LITERATURA RUSSA: GRANDES OBRAS, NOMES COMPLICADOS

*Por Herick Limoni

Entre os grandes escritores da humanidade os russos têm lugar de destaque. Logo nos vêm à mente autores como Dostoievski, Tolstoi, Pushkin, Tchekhov, dentre outros. Muitas das obras desses verdadeiros mestres da arte de escrever são citadas, por muitos, como grandes obras da literatura universal. Para ficar somente em alguns exemplos podemos citar Crime e Castigo, Memórias do Subsolo e Os irmãos Karamazov (Dostoievski); Guerra e Paz, Anna Karenina e A morte de Ivan Ílitch (Tolstoi); A filha do capitão e A dama de espadas (Pushkin); O duelo e A dama e o cachorrinho (Tchekhov).

As histórias por eles retratadas, apesar de escritas há bastante tempo, ainda são bastante atuais, visto que cada um, a seu estilo, conseguiu captar e descrever, com maestria, a alma humana, retratada em suas angústias, prazeres, sofrimentos, alegrias, etc. E muito em razão disso é que seus escritos merecem estar no panteão das grandes e imortais obras. Para além disso, destaca-se ainda a facilidade com que conseguem desenvolver os enredos, que se desenvolvem de maneira ordenada, fluida e natural. Porém, como é de se esperar, uma das grandes dificuldades que o leitor irá enfrentar são os nomes das personagens.

Como a língua russa é totalmente diferente do português – não só dele, mas de outras idiomas com as quais estamos mais habituados como o inglês, o espanhol e o francês, por exemplo – isso cria grandes dificuldades para que possamos guardar, com certa segurança, o nome dos protagonistas e daqueles que têm alguma importância no enredo que está sendo contado. Diferentemente dos idiomas citados acima, o russo não descende do latim, e por isso mesmo é tão diferente. Além disso, os nomes das personagens costumam não ser pequenos, como Rodion Românovitch Raskólnikov (Crime e castigo), Dmitri Fiodorovitch Karamázov e Fiódor Pavlovitch Karamázov (Irmãos Karamázov) e Konstantin Dmitrievich Levin (Anna Kerenina), etc. Como se pode notar, todos possuem leitura e grafia complicadas para leitores do ocidente, o que resulta na dificuldade de sua apreensão.

Ariano Suassuna relata, em um dos muitos vídeos que se encontram disponíveis na internet (https://www.youtube.com/watch?v=n3wR5KzH1Pc), com o bom humor que sempre lhe foi característico, que quando foi escrever sua obra de maior sucesso, O auto da compadecida, foi interpelado por um outro escritor, seu conhecido, que lhe perguntou:

- Qual é o nome dos personagens principais?

- Chicó e João Grilo.

- E como é que vão traduzir isso?

- Eu sei lá rapaz. Eu sou escritor brasileiro. Eu escrevo pro meu país e pro meu povo...

Podemos inferir, logicamente, que os autores russos escreveram para a sua gente, e por isso os nomes são para nós tão complicados. Talvez se soubessem que suas obras fossem alcançar o sucesso que alcançaram, poderiam ter pensado em nomes mais simples e, portanto, mais fáceis de rememorar. Porém, elas perderiam um pouco do que há de mais característico nas grandes obras, a sua essência.

*Mestre e bacharel em Administração de Empresas, escritor amador e entusiasta da literatura

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