A mudança psíquica no trauma do absoluto

Introdução

Este artigo visa estudar as mudanças psíquicas das representações e afetos do trauma do absoluto, na análise. O método clínico psicanalítico permite apresentar um caso ilustrativo do absoluto. Essa hipótese investigativa da autora acerca de um fenômeno da clínica psicanalítica contemporânea se liga a outras hipóteses investigativas ad hoc: o desejo e o sistema das representações. Junto com elas, conceitos de diferentes psicanalistas ampliam a reflexão sobre essa temática.

O desejo, o trauma do absoluto e o sistema representacional

O desejo configura-se como uma ampla gama de representações e de afetos, que rege o conjunto de forças psíquicas. A princípio, ele mobiliza movimentos psíquicos do sujeito em direção aos seus objetos de satisfação. Em geral, funciona como vetor desses movimentos, visando se realizar no mundo. Em contrapartida, os bloqueios na satisfação do desejo do adulto derivam de sua fixação em certas representações e afetos, que limitam sua realização no mundo. Pois, parte do desejo do sujeito e do desejo de seus antecessores encontra-se radicado no material psíquico, que atravessa sua família. Assim, vivências psíquicas de um tempo longínquo podem traumatizar o desejo do sujeito. Esse trauma aparece em organizações neuróticas, moldando a configuração do desejo do sujeito: seu modo singular de se apresentar nas relações com as pessoas e o mundo.

O trauma do absoluto caracteriza-se por representações sobre-investidas por ódio e horror: ser abandonado, desamparado, rejeitado, não-amado, perdedor, devedor, invulnerável ao amor, amaldiçoado infinitamente, sofredor eterno, para sempre, sem lugar no mundo. Seu sobreinvestimento refere-se ao intenso aporte de ódio e horror nessas representações, impedindo o investimento de amor – afeto propulsor do desejo − em outras. Desse modo, ele bloqueia a mobilidade das demais representações e dificulta a mudança psíquica do paciente (Almeida, 2003).

Quanto ao material psíquico perpetrado na família, Eiguer (1998) diz que, na transmissão psíquica entre as gerações, um ancestral provoca fantasias, deflagra afetos, suscita identificações e intervém sobre as instâncias da família. A esse respeito, Kaës (2001) pontua a transmissão de configurações de objetos psíquicos (representações, afetos e fantasias) e vínculos, incluindo as relações de objeto.

Nessa via supra-individual, o trauma do absoluto designa a herança psíquica do filho, a partir do magma de ideias e de afetos de seus pais, que propagam relações violentas vividas com seus genitores. Sendo assim, ele retrata a tentativa desse herdeiro de romper o vínculo com seus objetos de desejo. Seu sofrimento é vivido como infinito, infindável e imutável. Essas condições psíquicas alteram o sistema representacional (Almeida, 2003).

O sistema das representações é um aparato psíquico capaz de representar os impulsos, as relações de objeto e os estados mentais do sujeito. Em seus estratos inconscientes são produzidas as representações, investidas por amor ou ódio. A primazia de afetos disruptivos – ódio e horror − nesse estrato gera falhas na eficácia potencial do sistema, de representar as diversas vivências psíquicas. As representações do absoluto contrárias ao desejo do sujeito – ser abandonado, ser desamparado, ser rejeitado, ser devedor – tendem a se fixar no estrato consciente do sistema. O bloqueio de representações coerentes com seu desejo − ser amado, ser inteligente, ser competente, ser bem-sucedido − significa que elas tendem a ficar em seus estratos inconscientes (Almeida, 2003).

Esse trauma se articula a quatro sistemas de pensamento em psicanálise. O absoluto filia-se à teoria das representações de Freud (1915) e Green (1998). Porém, Freud (1915) aborda os investimentos de libido nos representantes ideativos − não de ódio nas representações do desejo. Green (1998) trabalha com as representações e a pulsão de morte, sem enfocar o investimento de ódio nas representações do desejo. Klein (1981) e Bion (1994) examinam os ataques destrutivos aos objetos internos – bastante diferente dos investimentos de ódio nas representações do desejo. Termo de Herrmann (2003), o sistema representacional adquire uma conotação específica no contexto do absoluto. Indicando conflitos ancestrais, o absoluto associa-se, igualmente, à transgeracionalidade de Eiguer (1998) e Kaës (2001). Eles investigam a transmissão da vida psíquica entre as gerações da família, incluindo os traumas, a dificuldade da psique de representá-los, os ideais, a vergonha, a culpa, os segredos, entre outros temas.

