Academia Sergipana de Letras (ASL). A HISTÓRIA E A MEMÓRIA APAGADAS

Interessante, acompanhei a reunião online da Academia Sergipana de Letras, neste 14 de março, data do aniversário do poeta romântico Castro Alves e, também, Dia Nacional da Poesia. Fiquei atenta o tempo inteiro para saber do que se tratava na reunião dos Imortais.

Fiz parte do MAC e, por razões que só a mim competem, preferi renunciar à Cadeira n. 8, na posição de Fundadora. O Patrono da mencionada Cadeira é o saudoso médico Garcia Moreno, aquele importante cuidador de problemas da psique humana, e que por tal motivo era popularmente conhecido como o “doutor dos doidos”. Se você é jovem e não sabe disto, não há do que reclamar, mas, se você é daqueles bons tempos e não se lembra de que Garcia Moreno era assim cognominado, acredito que esteja em processo de esquecimento, o que é uma lástima.

Até, coincidentemente, me encontro citada na Tese de Doutorado/UFS, intitulada MÉDICOS POR FORMAÇÃO, DOCENTES EM AÇÃO: O PERFIL PROFISSIONAL E A FORMAÇÃO DO CAMPO MÉDICO EM SERGIPE (1966-1973), assinada pela Doutora PATRICIA DE SOUSA NUNES SILVA, que citou o meu poema, a seguir:

Moreno no nome

na pele

nos cabelos

nos olhos

perscrutadores dos mistérios da psique

– é o doutor dos doidos –

intrincado

intrigante do insondável fio da sanidade

limite da loucura

o circuito da sensata lucidez

insana sensatez.

(SILVA, 2004)

Ainda me recordo do momento em que o Presidente, Dr. José Anderson Nascimento, e sua esposa, a Imortal Luzia Maria Nascimento me fizeram o convite para fundar a Cadeira 8. A partir daí, preocupada a respeito de tanta honraria prestada a uma professora e poeta (eu mesma!), empreendi estudos para a construção de um ensaio sobre o médico. A pesquisa está disponível online. Além da pesquisa, elaborei o discurso de minha posse, devidamente registrada, com documentação assinada e fotografada.

Nunca apreciei elogios, especialmente os de baixa qualidade e floreados com adjetivos repulsivos e infinitamente repetidos. Se isto eu apreciasse, não teria renunciado à Cadeira que ocupei na condição de Fundadora.

Enquanto apurava meus ouvidos para saber o que acontecia, se Francisco de Emerson teria sido eleito imortal para manter acesa a luz de algum Imortal falecido. Cheguei a pensar que fosse o continuador de Luís Fernando Ribeiro Soutelo. Assim permaneci até que ouvi o empossando mencionar meu nome, mas sem dar os devidos créditos e, sem haver pronunciado um discurso solene em honra da memória do médico Perez Garcia Moreno. Eis que, “de repente, não mais que de repente”, ouço Diemerson pronunciar o meu nome e referir-se apenas às “leituras de Tânia Meneses”. Que curiosa fiquei! O que Francisco de Diemerson estaria fazendo naquela sessão solene da ASL? No decorrer das manifestações, o Dr. Lúcio Antônio Prado Dias, disse que teria se aproximado da leitura das crônicas do médico Garcia Moreno, inclusive o que decorrera das conversas que mantivera com Tânia. Sim! Tânia Meneses, eu mesma! Obrigada, Lucinho.

Lá vou eu ainda sem saber o que realmente estava acontecendo, mesmo porque, foi lá, na ASL, que ouvi algo muito importante, o cultivo e o cuidado para o não apagamento da História e da memória. Incrível, e como eu poderia ser excluída, esquecida dessa história/memória? Faço questão dela!

Francisco de Emerson é o responsável por um importante órgão da Cultura Sergipana. Não é excêntrico que, sendo assim, ele mesmo tenha camuflado a minha trajetória no MAC? Qual o significado desse comportamento, Dr. Diemerson? Hein?

Por isto ou por aquilo, insiro a este meu texto a frase da famosa carta de Getúlio Vargas:

"Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. (...)Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. (...)Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história".