Artigo de Opinião - Os Templários, o seu legado nos dias de hoje: reflexão de uma jovem tomarense

Enquanto jovem tomarense, não saber quem são os templários seria das maiores ofensas à cidade onde cresci. O legado dos templários está presente como uma névoa entre cada esquina da cidade e em qualquer lugar, basta procurar o convento que emerge entre as árvores e admirar a grandiosidade que ainda hoje emana, fruto do esforço e luta pela conquista do território português.

Os templários eram cavaleiros religiosos, devotos apenas a Deus, à sua causa e por devoção e fé, deram a sua vida para O servir. São homens que “se entregaram a Deus no mosteiro, mas que O defenderam com a espada”. Tiveram origem no ano de 1123 e os seus cavaleiros tinham que passar por treino físico e psicológico para estarem preparados para todo o tipo de ameaças contra os muçulmanos que enfrentavam; as cores principais eram o vermelho estampado em forma de uma cruz, representando o fogo do espírito que se firmava no branco que significava pureza. É bastante desafiante entender o que é ser um templário à luz dos padrões atuais de vivência; o templário é um religioso militar, que encara a realidade sagrada e se entrega completamente a um ideal com uma força espiritual muito grande, negando-se a si mesmo ao extremo, por acreditar naquilo que é o propósito de Deus e na defesa da Terra Santa. Não tinham nada seu, nem aquilo que vestiam, a sua espada, cavalo e escudo, nada era seu e estavam sempre preparados para lutar. A sua presença na Península Ibérica deveu-se às cruzadas organizadas com o intuito de expulsar os muçulmanos do território.

Este é um ponto crucial para a história da cidade de Tomar e para a história de Portugal! Gualdim País foi o cavaleiro templário que esteve ao lado de D. Afonso Henriques em quase todas as suas batalhas pela conquista de territórios aos povos muçulmanos. Era um homem muito inteligente, que aprendeu imenso enquanto esteve na Terra Santa e as suas boas práticas eram vistas e apreciadas pelos seus homens.

Gualdim País foi o fundador da cidade de Tomar, companheiro de armas de D. Afonso Henriques e dos primeiros homens consagrados como cavaleiros portugueses; tinha feito cruzadas pela Palestina, era um homem experiente na organização da defesa militar e lutou várias batalhas ao lado de D. Afonso até ao ponto de este ser reconhecido como rei de Portugal. Gualdim e as suas tropas reforçaram as defesas em vários pontos de fronteira contra os muçulmanos e a cidade de Tomar foi um desses pontos estratégicos.

Enquanto jovem que cresceu a ouvir a importância da presença dos templários em Tomar, algo místico parece que sucede e permanece intrínseco na identidade da cidade, fazendo-se sentir mais quando há festividades que recordam a história da cidade. São recreados cenários de guerra, homens montados a cavalo e vestidos com armaduras templárias tornam a relembrar a conquista de Portugal e o que isso significa nos dias de hoje. Os templários deixaram o seu legado e cabe a nós recordar a sua luta que nos tornou em quem somos, a nossa nação.