Portanto, o absoluto não se filia de forma exclusiva a quaisquer desses sistemas da psicanálise. Nessa medida, trabalha-se com autores ligados a escolas com diferentes fundamentos metapsicológicos. O diálogo com eles justifica-se a partir da articulação desse trauma com várias vertentes da psicanálise e da aplicação do pensamento dos autores a pacientes atingidos pelo absoluto. Ademais, esse diálogo tem ressonância com o enfoque transgeracional, que conjuga conceitos próprios com conceitos de outras linhas psicanalíticas. Nesse sentido, Kaës (2001) utiliza conceitos como relações de objetos, elementos alfa e beta, entre outros, junto com suas formulações teóricas, de natureza transgeracional (Almeida, 2003).

Ademais, o absoluto articula-se ao enfoque econômico da metapsicologia clássica. Para Freud (2006a), ele designa as alterações nas quantidades de excitação. No inconsciente, há conteúdos catexizados com maior ou menor força.

Dessa forma, o sobreinvestimento de ódio e horror nas representações do absoluto se diferencia do investimento de ódio em outras – ser estúpido, ser incompetente, ser desastrado – assim como do investimento de amor em: ser inteligente, ser competente, p. ex. Esses diferenciais de investimento sinalizam as alterações econômicas geradas pelo absoluto, que se associam às falhas na função representativa do sistema.

Torna-se necessário, nesse ponto, situar as hipóteses investigativas da autora em relação a conceitos psicanalíticos.

No plano metapsicológico, o sistema das representações se articula ao funcionamento do ego, visto que essa instância realiza o trabalho psíquico com as representações. Segundo Zimerman (2013), Freud definiu o ego como um conjunto de funções e de representações psíquicas. Ilustrando essas ideias do autor, Freud (1915) examina o representante ideativo da pulsão e seu representante afetivo-energético. O representante pulsional consiste em uma representação, com uma cota de energia psíquica ou afeto. A seguir, em 1923, as representações se originam da percepção-consciência – associada ao ego.

Outros autores têm contribuído para a teoria psicanalítica da representação – de amplo espectro e com grande densidade teórica e clínica.

Para Green (1998), o psiquismo é constituído de processos e forças afetivas, que nem sempre podem ser representados pela linguagem. Esta faz parte da teoria geral da representação, pois o trabalho psíquico busca caminhos para representar territórios irrepresentáveis: o soma e o real. Assim, a clínica psicanalítica remete às falhas da atividade representativa, à paralisia da análise e ao irrepresentável.

Em relação a isso, retoma-se a concepção da autora acerca das alterações da função representativa do sistema – devido ao impacto do absoluto sobre ele – e sua interlocução com o pensamento de Green (1998) quanto às falhas da atividade representativa.

Além disso, na história da psicanálise, o conceito de desejo é muito importante. Esse percurso se inicia com Freud (1915), que aborda os impulsos carregados de desejo e prolonga-se em Lacan (1998), que o enfoca em sua obra. Além disso, na teoria de Herrmann (2001), o desejo consiste na matriz interna das emoções e a identidade remete à representação do desejo.

O trabalho da autora com as representações coerentes com o desejo do sujeito, bloqueadas pela sobrecarga do ódio e do horror nas representações do trauma do absoluto, se insere nessa tradição psicanalítica.

A mudança psíquica do trauma do absoluto

Expostas essas primeiras ideias acerca do absoluto, passa-se a apresentar a mudança psíquica de seus conteúdos produzida pela análise.

A mudança psíquica do absoluto articula-se a certos elementos psíquicos, a certas operações e aos processos do sistema das representações. Dentre seus elementos, há as representações e seus afetos. No tocante às operações, há desdobramentos, contraposições e equivalências entre as representações. Quanto aos seus processos, há o parentesco semântico entre as representações e os novos afetos investidos nas demais representações.

No absoluto há: representações catastróficas do sujeito, representações catastróficas de mundo, de tempo, de espaço, dos paradoxos, da imagem de si e de organização da matéria.

As representações catastróficas do sujeito são: ser desamparado, abandonado, rejeitado e devedor, entre outras. Retratam uma catástrofe relacional entre sujeito e seus genitores. As representações catastróficas do mundo são termos abstratos utilizados pelo sujeito, que assinalam traumas com seus pais: colapso, abismo, esfacelamento, fatalidade.

As representações de tempo abarcam: o sofrimento que se estende para sempre, o sofrimento eterno, sua duração por séculos. As representações de espaço compreendem: sem lugar no mundo, não ser desse mundo. As representações da imagem do sujeito envolvem seu desejo de ter bilhões de pessoas como ele. Há as representações paradoxais – estar cheio e estar vazio; estar absolutamente além e aquém de seu rival − e as representações da (des)organização da matéria – ser morte, estar morto, ser morto-vivo, ser inexistente.

