O “ESPÍRITO” (DO TEMPO) E A TECNOLOGIA DA CRIAÇÃO —XL—

O “ESPÍRITO” (DO TEMPO) E A TECNOLOGIA DA CRIAÇÃO —XL—

Os espíritos dos deuses Ets também estão sujeitos a todo tipo de atribulações e adversidades, semelhantes, nesse aspecto, aos seres ditos humanos. Os exemplos são muitos. Uma das fontes nos jardins da deusa Et Afrodite tinha a água amarga. Os que dela bebiam ficavam num estado de ânimo hostil em relação aos demais. Mantinham por muito tempo uma perversa insatisfação relativamente a seus pares. O desejo de prejudicar seus semelhantes provocava comportamentos hostis e sádicos com relação a eles. Os deuses Ets do Olimpo eram ciumentos, rancorosos, vingativos, por vezes invejosos, possessivos, ressentidos, maldosos, cruéis, severos, impiedosos, terríveis.

A fonte infausta e danosa nos jardins da Et Afrodite, é certamente uma metáfora, uma simbólica afirmação de que essa fonte está em nosso psiquismo. Bebemos dela porque perdemos a fonte dos sentimentos de plenitude e as emoções de termos feito parte do mitológico Paraíso Perdido. Desperdiçamos o contato mágico com a ninfas do Jardim das Hespérides. Elas traduziam os mistérios emergentes da noite, da transição entre os raios de sol do dia que terminava no entardecer, em contraste com a presença da luminosidade lunar que antecipa as percepções mais obscuras do psiquismo: traduzindo-as.

O deus Et Eros/Cupido bebia da água Psi dessa fonte de percepções obscuras tão conhecida pelos seres ditos humanos. A aversão do Et Eros pelo deus Et Apolo era simplesmente contínua e definitiva. Ele lançou e atingiu Dafne, paixão do Et Apolo, com flecha de cobre. Provocou nela animosidade e malquerer por ele. Enquanto, vingativo e perverso, o Et Eros atingiu o Et Apolo com flecha de ouro, provocando nele uma paixão invencível pela ninfa Dafne. Uma paixão não correspondida.

Esse evento entre deuses Ets do Olimpo, de alguma forma nos lembra a poesia de Drummond: “João amava Teresa que amava Raimundo/Que amava Maria/que amava Joaquim/Que amava Lili/Que não amava ninguém/João foi para os Estados Unidos/Teresa para o convento/Raimundo morreu de desastre/Maria ficou para tia/Joaquim suicidou-se/Lili se casou com J. Pinto Fernandes/Que não tinha entrado na história”.

Podemos deduzir ou perceber que os espíritos e corpos dos deuses Ets são infinitamente mais poderosos do que os espíritos e corpos ditos humanos. Mas, eles também estão sujeitos às mesmas sensibilidades, sentimentos, emoções, guardadas as enormes diferenças de intensidade, devido à absurda desigualdade de forças e poderes sobrenaturais existentes entre eles: deuses e humanos:

Adônis amava Perséfone/Que amava Hades/Eco amava Narciso, que só amava a si mesmo/Ares amava Afrodite/Esposa de Hefesto/Apolo amava a ninfa Dafne/Que amava Perseu/Medeia amava Jasão que amava Creúsa/Afrodite se casou com Hefesto/Mas amava Ares/E traiu a ambos com Hermes, Apolo/Dionísio/Adônis e Anquises/Perséfone aceita a oferta de Tântalo/E devora igual canibal/O ombro esquerdo de Pélope/Que por sua vez havia sido/Veja você, esquartejado pelo pai...

É preciso que nós, seres ditos humanos, tenhamos uma visão mais realista do que eram os deuses que nos criaram e sempre se divertiram, talvez covardemente, com nossas fraquezas de todas as naturezas: mentais, intelectuais, emocionais, físicas, e se divertiam com a fragilidade de nossos sentimentos e a ignorância sobre nossa própria criação. A quanto tempo remonta essa criação??? Na Etiópia, em 1974, uma equipe de arqueólogos liderada pelo antropólogo Donald Johanson, curador do Museu de Cleveland de História Natural, localizou o fóssil denominado Lucy.

A denominação, Lucy, sugerida pela canção homônima dos Beatles que saía sonora de um gravador. Lucy, fóssil de Australopithecus aferensis de 3,2 milhões de anos. Os mitos de origem, os mitos de criação no Egito Antigo não nos deram datas, sequer aproximadas, de quando os deuses desceram pela primeira vez na Terra e começaram seu, presumo, árduo trabalho de colonização do planeta, liderados pelo deus Et Atom. Na Teogonia de Hesíodo lemos que tudo começou com o Caos planetário primitivo, sombrio, tenebroso, sinistro, sobrenatural.