação escolhida por Deus para entregar sua lei, as 10 mitzvot, tem como característica uma profunda habilidade de repetir e preservar traços hereditários;
(3-7-11) o menino Davi sai para servir seus familiares em batalha, acaba impelido a cumprir a função social de lutar contra o gigante Golias, terminando por mudar o curso da História.
Quanto à formação da personalidade, segundo ao que adicionamos à teoria das doze camadas, essas reverberam umas as outras em uma escala matemática, na qual número, símbolo, evento ou trauma tornam-se intercambiáveis e correlacionáveis.
Se dizemos que um indivíduo traz consigo uma "fratura" na quarta camada, por exemplo, trata-se do eixo dos afetos, naturalmente, dado o fenômeno da ressonância, terá dificuldade em lidar com os temas, "morte" e "Deus".
Se o mesmo está em dificuldades financeiras, com um bloqueio na sexta camada, é quase natural que reverbere a segunda camada, que diz respeito às tendências, condições adversas, e dificuldades arraigadas na hereditariedade ou vida familiar pregressa;
A estrutura da personalidade humana pertence à natureza, que como tal, obedece razões e proporções matemáticas, sendo dever do bom profissional o seu estudo. Pensar as doze camadas da personalidade em termos de ressonância é imprescindível para o uso dessa ferramenta em práticas terapêuticas, na pedagogia, ou o uso que se queira fazer dela.