Para denotar a mudança psíquica nesse trauma, cumpre descrever três operações observadas na análise. Dentre os desdobramentos das representações, há: ser invulnerável, ser imune e ser blindado. Quanto à contraposição das representações, depara-se com: ser invulnerável ao amor em oposição à busca de relações duradouras. No caso da equivalência entre elas, cabe considerar: ser solitário e ser isolado. Passando-se aos processos envolvidos nessa mudança, o parentesco semântico entre as representações manifesta-se em: ser invulnerável, ser imune e ser blindado. Com relação aos novos afetos, o medo, a tristeza, o tédio, o desespero e o amor se fazem presentes nela.

Um importante turning point na mudança psíquica do trauma do absoluto envolve a cena primária e a fantasia de auto-engendramento. A esse respeito, Ribas (1991) diz que certos pacientes negam a cena primitiva de sua concepção. Põem em jogo sua origem e sua fantasia de auto-engendramento. Complementando essas ideias, para Racamier (1986), a fantasia da criação-recriação remete ao auto-engendramento − ser seu próprio genitor. Essa fantasia se contrapõe à fantasia da cena primitiva.

A clínica do trauma do absoluto

Como lastro clínico para examinar o trauma do absoluto, apresenta-se um caso paradigmático quanto a ele. Sua escolha se deve ao intenso comprometimento do sistema representacional pelo ódio, assim como às operações e aos processos mediados por esse sistema, à medida que a análise vai transcorrendo.

Primeiramente, a história de vida do paciente é explicitada em suas linhas gerais. A seguir, a divisão da análise em cinco fases remete aos períodos de mudanças psíquicas significativas no paciente. Elas são apresentadas de forma sucinta, por questões de limite do artigo. O uso do itálico visa destacar suas representações e afetos, bem como suas mudanças na análise. O sinal gráfico das aspas simples retrata as falas ipsis verbis do paciente. As aspas simples – contendo palavras em itálico – sinalizam falas do paciente, nas quais as representações e suas mudanças aparecem. Ao se intercalar travessões entre as frases, visa-se deixar o relato mais claro para o leitor.

O analisando é um senhor inteligente, culto, bem situado profissional e financeiramente. Com sete anos, seus genitores se separaram e seu pai formou novas famílias, nas quais ele era submetido aos maus-tratos dos enteados do pai e à sua desproteção. Com isso, ele se sente abandonado, desamparado e rejeitado pelo pai. Então, ele faz um grande esforço para ser ‘super’ e superior aos demais na esfera literária. Seu sucesso dependia de ele derrotar supostos inimigos, de modo aguerrido.

Seu avô paterno é cultuado com amor e admiração por ele, tendo amenizado a aridez e a distância de seu pai. Do avô, herdou ‘seus melhores valores: justiça, integridade moral, retidão de caráter, tolerância às minorias e à condição humana’. Ele foi ‘um grande homem com nobres valores, feminino e terno’. Em sua família, o lugar do pai parece ser o da falha, da falta, do aquém. Assim, ele se fixa mo ódio e no horror pelo abandono paterno e pela perda/morte do avô. Porém, seu orgulho de si e do avô diminui seu ‘horror à condição humana’. O ódio e o horror fundam sua vida emocional.

A questão da dívida alicerça-se em sua família. No veio paterno, ele se representa como devedor para com seu avô e seu pai, como devedor quanto a ele. Tem urgência de ‘repor a estirpe de grandes homens para pagar sua dívida com o avô’. Do ramo materno, evoca a versão de sua mãe de que seu sofrimento tem a ver com uma dívida, a ser paga por ele.

Além disso, seu paradoxo do cheio e do vazio se associa com a linhagem paterna. Sua avó paterna fazia comidas gostosas para ele comer, mas, depois, sadicamente, dizia que ele estava gordo e balofo. Ele se sentia inchado, fazia regimes terríveis e se angustiava muito com isso. Seu enorme vazio decorria, ainda, de suas expectativas malogradas de amor, de acolhida e de proteção paternos. Desse modo, seu paradoxo do cheio e do vazio foi preenchido pela comida e pela literatura. Nessa trama de cheios e de vazios, a ‘pele de anjo’ de uma namorada o lembrava de seu pai. Porém, ela o traia e desaparecia, quando ele estava bastante envolvido com ela. Paradoxalmente, ele viveu com ela, fascínio − pela quebra de limites quanto ao prazer sexual − e horror − ao se submeter ao seu sadismo e se fixar a ela. Ele sofreu muito com essa garota, porém, com a análise, conseguiu se desvencilhar dela.

