PREFÁCIO FAMÍLIA LANDULFO PRADO

PREFÁCIO PARA “FAMÍLIA LANDULFO PRADO”

Dário Teixeira Cotrim*

Nada é mais gratificante do que escrever sobre as nossas origens, pois sabemos perfeitamente que todo trabalho em conformidade com a sucessão do tempo não deixa de ser um velho baú abarrotado de doces e saudosas lembranças. Eu costumo dizer que o estudo genealógico, ou cronológico de uma pessoa, em livro, nunca será completado no seu todo. Esta análise certamente que devota-se de uma investigação oriunda dos arquivos públicos, cartórios e/ou documentos primários, tudo que possa lhe conduzir para a perfeita montagem de sua calendarização ainda em curso. Nesse sentido, podemos afirmar que o escritor Landulfo Santana Prado Filho procedeu na elaboração do seu livro “Família Landulfo Prado” como um verdadeiro garimpeiro no resgate do seu histórico profissional.

Por outro lado, nota-se que não se trata aqui de uma genealogia plena no sentido da palavra, senão um apanhado biográfico do autor, com resquícios de ordem natural das tradições, e que são passadas de geração a geração. É plausível quando ele descreve a sua infância: as brincadeiras de roda, bolinha de gude, esconde-esconde, amarelinha, os carrinhos de lata velha e outros devaneios de um tempo igual para todas as crianças de sua idade. Ah, e as primeiras viagens? E as feiras-livres abarrotadas de estranha gente? Sim, são essas as reminiscências mais marcantes que ele anota com total entusiasmo no seu influente livro de reminiscências.

No início da leitura o leitor vai encontrar a “abertura” dos trabalhos acompanhado da “sinopse” e do “pronunciamento do autor”. Na sequência a “apresentação” e a “introdução cultural e social”. Ora, será que tudo isso se confunde para encasquetar no leitor a insegurança do autor? Não. Ledo engano de quem assim pensa, haja vista que o escritor Landulfo Prado tem um cabedal de conhecimento consubstanciado na inteligência e no talento literário. A obra pode não ser de leitura fácil – e não é – todavia o legente encontrará nas palavras do autor, as lembranças de um passado recente como forma de aprendizado para a conquista do seu “lugar ao sol”. Observe que a sabedoria, a vivência, a experiência e a perseverança na luta do seu cotidiano estão bem definidos neste livro. Aliás, nada lhe escapa do seu amor à terra e à causa pública, em virtude dos relevantes serviços já prestados antes de sua merecida aposentadoria.

É comum, no histórico familiar, as lendas sobre o varão mais importante, sempre contadas pelos parentes mais velhos, destacando-o em atos de bravuras, e tornando-o o herói para os seus descendentes. Pois bem, o autor faz aqui a sua narrativa comovedora, evidenciando as dificuldades financeiras da família e o sofrimento de seu pai na labuta diária para aprovisionar a sua casa do necessário no sustento dos filhos. Destarte, o menino Sandu tinha no pai, Landulfo Santana Prado, a figura do herói e no seu avô a intrepidez de um grande homem para a sua pequena idade. Certamente que ele ouvia de sua saudosa mãe, Olímpia de Oliveira Prado, essas e outras “estórias” de doces entretenimentos com os seus irmãos reunidos no terraço da casa.

Mais adiante o leitor vai encontrar uma cronologia minuciosa do autor. São anotações pessoais de sua trajetória profissional e, em destaque, o maior tempo das suas atividades na Defensoria Pública de Estado de Minas Gerais. Dizem os intelectuais que a velhice faz muitas revelações sobre a vida das pessoas. Em Landulfo Prado ela revelou-se que ele excede na amizade e no julgamento de todos os seus amigos, sem ao menos tornar-se um ancião incapacitado para o trabalho. Pelo contrário, agora é que ele faz do hoje o amanhã, porque a sua vida é feita de ação, de energia e de trabalho em favor de uma atividade, com a personalidade forte e vibrante, pois ele jamais deixou de ser um homem digno, honrado e generoso.

O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros tem hoje a honra de contar no quadro dos “Ilustres Associados” o nome de Landulfo Santana Prado Filho, que ocupa a cadeira número 23 e que tem como patrono o Doutor Carlos José Versiani. Além deste livro “Família Landulfo Prado”, o autor ainda tem para publicação mais dois outros livros: “Vereda da Geografia Literária” e “Razão, Existência em Formação”, este último que faz parte do Consórcio Literário do IHGMC e será lançado muito brevemente. Bem haja!

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*Dário Teixeira Cotrim é o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.