A MINIMIZAÇÃO DA VIDA

Por certo que a aproximação ao Divino é consideravelmente importante, eu diria útil e preciosa até. Isso para quem, tendo consciência da precariedade humana, se deixa aflorar pelo sentir, prioriza e frui a escolha da religiosidade plena frutificada na fé dos necessitados, aflitos e inquietos de todos os naipes. Dos inusitados sentires, óticas, prismas e focos, nestes tempos volúveis de pós-modernidade líquida, e, como tal, voláteis, e, curiosamente, pouco perceptíveis, nesse quase inviável mundo circundante contemporâneo, tão factual, e ao mesmo tempo, tão engenhosamente espiritual e intempestivo. E, como se tudo não bastasse, perceber e "ouvir estrelas", como disse Olavo Bilac numa centenária e famigerada peça poética, que, ainda assim nos permite ouvir e acatar o mudo recado do Absoluto, na gestão das pequenas coisas. E é essa minimização conjuntural detalhista sobre fatos e coisas envolvidas, que nos torna capazes e competentes para sentir e observar a larva, o vírus, o inseto, a minhoca, a bactéria e outros organismos e apreciar os "corozinhos" entremeados e relutantes quanto ao nada, no lixo orgânico. É a vida mínima e riquíssima, sempre insepulta, para reafirmar o conceito de Antoine Lavoisier: "Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo apenas se transforma.". E aduzo algo: tudo ocorre a seu tempo, porque a natureza não dá saltos. Aturemos o Corona através da Covid-19, em sua formidável transição. Aprendamos com eles. Seria esse o singelo recado do Absoluto para o milênio 21?

MONCKS, Joaquim. A VERTENTE INSENSATA. Obra inédita, 2017/21.

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