A partir disso, como com seu pai, ele previa ser desamparado, rejeitado e não amado por suas namoradas. Assim, ele buscou ser invulnerável ao amor, revelando sua catástrofe relacional. Então, buscou sexo sem compromisso: desejo de não amar uma mulher. Por outro lado, ele fazia alianças de ‘fraternidade e de lealdade’ com alguns homens, desde que houvesse ‘paridade de forças, admiração e respeito’ entre eles. Com homens prepotentes, sentia um ódio que o dominava e bloqueava sua capacidade de criação. Previa ataques e derrotas, em sua competição com eles. Com homens menos dotados na área literária, temia que eles ‘sugassem’ sua potência. Angustiava-se por sua paradoxal dependência de amor e de aprovação desses homens inferiores e desprezados por ele. Sua onipotência era uma defesa contra sua vulnerabilidade ao amor.

Na primeira fase da análise, as representações do absoluto são bastante repetidas pelo paciente. Assim, ‘ser n vezes mais importante saber do que viver’ destaca o valor exponencial do saber para ele – como defesa contra o amor ao outro. ‘Ser n vezes mais importante saber’ e ser ‘invulnerável ao amor’ indicam seu desejo de ser uma exceção à condição humana. Seu desejo de ‘ser super’ e de ‘ser invulnerável ao amor’ o alçariam para além de seu ‘horror à miséria da condição humana’. Porém, ele sofre ao ‘ser eternamente aprendiz’ e ‘eternamente não sabedor de tudo’, articuladas a ‘ser n vezes mais importante saber do que viver’. ‘Meu sofrimento vai ser eterno’ – bastante referido por ele – vai além do tempo da existência humana. Dentre seus paradoxos, ora ele dizia ‘sou infinitamente melhor que meus rivais’ ora afirmava ‘sou infinitamente pior que eles’. Além disso, ele desejava ‘ser o melhor da história’ em seu trabalho.

Sua representação de espaço é: ‘estou confinado em uma prisão, entre o purgatório e o inferno’. Nessa prisão, ele expiaria seus pecados e iria para o céu. Dentre as alterações na organização da matéria, ele relatou: ‘Eu sou morte, eu sempre fui morte. Desde que nasci até quando vivi aqui, só foi morte. Quando voltei – de outra cidade – é morte de novo. É o eterno retorno; sofro muito, é o eterno retorno’. Esse eterno retorno designa a repetição inexorável de suas experiências ruins com as outras pessoas.

Seu desejo de ser supra-humano aparece em seu ódio diante de seus limites, como ser humano. Seu desejo de ‘ter sete bilhões de pessoas como eu no mundo’ corresponde a ter sete bilhões de cópias ou reproduções de si – excluindo os demais seres humanos do mundo. Seu desejo de ‘ser perfeito’ serve para ele se destacar e se distanciar dos outros. Contudo, ele vive o conflito entre seu desejo de ‘ser poderoso e ser superior às outras pessoas’ e sua sensação de ‘ser solitário e não-amado’.

Ele deseja obter ganhos absolutos com suas conquistas na vida, mas, após obtê-las, o sistema retorna à vivência de ele estar submetido às perdas terríveis. Essa transformação paradoxal de seu ganho em perda envolve a intensa força do ódio nas representações do sistema. Quanto a isso, Racamier (1986) define o paradoxo como uma formação psíquica, que liga duas proposições inconciliáveis. Essa agressão ao eu suscita um ódio intenso em sua vítima.

E, mais, ele desejava ‘ser um sábio isolado e inatingível numa montanha inexpugnável’. Ele sentia um ‘horror infinito, inescapável’. Seu horror à intersubjetividade se desdobrou em seu desejo de: ‘ser um clone’, ‘ser descendente de uma linhagem superior ou divina’ e ‘ser a resultante operacional de um tubo de ensaio’ – relatadas em diferentes sessões. E, inclusive, ele sente ‘horror ao meu desejo de ser amado’, ‘horror de estar exposto à vontade do outro e de ser desamparado por ele’. Seu horror à condição humana se revela, igualmente, em: ‘detesto ser humano’ e em seu desejo de ‘ser máquina’. Ele deseja, mas reluta contra sua dependência de seu pai: deseja ‘poder contar’ com ele, mas angustia-se por ‘não poder contar’ e ‘não poder não contar’ com ele. Há uma íntima relação entre seu horror às relações intersubjetivas e seu ódio à figura paterna. Ao final desse período de análise, seu sofrimento eterno diminuiu. E, sua raiva − mais branda que seu ódio − não o domina, enquanto um intenso ódio o dominava anteriormente.

