CARGA SEMÂNTICA DOS MONOSSÍLABOS

CARGA SEMÂNTICA DOS MONOSSÍLABOS

Pode-se afirmar com toda certeza, que os primeiros ensaios de comunicação verbal praticados pelo ser humano foram balbucios nos quais predominaram, inicialmente, sons vocálicos inarticulados, orais e nasais, isto é, sem interrupção do sopro sonoro.

Aos poucos, as produções guturais, bilabiais, labiodentais e linguodentais ganharam conteúdos semânticos próprios, dando origem a monossílabos, cujos significados eram expressos e alterados pela entonação e intensidade ou ênfase do flatus vocis ou sopro sonoro. No entanto, tais conteúdos semânticos se diferenciavam de um grupo humano para outro. Assim se formaram as várias línguas.

Durante muito tempo, milênios talvez, as línguas permaneceram monossilábicas, pois as necessidades humanas de então resumiam-se no imperativo da sobrevivência individual e grupal, ou seja, no comer e defender-se de animais ferozes, do mau tempo ou de grupos inimigos, necessidades estas perfeitamente expressas por monossílabos.

Depreende-se daí a enorme carga semântica dos monossílabos. É por meio deles que, ainda hoje, se expressam as maiores aspirações e emoções do ser humano. Pode haver chamado ou exclamação mais sublime do que: “Mãe!”, “Pai!”, “Deus!” “Céus!”? Que palavra pode melhor exprimir uma dor intensa do um “Ai!”, um pedido mais angustiante do que “Pão!”? E como é triste ouvir um “Não!” em resposta a um pedido instante!

Até os pronomes eu, tu, nós, vós têm maior força significante do que os substantivos por eles representados. Talvez seja por isso – e não é exagero supor – que os pronomes tu e vós estão sendo substituídos por você e vocês respectivamente como forma inconsciente de abrandar tal força nos diálogos informais e até na linguagem informativa dos meios de comunicação, chegando-se ao absurdo do menosprezo a tais formas pronominais cultas, considerando-as obsoletas.