O “ESPÍRITO” E A TECNOLOGIA DA CRIAÇÃO —XXIV—
O “ESPÍRITO” E A TECNOLOGIA DA CRIAÇÃO —XXIV—
Afinal, que quer dizer “esquerdismo”??? Acredito que sejam as tendências dos espíritos em agir conforme ou não, nessa ou naquela teoria da moda política. Houve nesse espectro político e sociológico intensidades diferentes na abordagem da condição humana, devido aos conflitos entre os vários teóricos que atualizaram a teoria marxista e a identidade das contradições: a principal delas entre capital e trabalho.
Hegel afirmou a contradição enquanto lei universal, essencial e inseparável da dialética. O cerne, o coração dela, dialética, são as ideias que geram outras após o confronto de seus conteúdos, sentidos e abstrações. Tanto na filosofia ocidental quanto na oriental, dialética significa a técnica de validação ou ratificação de reflexões, discursos e raciocínios. Desde Aristóteles, quem sabe ao certo, mesmo antes dele, há consenso no afirmar os dois processos que investigam o saber e o conhecimento: a lógica e a dialética.
Dialética significa “caminho entre as ideias”. O escritor argentino Jorge Luís Borges atualizou, de maneira poética este significado, ao abrir o portal da arte literária para o universo mais amplo, além das fronteiras até estão estabelecidas no método ou jeito como uma história nos é contada: a narrativa enquanto seguindo um labirinto de caminhos que se bifurcam no jardim do tempo e do espaço de uma história, lenda, fábula, prosa realista ou prosa de ficção.
Compreender e exprimir a real situação do mundo é uma tarefa de grande complexidade. A complexa cidade do mundo babélico fala em seis mil novecentos e doze idiomas, segundo o maior inventário de línguas do planeta: o compêndio Ethnologue. Bíblia linguística editada em 1951, indica onde são faladas e a quantidade de gente que as usa. Como saber as coisas que estão e são questionadas nos corações e mentes deste imenso mundo na linguagem diversa e bifurcada de tantos espíritos???
Como explicar, por exemplo, a mudança do paradigma da sexualidade que passou de macho/fêmea, para outras denominações??? As opções, os caminhos do erotismo humano que se bifurcam nas escolhas das relações afetivas e objetos de desejo, foram desconstruídos devido ao alto grau de obstáculos, bloqueios e impedimentos que impossibilitaram a continuidade da sexualidade, dita adâmica, normativa.
O mundo vive uma Babel ou Gosma de aderências emocionais entre as pessoas. Ela, Babel, simplesmente estava, suponho, no código genético dos espíritos que se bifurcam em suas escolhas que dependem de fatores diversos, históricos e outros, que estão muito além do controle e das gerências de governos, das empresas de telecomunicações, dos programas de vigilância da sociedade ou autorizações judiciais de espionagem global e demais trapaças corporativas tipo “Stellar Wind”.
“Stellar Wind” programa de vigilância eletrônica mundial da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, iniciado no governo Bush após a ocorrência sinistra dos ataques às Torres Gêmeas no 11 de setembro de 2001. Esquema externado e descrito pelo jornalismo investigativo do The New York Times em 2008, por Thomas Tamm.
As mulheres, nesse jardim do Éden às avessas, jardim de caminhos e intenções eróticas que se bifurcam, não são mais (talvez nunca tenham sido) o objeto de desejo de seus namorados, admiradores e maridos. Tudo nessa realidade babélica está desconstruído ou em desconstrução. A formulação desconstrutiva, elaborada por Jacques Derrida enquanto crítica às hipóteses e presunções da “Origem E Desenvolvimento Da Geometria Dita Humana”, se amplia na direção de uma pesquisa científica de complexidade inominável.
Talvez nosso DNA, incrustrado há milênios em nossas entranhas por civilizações que semeiam vida universo adentro, multiversos afora, estivesse programado de modo inconveniente, para enfrentar a babélica complexidade das cidades do mundo em que vivemos, plugados à cultura e civilização dos celulares e programações Tv visivas destinadas a imobilizar no sofá da sala de jantar, os idiotas que somos. Idiotas condicionados à aceitação do entretenimento que nos mantém nessa condição subjugada aos interesses que nem sabemos. E pior: aos interesses que não queremos saber!!!