Na segunda fase, as ideias e afetos do absoluto pouco apareceram. Eles se desdobraram em versões atenuadas desses conteúdos, significando sua relação menos defensiva com seus objetos de amor, do que na primeira fase da análise.

De modo paradoxal, por um lado, ele explicitou: ‘desejo ser imune aos ataques’; por outro, ele expôs sua ‘busca de relações duradouras, pois me sinto isolado e solitário’. Além disso, apareceram seus desejos contraditórios de ‘ser independente’ do outro, mas de ‘buscar relações duradouras’. Porém, ele acentua o ‘sofrimento prolongado numa relação duradoura com final trágico, que traria uma dor quase inescapável’. A despeito de apontar a ‘sucessão de momentos bons’, ressalta as ‘relações prolongadas com dor’ mas, então, fala de ‘prazer possível e consistente no tempo’.

Apesar disso, seu pensamento foi imobilizado por representações paradoxais de seu desejo: ‘ser invulnerável ao outro’, mas ‘ser escravo dele’ e, mais, ora afirmava ‘sou infinitamente melhor que meus rivais’, ora considerava ‘sou infinitamente pior que eles’. Logo, houve a mudança paradoxal da representação de melhor para pior, assim como de ganho com suas conquistas para perda delas. Então, apareceram seu medo e sua tristeza de perder suas conquistas.

Na terceira fase da análise, ele retomou seu sofrimento com o outro e acrescentou ‘queria ser blindado’. Ser blindado evitaria ser sugado e ser esvaziado pelo outro. Então, ele afirmou de forma clara, pela primeira vez: ‘desejo ter sucesso’. Porém, ter sucesso se associou a seu medo da perda, medo de ser sugado, medo de ser esvaziado e medo do fracasso. Logo, sucesso-fracasso, fartura-penúria e duradouro-transitório são representações paradoxais, que paralisaram seu pensamento.

Os complementos inconscientes de dois raciocínios incompletos do paciente têm o mesmo conteúdo: final ruim. Pois, tanto em seu primeiro raciocínio sobre seu desejo de uma ‘relação prolongada, que dura até o fim’, quanto em seu segundo raciocínio – no qual ‘sucesso significa ter relações duradouras’ – seu complemento inconsciente era final ruim. Portanto, esses complementos inconscientes contradizem a primeira parte das duas frases, confirmam um ao outro e produzem uma armadilha paradoxal contra seu vínculo com o outro. Seu sofrimento prolongado nas relações duradouras se associou com final ruim. Contudo, ele fala em ‘sucessão de momentos bons’. A eles se juntou um raciocínio catastrófico, no qual o adjetivo transitório é usado como substantivo: ‘o transitório se esfacela, rompe e quebra’. Todavia, a analista diz que ficar de modo transitório com uma garota legal ocorre numa relação transitória e prazerosa. Essas novas representações acerca das relações com o outro podem superar suas representações anteriores de sofrimento duradouro e de final ruim junto a ele – desse mesmo período.

Na quarta etapa da análise, associou sua ‘miséria à realidade: indiferente às minhas fantasias e desejos’. Entretanto, a seguir, ele afirmou que ‘minha realidade é melhor que a de muitas pessoas e construída por mim’.

Continuando a usar adjetivos como substantivos, ele fala sobre seu ‘gosto pelo irreversível’ e sobre seu ‘horror ao não estático’. Esses conteúdos revelam a regressão do sistema aos elementos do absoluto. Porém, sua representação de fim adquire novos sentidos nesse período: seu significado inicial de degeneração verte-se em fim como transformação e, depois, fim é associado à ‘construção de algo novo’. Além disso, ‘ser bem sucedido é encontrar um amor e não me colar a uma relação ruim’ nessa fase. Apesar disso, reapareceram as representações do absoluto relativas à ruptura do vínculo com seu pai. Ele afirmou ‘é impossível ser independente de meu pai’ e fala de seu ‘desejo pelo infinito’ e de seu ‘desejo pelo ilimitado’. Parece que seus desejos retratam que seu vínculo com seu pai é limitador, do seu ponto de vista.

A divisão do ego nos processos de defesa discutida por Freud (1940) aparece na divisão de suas representações no sistema. Mais especificamente, sua representação de ser popular nas paqueras se opõe a ele ser solitário na intimidade. Ele sente ser fracassado, ainda que seja bem sucedido nos âmbitos profissional e financeiro. Além do mais, dois grupos de representações se evidenciam nesse momento da análise: ser amoroso, divertido, lúdico e criativo, de um lado, e ser odiável, triste, trágico e destrutivo, de outro. Porém, com a análise, a divisão – de seu eu, de seus objetos e de suas representações – foi sendo integrada ao sistema.

Referindo-se a ‘minha crise’, várias representações se interligaram a ela. Assim, ‘ser desamparado, ser fracassado, ser submetido a forças alheias a ele, ser capturado e estar preso a um final trágico e inescapável’ retratavam sua crise. Esse ‘final trágico e inescapável’ se ligava ‘à tragédia com meu pai’. Então, ‘me envolver com uma mulher seria uma realidade trágica’. Além do mais, sua representação de ser desamparado conjugava-se à representação do mundo como catástrofe inexorável. Esta remetia ao seu desejo de vínculo com seu pai e sua ruptura traumática, à medida que ele se separou de sua mãe e se casou novamente outras vezes. Esse paradigma arcaico de vínculo formou-se em sua relação com seu progenitor.

Representando suas mudanças na análise como ‘minha estabilidade’, referiu-se a novas representações de si: ‘ser amado, ser desejado, ser escolhido, ser bem-sucedido, ser ativo em vínculos saudáveis’. Afirmou seu poder de ‘transformação da realidade’ e de ‘construção de minha vida’. Esse paradigma atual de vínculo foi construído em sua análise

Contudo, ele disse: ‘as coisas passam’. Esse raciocínio incompleto sinalizou uma ilusória mudança da vida com o tempo, pois seu complemento inconsciente era: mas tem um final trágico. Fala em sucessão do tempo, porém ligando-o a fim catastrófico, degeneração e fatalidade.

A seguir, a representação de degeneração se associou a ele ser descendente de seus pais. Depois, por ‘ser descendente de meu avô, devo repor os homens nobres da família. Então, preciso ser nobre, ser pai e gerar um filho’. Sua afirmação que o ‘fim catastrófico se ligava à degradação’ foi confrontada por: o fim pode ser o início do novo. ‘Tenho medo do fim’ foi contraposta por: o fim pode significar um novo começo. Na sequência, ele disse: ‘ser bem-sucedido é ser empático, estar em construção e aceitar a perda do controle do mundo’. E acrescentou: ‘É possível ser estável num mundo mutável’.

Na quinta etapa da análise, falou sobre seu ‘gosto pelo permanente e pelo estável’. ‘Meu horror ao transitório se associava à minha fragilidade’. ‘Ser submetido pelo outro’ se associou a ‘ser impotente’ e ‘ser frágil’ junto a ele. Voltou a dizer ‘sou um nada, miserável e amaldiçoado’. Essas ideias se associaram à sua fantasia de ter amaldiçoado o ato de sua geração e de ter expulsado dele seus aspectos sublimes – amor − e vigorosos – tesão. Ao acreditar que o amor fragilizou seu eu, ele investiu de ódio a cena primária: elo das gerações de sua família.

Nesse momento da análise, ‘ser submetido a algo fatal’ e ‘sem lugar no mundo’ apareceram. Seu desejo de ‘ser controlador’ e ‘ser reconhecido no mundo’ o defenderam contra ‘ser impotente’ e ‘ser desligado do mundo’. Além do mais, ser envolvido e envolver, ser acolhido e acolher foram expulsos da cena primária.

Ao rever suas questões no tocante à cena primária, mudanças fundamentais se anunciaram.

‘Estou feliz pelo fim rápido de uma relação ruim’. Sua ‘luminosidade’ foi associada por ele a ‘sou brilhante’ e a ‘ser dado à luz com alegria e animação’. Igualmente, apareceram: ‘creio que ser estável é possível’, ‘hoje em dia sou capaz de pensar e aprender com meus erros’, bem como ‘ sinto fascínio pelo lado sublime das relações’, ‘sou permeável ao lado sublime das relações’ e ‘sou uma masterpiece esculpida e construída na análise’.

Discussão

A partir de agora, um panorama das mudanças das representações e afetos do trauma do absoluto no sistema representacional é dado a conhecer ao leitor.

Na primeira etapa da análise, apareceram ser invulnerável ao amor e ser inatingível. Na terceira, evidenciou-se um processo do sistema com o absoluto: o parentesco semântico entre suas representações: ser invulnerável, ser imune e ser blindado. Elas indicam a mudança de seu desejo de ser uma exceção à condição humana – ser invulnerável ao amor – passando a um desejo próximo dessa condição – ser imune – e o retorno de seu desejo de ser exceção a essa condição – ser blindado contra o outro. Além disso, ser invulnerável – primeira – ser imune – segunda e terceira fases – e ser blindado – terceira – foram transformadas em ser permeável ao fascínio do sublime nas relações – quinta. E, ainda, na quinta, surgiram amar e ser amado; ser acolhedor e ser acolhido; ser envolvido e envolver – que apontam a elaboração de ser invulnerável e ser inatingível. Por sua vez, o ‘colapso’ e ‘o transitório que esfacela, rompe e quebra’ − terceira época − tem parentesco semântico com ‘catástrofe, fatalidade e fim catastrófico’ − quarta − e com ‘fatal’ – quinta (Almeida, 2011).

As operações mentais do sistema se evidenciaram na segunda etapa. Dentre os desdobramentos das representações, ser abandonado, ser desamparado, ser um sábio isolado e inatingível – primeira – deram lugar as suas variantes atenuadas: ser solitário e ser isolado – segunda. Estas variantes demonstram a equivalência entre as representações – segunda. Igualmente, o desdobramento entre elas se anuncia em: ser invulnerável – primeiro − ser imune − segundo e terceiro períodos − e de ser blindado − terceiro. Revelando a contraposição das representações, ser invulnerável ao amor – primeira – foi confrontada por sua busca de relações duradouras – segunda e terceira. Junto com isso, ser desamparado por seu pai – primeira – foi superado por ser autossustentado em si mesmo e ser paternal – quinta. Ser rejeitado por seu pai – primeiro – foi elaborado em ser escolhido por si mesmo – quinto (Almeida, 2011).

Do sofrimento eterno, infinito e imutável nas relações – primeiro tempo – ele passa ao sofrimento em relações prolongadas com final trágico, à sucessão do tempo e ao gosto pelo transitório – segundo − depois ao sofrimento em relações prolongadas com final ruim e à sucessão de momentos bons – terceiro − e, por fim, às relações com início, meio e fim, em que algo novo e bom pode começar − quinto. A ‘sucessão de momentos bons’ se confronta com as ‘relações prolongadas com final ruim’ − terceiro. Não obstante, seu ‘sofrimento imutável’ com o outro – primeiro – cede ao ‘prazer possível e consistente no tempo’ – segundo. Aliás, o tempo transitório − segundo − adquire um sentido catastrófico no terceiro: ‘o transitório se esfacela, rompe e quebra’. A representação de eterno retorno – primeira etapa − liga-se a irreversível − quarta. Seu ‘gosto pelo irreversível e pelo estático’ – quarta – foram abrandados por ‘seu gosto pelo permanente e pelo estável’ – quinta (Almeida, 2011).

Na primeira fase, ele se debatia entre ‘ter todo o tempo do mundo, um tempo que passa e ameniza a dor’ e seu ‘horror de estar preso eternamente na miséria da condição humana’. Nesse período, sua representação de miséria ligava-se a seu horror ao vínculo com o outro. No quarto, ‘meu horror à miséria humana é que as fantasias não se tornam realidade, tem que se esforçar para conseguir as coisas’. Sua miséria – primeira etapa – se liga à sua penúria – terceira – retorna à sua miséria – quarta – e se vincula a ser miserável – quinta. Ser miserável ao não conseguir mudar a realidade – quinta − é revista ao ser capaz de transformar a realidade, ser agente e ser autor de sua vida (Almeida, 2011).

Do primeiro período, ser perfeito − quando seus erros eram execrados por ele − deu lugar a ser capaz de pensar e aprender com eles – quinto. Além disso, nascer pronto e não ter que aprender – primeiro − se transformaram em estar em construção – quarta época − e em ser uma masterpiece esculpida e construída por si mesmo – quinta (Almeida, 2011).

Ser uma criança ferida, que desejava um mundo imutável sob seu controle rígido – quarto tempo – foi superada por ser um adulto estável capaz de lidar com um mundo mutável – quinto. O abismo como a distância absoluta entre ele e seu objeto de desejo – quarto – veio a significar que seu desejo de domínio e seu ódio ao objeto escondiam seu medo de ser vulnerável a ele – quinto (Almeida, 2011).

Seu desejo de ser nobre, ao ser neto de um avô nobre e ser descendente de homens nobres – primeiro tempo – foi retomado em ser nobre – quinto tempo. Seu desejo de ‘repor os grandes e nobres homens’ da família − primeiro − verteu-se no desejo de ‘ser maior que meu pai e meu avô’ − quarto – e no de ‘ser grande entre os grandes’ – quinto (Almeida, 2011).

Na fase inicial da análise, ele não se concebia como filho de seus genitores e negava suas origens. Sua fantasia de auto-engendramento tinha como cerne ser oriundo de uma geração assexuada. Suas variantes eram: ser descendente de uma linhagem especial; ser um clone e, ainda, ser o resultado operacional de um tubo de ensaio. São versões modernas de sua fantasia de se auto-engendrar, visto que ele negava ter havido amor e prazer sexual, ao ser gerado por seus pais. Seu horror às relações intersubjetivas foi superado por seu fascínio pelo sublime nas relações – na quinta etapa. A integração dos conteúdos benfazejos da cena originária − amor, prazer sexual, alegria e entusiasmo − quinta etapa − permitiu um upgrade em seu sistema representacional (Almeida, 2011).

Ser bem sucedido no sentido de ser autossuficiente para não precisar do outro – primeiro tempo – passou a significar ‘encontrar um amor e não me colar a uma relação ruim’ – na quarta fase. ‘Estou animado’ − terceiro e quarto períodos – foi revisitado em ‘estou feliz’ – quinto. Sua animação e sua alegria – terceiro – ligaram-se à sua ‘luminosidade’ – quinto. Quanto a isso, para Laplanche e Pontalis (2012), o amor consiste num fator de ligação nas relações e o ódio tem como objetivo dissolvê-las.

Faz-se necessário, outrossim, enunciar a mudança de seus afetos no transcorrer de sua análise.

No território dos afetos desse trauma ancestral, o ódio, o horror, o medo, a tristeza, o tédio e o desespero são seus afetos indissociáveis. Seu ódio e horror ao outro – primeiro – cederam lugar ao medo e à tristeza de perdê-lo – segundo. No terceiro, colapso e catástrofe inexorável foram investidas de medo. No quarto, ser impotente, ser submetido e ser capturado se ligaram à tristeza. O medo, a tristeza, o tédio e o desespero são contrapontos afetivos do ódio e do horror. Eles são menos defensivos contra o amor que o ódio e o horror. Com a análise, o ódio e o horror – primeiro tempo – deram lugar aos afetos complementares a eles: tédio, desespero, tristeza e medo – segundo. Na análise do absoluto, a formação de afetos complementares ao ódio e ao horror – o medo, a tristeza, o tédio e o desespero – é explicitada por Green (1998). Para o autor, nas operações mentais com os afetos há: a inversão no contrário, a formação de afetos opostos ou complementares e a inibição.

E, ainda, no quinto, ser amado, ser inteligente, ser competente, ser escolhido, ser afetivo, ser bem sucedido, ser uma masterpiece esculpida e construída – foram investidas de amor e integradas ao sistema das representações. Sendo solidárias ao seu desejo mais original e autêntico, elas permitem realizá-lo no mundo das relações (Almeida, 2011).

Considerações Finais

No trauma do absoluto, as torções históricas do desejo do sujeito advêm da ferida narcísica de suas origens. Desse modo, ele tenta romper o vínculo com seus objetos do desejo.

A hipersensibilidade do sistema das representações – do sujeito – às condições iniciais de suas relações objetais o engendra. A estase do sistema associa-se à paralisia no devir das representações solidárias ao desejo, mediante a fixação das representações do absoluto.

Na jornada analítica, uma espiral de sentidos entrelaça e reorganiza as representações, de modo que uma representação pode superar outra. A mudança psíquica do absoluto depende da análise das representações e afetos, dos paradoxos, do auto-engendramento e da cena primária. Para tanto, cabe dissolver o forte ódio e horror nas representações, integrando novas representações e afetos ao estrato consciente do sistema.

A primazia do amor no sistema das representações faz com que ele tenda à estabilidade e à integração progressivas e consistentes. Dá-se a fusão entre amor e ódio, sob a égide do amor. A hegemonia do vínculo amoroso consigo e com seus objetos de desejo favorece a efetivação do desejo do adulto. Associa-se a um paradigma de relação amorosa, que sinaliza o prazer, o vigor e a fluidez do desejo. Surge um fluxo potente de seu desejo para a ação, na realidade compartilhada e no mundo das relações. Sua realização se torna consubstancial ao sujeito, em sua re-invenção identitária. Ele o atualiza no presente e lida com limites que a realidade de per si impõe a ele. Para tanto, ele precisa depurar, do espólio psíquico de sua família, as representações em uníssono com seu desejo, em seus alicerces mais essenciais e verdadeiros.

Por fim, as suposições especulativas propostas tem fundação teórico-empírico-clínica no campo da psicanálise. Dessa forma, podem contribuir quanto às lacunas do conhecimento sobre a teoria da representação, do desejo e do trauma, bem como quanto às falhas da representabilidade do sistema, seus tipos de representação e de afeto, seus processos e seus estratos.

Referências

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Green, A. (1998). Sobre a Discriminação e a Indiscriminação Afeto-Representação. Revista Brasileira de Psicanálise, 32(3), 407-456.

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Zimerman, D. E. (2013). Vocabulário contemporâneo de psicanálise. Porto Alegre: Artmed.

Maria Emilia Sousa Almeida
Enviado por Maria Emilia Sousa Almeida em 17/05/2021
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